"CONHECENDO O OUTRO CONSOLADOR" Parte 2

19/08/2011 09:47

 ESPÍRITO SANTO – Parte 2



III – A Obra do Espírito Santo:


A personalidade e divindade do Espírito podem ser mais claramente vistas no estudo da sua obra. O que ele faz revela o que ele é. Há três fases distintas na obra do Espírito.


1.) Na revelação:

Isto já foi sugerido no estudo das Escrituras como a fonte e a autoridade em matéria de doutrina. Esta é porem, tão distintamente uma obra do Espírito, que deve ser mencionada aqui. É a função de fazer Deus e a sua vontade conhecida aos homens. Há três passos, na revelação, que merecem ser considerados.



(1) O primeiro passo é o dom da revelação. Isto o Espírito Santo faz por intermédio de homens especialmente escolhidos para a tarefa. “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (II Pe 1:21) Os profetas anunciavam as suas mensagens com a declaração “assim diz o Senhor”. E quando o povo os ouvia, sabia, pelo dom de autoridade e pelo poder com que falavam, que se tratava da mensagem de Deus.


Era com a sua presença e poder que Jesus falava, ensinava e operava. O Espírito desceu sobre ele no seu batismo, para demonstrar a completa aprovação que Deus dava ao seu ministério salvador; levou-o ao deserto para ser tentado, depois o levou novamente a Galiléia e acompanhou-o em todo o seu ministério, dando-lhe sabedoria para ensinar e poder para efetuar milagres. Assim temos nele o exemplo perfeito da vida governada pelo Espírito.
Jesus prometeu aos discípulos que o mesmo Espírito viria sobre eles, para dar-lhes sabedoria e conhecimento divino. Sabemos pelo livro de Atos, que o Espírito veio sobre eles em cumprimento da promessa e eles passaram a falar a palavra de Deus com poder. 


(2) O segundo passo na revelação é o registro da revelação de Deus. O registro e preservação das Escrituras foram obras do Espírito Santo. Esta é a nossa doutrina da inspiração. Ele escolhia homens para a tarefa, dava-lhes a mensagem e depois os guiava para escrevê-la. A unidade da Bíblia, a sua aplicação há todos os tempos, tanto como para a época em que foi dada, e o duplo elemento de revelação contido nela, revelando Deus ao homem e o homem a si mesmo, tudo indica que ela é a Palavra inspirada de Deus.


(3) A terceira fase da revelação como obra do Espírito está na interpretação das Escrituras. A dádiva da mensagem de Deus é usualmente chamada revelação, o registro dessa mensagem é usualmente chamado inspiração, e a obra do Espírito no guiar a interpretação é chamada iluminação. O mesmo Espírito é o agente em toda esta tarefa tríplice na revelação. Certamente necessitamos compreender novamente esta verdade, quando chegamos ao estudo da Palavra que ele inspirou.


2.) Com o não regenerado:


(1) O Espírito Santo ama os homens. Ele olha através das ruínas do pecado e vê a imagem de Deus que necessita ser restaurada. Como o Filho do Homem viera buscar e salvar aquele que estava perdido, assim o Espírito de Deus procura os perdidos, a fim de que a obra salvadora de Cristo possa ser realizada. Pensemos em Jesus chorando sobre Jerusalém, porque esta se negava a arrepender-se e recebê-lo. Temos aí um retrato do próprio Espírito. Ele se desgosta, muito alem do que podemos sequer imaginar, quando os não convertidos resistem e se negam a sua influencia.


(2) Ele testemunha de Cristo. Não basta ler ou pregar o Evangelho. Antes que a seara de almas possa brotar, o Espírito necessita abrir a mente e o coração dos não convertidos, a fim de que eles possam ver Cristo no evangelho. Ele é a luz que brilha em nosso coração e nos revela Cristo.


(3) Ele também faz que o pecador veja a sua natureza pecaminosa. O Espírito aplica a salvação ao indivíduo. Não sentimos necessidade de salvação enquanto não nos capacitarmos de que estamos sob a condenação do pecado e que necessitamos de uma libertação do pecado. O Espírito veio para nos ajudar a compreender esta verdade. “E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado.” Este é o seu trabalho principal no mundo de hoje: o de mostrar ao pecador a sua necessidade do Salvador. O aluno medita num problema de matemática, enquanto se encontra ao lado o professor, para guiá-lo. Ao passo que ele olha atenciosamente para o problema que se lhe apresenta no livro, o professor lhe mostra a solução a que deve chegar e guia seu raciocínio para que encontre essa solução. O aluno ouve o professor, enquanto olha para o problema. De repente diz: “Agora vejo”, e o problema é por ele resolvido. Coisa estranha é que os algarismos não mudaram e nada foi adicionado ou tirado do problema, porém o aluno viu tudo sob uma nova luz, graças à direção de um bom mestre. É assim que o Espírito trata com o homem perdido. Guia-o, fazendo-o ver sua pecaminosidade e necessidade de um Salvador; e a seguir, revela-lhe o Salvador de que ele necessita.


