Apologética

 

          As seitas e a manipulação mental

                

As seitas não são apenas um fenômeno escatológico, mas social. Elas destroem vidas, causam anomalia social e transtornos psicológicos irreversíveis. Estamos diante de um fenômeno sócio-espiritual que cresce a cada dia de modo alarmante. Nossa época, e o tipo de sociedade em que nós vivemos, possibilitam aos mais diversos grupos religiosos proliferarem suas ideias, doutrinas e visão de mundo entre nós. Quem são eles? Qual o maior perigo que eles representam para a Igreja e para a sociedade em geral? Diante do caos religioso instalado em nossa “era pós-moderna” é justo que todo estudioso das seitas faça algumas perguntas. Dentre elas podemos destacar as seguintes:

1º O que faz uma pessoa aderir a uma seita?

2º Pessoas se juntam as seitas ou elas são recrutadas?

3º Pessoas são recrutadas por uma mensagem ou por um método?

As respostas não são tão simples assim. Não existe apenas um fator determinante que seja responsável pela explicação. O sociólogo Edgar Morin, afirma que o homem é um ser complexo. Esta complexidade é formada por fatores tais como: cultural, social, psicológico etc.

Paulo alerta os crentes para o fato de não sermos enganados por artimanhas filosóficas mundanas nos seguintes termos: “Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl. 2.8).

I – QUAL O PERFIL PSICOLÓGICO DE UM LÍDER DE SEITA?

Agostinho, o bispo de Hipona, no século V já afirmava: “Não penses que as heresias são produto de mentes obtusas. É necessário uma mente brilhante para conceber e gerar uma heresia. Quanto maior o brilho da mente, maiores suas aberrações”.

Geralmente, o líder da seita é dotado de carisma, magnetismo irresistível, aparência de vencedor, demonstrando grande entusiasmo pela causa que defende ou pelo produto que vende. O poder de convencimento do líder vem por meio do carisma, que pode ser alguma habilidade especial ou divina. Esse carisma é em parte construído pelos adeptos, pois o discurso do líder vai ao encontro dos anseios e necessidades do adepto. O líder sabe que tem a solução para aquele anseio e convence o adepto a aceitá-lo.

II – TÉCNICAS DE RECRUTAMENTO

2.1 – A técnica do Atalho Mental

Somos, de certa forma, programados culturalmente e biologicamente com certa carga de informações pressupostas. Alguns atalhos mentais podem ser criados, enquanto outros já estão na nossa mente, instalados pela nossa sociedade e prontos para serem usados. Exemplos: beleza, cor, sexo, vestimenta, amabilidade, autoridades etc.

2.2 – A técnica da Reciprocidade

É uma subdivisão do atalho mental. A maneira como esta regra funciona é a seguinte: se alguém faz a você um favor, você deve a ele um favor em retribuição. Resultado gerado: constrangimento e culpa.

III – O CONTROLE PÓS-CONVERSÃO

“Uma pessoa modifica o comportamento de outra mudando o mundo em que esta vive” (B. F. Skinner. Sobre o Behaviorismo. São Paulo, Cultrix, 1982. p.55).

Definindo os termos, o que significa ‘modificação do comportamento’? “Trata-se de estabelecer uma correspondência entre ‘recompensas ou castigos pelas ações realizadas’“

3.1 – Controle Psicossocial: O Big Brother das Seitas

3.1.2 – Técnicas de Manipulação Mental

A Enciclopédia de Psicologia define manipulação como: “O gerenciamento e a direção dos seres humanos pelo uso hábil de seus desejos e qualidades, com o propósito de controlá-los com fins sociais, científicos ou políticos, contrários as suas próprias escolhas”. Tipos de controle:

1) Controle do comportamento

2) Controle do Pensamento

3) Controle dos sentimentos

4) Controle da informação

3.1.3 – Controle do Comportamento

É efetuado mediante uma seleção comportamental, isto é, a seita seleciona a vida pessoal do adepto (biológica e social) por meio de controles e/ou restrições.

a) Controle físico – a comida, a roupa, o aspecto físico, o sono;

b) Controle social – tipo de trabalho, tipo de cursos, tipo de amizades, seleção familiar;

c) Controle ocupacional – Nas seitas há sempre algo para fazer. Cada seita tem sua série de comportamentos e tarefas que os adeptos devem cumprir.

3.1.4 – Controle Mental

O que é controle mental? “o controle mental procura nada menos do que desfazer a identidade original de um indivíduo – comportamento, pensamentos, emoções – e reconstruí-la na imagem do líder da seita. Isso é feito controlando, rigidamente, a vida espiritual, física, intelectual e emocional do membro. O controle mental da seita é um processo social que encoraja obediência, dependência e conformidade. O processo desencoraja autonomia e individualidade, ao imergir os recrutados num ambiente que reprime a livre escolha. O dogma do grupo torna-se a única preocupação da pessoa” (Steve Hassan, ex-adepto da Igreja da Unificação do rev. Moon). Essa etapa inicia-se quando é bloqueado o censo crítico da pessoa. O bloqueio se dá pelo seguinte processo:

a) Aprendizagem de uma linguagem própria (clichês);

b) Entoação de mantras, canções, meditações;

c) Doutrinação exaustiva;

d) Atividades constantes: “O objetivo agora é que o grupo pense por eles”;

3.1.5 – Os Clichês e Respostas Preparados Introduzem Preconceitos Mentais

a) Testemunhas de Jeová: Lampejos de luz – verdadeira felicidade, cristandade etc. “Evite ideias independentes… Como se manifestam tais ideias independentes? Um modo comum é questionar o conselho provido pela organização visível de Deus” (A Sentinela de 15/07/1983, p. 22).

