" PERECEMOS QUANDO NÃO CONHECEMOS E NEM ENTENDEMOS AS ESCRITURAS SAGRADAS" Parte 15
ENRIQUECENDO-SE COM A BÍBLIA – Parte 15
1.Tiramos proveito da Palavra quando aprendemos ali qual é o verdadeiro lugar das boas obras.
"Muitas pessoas, em seu afã de dar apoio à ortodoxia como um sistema, falam sobre a salvação mediante a graça e a fé de tal maneira que subestimam a santidade e a vida consagrada a Deus.
Mas as próprias Sagradas Escrituras não dão margem a isso.
O mesmo evangelho que declara que a salvação vem pela gratuita graça de Deus, através da fé no sangue de Cristo, e que nos termos mais fortes possíveis assevera que os pecadores são justificados pela justiça do Salvador, lançada na conta daqueles que nEle confiam, independentemente das obras, também nos asseguram que, sem a santificação nenhum homem jamais verá a Deus.
"Também ensinam que os crentes são purificados pelo sangue expiatório de Cristo; que os seus corações são limpos pela fé, a qual opera por intermédio do amor, a qual também vence o mundo; e que a graça divina que oferece a salvação a todos os homens também ensina que aqueles que a recebem devem negar a impiedade e as paixões mundanas, a fim de que vivam sóbria, justa e piedosamente neste mundo.
"E qualquer temor de que a doutrina da graça sofrerá alguma perda, devido a saliência dada às boas obras, com base bíblica, deixa transparecer o conhecimento inadequado e grandemente defeituoso da verdade divina; e qualquer manuseio das verdades bíblicas, a fim de silenciar o testemunho das Escrituras em favor dos frutos da justiça, como algo absolutamente necessário para o crente, é tão-somente uma perversão e uma idéia forjada no tocante à Palavra de Deus" (Alexander Carson).
Mas alguns indagam: "Que força tem essa ordenação ou mandamento de Deus, que nos recomenda as boas obras, se, apesar de não aplicarmos diligentemente nossos esforços para obedecer-lhe, ainda assim formos justificados devido à imputação da justiça de Cristo, e desse modo sermos salvos?"
Uma objeção tão sem sentido procede da total ignorância sobre o presente estado e das presentes relações do crente para com Deus. Supor que os corações dos homens regenerados não são tão profunda e eficazmente influenciados pela autoridade e pelos mandamentos divinos, para que se inclinem à obediência, tanto quanto tivessem sido dados para sua justificação, é ignorar a verdadeira natureza da fé, bem como os argumentos e os motivos que afetam e constrangem principalmente aos crentes.
Além disso, fazer tal objeção é perder de vista a conexão inseparável que Deus estabeleceu entre a nossa justificação e a nossa santificação. Supor que uma dessas duas verdades pode existir sem a outra é desfazer o evangelho inteiro.
O apóstolo Paulo trata exatamente dessa objeção, em Romanos 6:1-3.
2. Tiramos proveito da Palavra quando ali aprendemos a absoluta necessidade das boas obras.
Se por um lado está escrito que "... sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9:22), e que "... sem fé é impossível agradar a Deus... " (Hebreus I1:6), por outro lado a Escritura da Verdade também declara: "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12:14).
A vida que os santos desfrutarão nos lugares celestiais será tão-somente o término e a consumação daquela vida que, após terem sido regenerados, viveram nesta terra. A diferença entre essas duas fases não é de tipo, e, sim, apenas uma diferença de grau. "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito (Provérbios 4:18).
Se porventura alguém não tiver andado com Deus neste nível terreno, também não poderá habitar com Deus, lá nas alturas. Se não tiver havido real comunhão com Deus, dentro do tempo, não haverá comunhão com Deus na eternidade.
A morte física não produz qualquer transformação vital no coração. É verdade que, no caso dos santos, por ocasião da morte física, os remanescentes do pecado ficarão para sempre deixados para trás, mas nenhuma natureza nova lhes é conferida naquela ocasião.
Portanto, se alguém não odiou ao pecado e não amou à santidade, antes da morte, certamente não o fará depois.
Ninguém deseja realmente ir para o inferno, embora poucos sejam verdadeiramente aqueles que estão dispostos a abandonar aquela estrada larga que inevitavelmente termina ali.
Todos os homens gostariam de ir para o céu; mas quem, dentre as multidões de cristãos professos, está realmente disposto e resolvido a palmilhar por aquele caminho estreito que é o único que conduz até ali?
É neste ponto que podemos discernir o lugar preciso que tem as boas obras, em conexão com a salvação. As boas obras não merecem a salvação; mas estão inseparavelmente ligadas a ela. Não ganham um título de posse dos céus, mas se encontram entre os meios que Deus determinou para que Seu povo chegasse nos lugares celestiais.
Em sentido algum as boas obras são a causa eficiente da vida eterna; mas fazem parte dos meios (tal como são meios a operação do Espírito em nosso interior, o que nos confere o arrependimento, a fé e a atitude de obediência) que levam à vida eterna.
Deus determinou o caminho pelo qual devemos andar, a fim de chegarmos à herança que Cristo adquiriu para nós.
A vida de obediência diária a Deus é a única forma de vida diária que nos dá real admissão à fruição daquilo que Cristo comprou para o Seu povo – tanto a admissão agora, pela fé, como a admissão por ocasião da morte física, ou como a admissão quando de Sua Vinda, em sua total amplitude.