(4) O Espírito dá um passo adiante, e torna eficaz a obra salvadora de Cristo na vida de um perdido que clama a ele por salvação. O que Cristo efetuou na sua vida, morte e ressurreição redentora, torna-se real para nós por meio do Espírito. A expiação de Cristo é suficiente para todos, mas ela só se torna eficaz para o indivíduo quando ele se submete ao Espírito. A única redenção que salva é a união vital entre o pecador e o Salvador. Cristo tem que entrar em nossa vida e habitar conosco. Tem que encarnar-se em cada um dos seus seguidores. E somente então teremos o seu poder, graça e amor. Isto só se realiza por meio da presença do Espírito.


3.) Com o regenerado:


Que é que cremos a respeito da obra do Espírito na vida de cada cristão? Tendo-nos levado à experiência da graça salvadora de Cristo, o Espírito não nos abandona, pois que tem ainda uma grande obra a fazer de então por diante. Devemos saber bem o que é essa obra em nós, a fim de que ele possa executá-la perfeita e completamente.


(1) Primeiro que tudo, desperta em nós a consciência de pecado. Alguns cristãos parecem pensar que nada mais tem a ver com o pecado depois que se convertem. Talvez isto explique por que fracassam e não obtém uma vitória completa sobre ele. Uma vez convictos do nosso pecado e dispostos a vencê-lo, devemos considerar-nos em guerra aberta e permanente contra ele. Mais do que nunca, devemos estar vigilantes contra os ataques do nosso grande inimigo. E uma visão clara para distinguir os ataques é essencial à vitória. Aqui é onde o Espírito nos ajuda. Ele cultiva e intensifica em nós a consciência do pecado, a fim de que possamos vencê-lo.


(2) Não somente ele nos auxilia a ver o mal e o perigo do pecado, mas também nos dá força para vencê-lo. “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8:2). Até a nossa aceitação de Cristo, a lei do pecado para a morte reinava em nós. Mas quando nos entregamos a ele, o Espírito veio para livrar-nos da lei e para por uma nova lei em operação em nós. E ela é não somente uma lei perfeita de santidade, pela qual podemos aferir a nossa conduta, mas é igualmente uma força viva, a presença e o poder pessoal do Espírito de Deus em nós.


A consciência que temos de pecado, após a conversão, não é a mesma que tivemos antes. Então, era quase um desespero, quando pensávamos nas conseqüências do pecado, se lhe fosse permitido seguir o seu curso, porque Cristo abateu o reino do pecado. Agora o Espírito de Deus mora em nós para dar-nos o poder necessário àquela vitória. Se alguém diz que pode pecar livremente, uma vez que tem garantia de vitória, é porque não entende a natureza da obra do Espírito na vida do cristão. Ele nos dá segurança de vitória, mas ao mesmo tempo da-nos também um aborrecimento sempre crescente contra o pecado. Não é que nos assentemos e esperemos que ele nos dê a vitória, mas que ele nos leva a entender a verdadeira natureza do pecado, fazendo-nos ansiosos por combatê-lo, e acrescenta a sua força a nossa, a fim de tornar a nossa vitória possível. Em todas as nossas necessidades, ele é o nosso confortador.


(3) Ele é também o nosso mestre. O Espírito não pode ser mestre de um não regenerado. Tendo-nos, porém, submetido a ele e tendo com ele iniciado a luta contra o pecado, necessitamos, em seguida, ser ensinados quanto ao nosso novo modo de vida. Com o conhecimento, vem o poder. Precisamos saber mais de Cristo, mais de Deus, mais de nossa relação e responsabilidade para com ele, mas do seu plano para usar-nos na salvação do mundo. Todo este conhecimento se centraliza em Cristo, e nos é proporcionado por intermédio do Espírito Santo. Sua obra é levar os homens a conhecerem e honrarem a Cristo, “Ele testificará de mim”, disse Jesus.


A oração toma uma significação vital em nossa comunhão com o Espírito. Foi-nos ordenado que pedíssemos ao Pai o Espírito para tomar o lugar de mestre em nossa vida (Lc 11:13). Ele faz mais do que nós sonhávamos pedir. Intercede por nos e em nos! Quando mesmo nem sabemos pelo que orar, ele intercede por nós junto ao trono de Deus, enquanto o Espírito trabalha conosco na oração, levando-nos a orar, e auxiliando-nos na nossa fraqueza. O Espírito transforma a nossa vida numa vida de oração constante.


Ele também nos ensina o caminho do serviço, do dever e da alegria. O cristão pode e deve fazer a vontade de Deus em cada decisão da sua vida. Deus tem um plano geral para cada indivíduo. Não sabemos qual é, mas podemos sabê-lo. Alguns cristãos são guiados por sinais e ocorrências fora do comum, mas o meio normal pelo qual o Espírito nos guia é o estudo da Bíblia, a oração e a meditação. Este deve ser o nosso procedimento, ao enfrentarmos cada problema ou crise. Deve também ser uma parte do nosso programa diário. É o melhor modo de nos pormos de acordo com a vontade de Deus. Desde modo, damos nossa melhor atenção ao Espírito, deixamos que ele nos fale por meio da Palavra inspirada e deixamos que ele fale diretamente as nossas almas. Desde modo, damos o melhor de nosso pensamento ao assunto no qual procuramos ser guiados, e é somente quando empenhamos na oração o melhor do nosso pensamento que o Espírito nos pode guiar livremente.






IV – Conhecimento do Espírito Santo:


Este capítulo pode ser concluído com algumas afirmações concernentes a importância de nos relacionarmos com o Espírito. Não nos basta saber o que a Bíblia ensina a seu respeito, devemos conhecê-lo pessoalmente, para que a nossa comunhão com Deus seja real.


1.) Modos de conhecer o Espírito:


A maneira simples pela qual nós podemos familiarizar com o Espírito Santo é o estudo da Bíblia, a oração e a meditação. O cristão deve cultivar a presença do Espírito mais ou menos como cultivamos a amizade humana. Um desconhecido entra na vossa comunidade e vós, desejamos relacionar-vos com ele, que fazeis? Procurais visitá-lo em sua casa e falar com ele sobre coisas de interesse comum. Depois o convidais a vir a vossa casa, para mais estreitar os laços de amizade que se inicia. Ele, então, vos informa que acaba de receber um livro, e vós lho pedir para ler, a fim de lhe poderdes falar inteligentemente sobre o mesmo. Ele então, vos pede que o auxilieis numa tarefa em que está profundamente interessado. Enquanto trabalhais juntamente com ele, chegais a conhecê-lo intimamente. É assim mesmo que vos podereis relacionar mais intimamente com o Espírito. Vamos a Igreja, que é a sua casa, depois convidamo-lo a vir a nossa. Estudamos o seu livro e sobre este falamos com ele. Depois o acompanhamos na execução de uma tarefa na qual ele está empenhado. É assim que chegamos a conhecê-lo.


2.) Obediência:


O outro passo que temos a dar, depois de conhecê-lo, é fazer aquilo que sabemos ser a sua vontade. Não duvidemos da direção divina em nossa vida enquanto não fizermos as coisas que estão muito claramente postas diante de nós. Pode ser que a causa de não termos experimentado uma direção definida e individual do Espírito reside em algum pecado inconfessado na nossa vida ou que temos deixado de fazer o que ele tem dito na Sua Palavra que todo cristão deve fazer. Tudo isto quer dizer que temos de cultivar a comunhão do Espírito, vivendo uma vida tal que ele a possa governar.
Conta o Dr. Torrey, em um de seus livros, a seguinte ilustração:


“Em uma das nossas cidades do interior, um poço ficou inutilizado por muitos meses, porque foi lançado dentro dele um tapete velho, quando porém, o tapete foi tirado, afluiu fresca e clara a água revigorante. Há muitos crentes nas igrejas hoje que conheceram no passado a incomparável alegria do Espírito Santo, mas nos qual algum pecado ou conformidade mundana ou de desobediência, de que estão mais ou menos conscientes diante de Deus, tem-se tornado um impedimento. Arranquemos todos os trapos que impedem o fluxo da fonte, para que dela brote de novo a água limpa que salta para a vida eterna”.


Alguns dizem que isto de ser alguém dirigido pelo Espírito Santo em tudo é um mistério. Sim, é um mistério, como qualquer contato da vida humana com Deus. Não obstante, é uma coisa comum na vida cristã. O rádio é um mistério; não obstante, por meio dele ouvimos lindas musicas, com as quais nos deliciamos. Sabemos alguma coisa a respeito do rádio, mas há muito mais que não sabemos. Assim é também com o Espírito Santo de Deus. Conquanto não possamos explicar a sua natureza e obra, podemos beneficiar-nos com o seu poder e sabedoria, pela comunhão com ele. Sigamos a luz que temos, e mais luz nos será dada.

Conclusão:

Usai os ensinos das Escrituras, procurando a direção do Espírito, e eles serão suplementados conforme o exijam as vossas necessidades. A razão por que pensamos ser a comunhão com o Espírito coisa muito misteriosa para ser posta em pratica é que nós a temos negligenciado, quando devíamos cultivá-la. Não há maior necessidade entre os cristãos de hoje. Necessitamos render-nos ao Espírito, procurar o seu conselho, obedecer a sua voz ama-lo e procurar entender as suas relações conosco, se quisermos de algum modo ajustar-nos ao padrão do cristianismo.



Tendo entrado nesta experiência de graça por meio do Espírito, devemos lembrar-nos de que a sua obra não será completa em nos enquanto ele não nos puder usar para atingir outros. Como a luz radiante da lâmpada elétrica é uma evidencia da eletricidade, assim também o cristão exibe a presença do Espírito dentro de si mesmo. E agora a luz que aponta o caminho a Cristo brilha por meio de nós e aponta o caminho aos outros que andam errando nas trevas do pecado.

 

Então irmãos, dai Glória a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo para todo sempre!

 

Amém!