b) Igreja Adventista Sétimo Dia: Igreja Remanescente – espírito de profecia – Babilônia a Grande, verdade presente etc. “As seitas destroem a mente por completo. Elas destroem a sua habilidade de questionar as coisas, e ao destruir a sua habilidade de pensar, destroem também a sua habilidade de sentir”.

c) Mórmons: “Um dos primeiros passos da apostasia é procurar imperfeições em seu bispo… Não demora para que a pessoa se afaste da Igreja, e esse é seu fim. Vocês, por acaso, estarão entre os que procuram imperfeições em seu bispo?” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja – Brigham Young, p. 81).

d) Seicho-No-Iê: “Quando o superior tem absoluta autoridade sobre o subordinado e este segue o superior com a obediência total, realizar-se-á aí a ‘vontade de Deus’” (Seicho-No-Ie).

e) Igreja da Unificação: “Eu sou um pensador. Eu sou seu cérebro” (Rev. Moon).

3.1.6 – Controle dos Sentimentos

Isto permite manipular os sentimentos da pessoa:

a) Medo Externo – criando um inimigo externo.

b) Medo Interno – temor em deixar o grupo.

c) Culpa – por não se enquadrar dentro das regras internas (senso de utilidade).

3.1.7 – Controle da Informação

a) Privação de senso crítico interior (exegese bíblica e algumas literaturas do grupo proibidas);

b) Privação de informações exteriores (contato com literaturas religiosas e ou seculares).

3.1.8 – Qual o Resultado Final Alcançado com este Controle?

“O controle de outras pessoas, aprendido desde muito, cedo vem por fim a ser usado no autocontrole e, eventualmente, uma tecnologia comportamental bem desenvolvida conduz a um autocontrole capaz” (B. F. Skinner. Sobre o Behaviorismo. São Paulo, Cultrix, 1982. p.55).

Conclusão

A única maneira de não sermos enganados por líderes manipuladores é aprendermos a nos render somente a Jesus Cristo, conhecer profundamente a Palavra de Deus, e procurarmos utilizar as ferramentas que a apologética coloca diante de nós, para reconhecermos e então combatermos de modo eficaz os erros de líderes ávidos por poder e controle.

 

                              O batismo é soteriológico?

                                    

A religião de tendências sacramentalistas é um remanescente das religiões pagãs misteriosas, que tinham “ritos mágicos” através das quais seriam transmitidos tanto um conhecimento superior como o favor dos deuses.

No Cristianismo, entretanto, não existe qualquer coisa como “ritos mágicos”. No que concerne à doutrina do batismo regeneracional precisamos considerar essa mensagem como outro evangelho (2Co. 11:4; Gl. 1:8-9).

1. O Batismo Salva?

Resposta: Franca, categoricamente e absolutamente, não. Nem salva, nem ajuda salvar, nem preserva a salvação. Batismo é ato de justiça, pois Jesus afirmou em Mt. 3:15 “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça”. Em Tt. 3:5 Paulo afirma: “Não por obras de justiça que houvéssemos praticado, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela regeneração e a renovação do Espírito Santo”. O batismo é certamente uma boa obra, mas Ef. 2:8, 9declara enfaticamente que a salvação é anúncio da misericórdia de Deus e não por obras: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se glorie”.

2. Se o Batismo Não Salva, Como Então Podemos Ser Salvos?

Resposta: A leitura de At. 16:30-31indica que somos salvos por crer em Cristo. Nada mais podemos fazer para nossa salvação (Rm. 3:28).Concluímos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. O crer de que falam as Escrituras não deve ser confundido com um mero assentimento intelectual. A verdadeira fé significa confiança, inteira confiança (Tg. 2:14-26), esta verdadeira fé produz bons frutos. Para mais pesquisa sobre o meio de salvação, temos as seguintes passagens: Jo. 3:16; Rm. 1:16-17;3:20-28; 4:1-8; 5:1; 6:23; 8:30; Gl. 2:16-21; 3:2; 3:10-24; Ef. 2:8-10; Tt. 3:5-7; 1Pe. 1:2-9. Somos salvos pela graça através da fé. Somos justificados pela fé sem as obras da lei, Rm. 8:30; 1Pe. 1:9.

3. Para Quem É o Batismo?

Resposta: Unicamente para os que se arrependerem dos seus pecados e crerem no Salvador – Mc. 1:4-5; 16:16; At. 2:41; Ef. 4:5. Há uma fé antes do batismo (Hb. 6:2; At. 8:12; 10:47; Gl. 3:26-27), onde a fé traz regeneração e o batismo é o revestir do recém-nascido em Cristo, sua profissão pública da filiação que a fé salvadora lhe trouxe. O batismo bíblico é o batismo de crentes.

4. O Batismo Regenera?

Resposta: É vil superstição que invadiu o cristianismo, com a onda do paganismo e de sua filosofia, que produziu a Idade das Trevas. Todas as corrupções do romanismo nasceram da fonte original da ideia da regeneração pelo batismo.

5. Se o Batismo Não Salva, qual É o seu Valor e Significado?

Resposta: É o valor da obediência do crente ao seu Salvador e Senhor. É o testemunho dos grandes atos da sua redenção. É o valor do amor a Cristo — guardar as suas palavras (Jo. 15:14; Mt. 28:19).

Examinaremos as referências bíblicas apontadas por aqueles que afirmam ser o batismo necessário para a salvação e procuraremos interpretar o verdadeiro sentido dessas passagens bíblicas. Veremos que o Novo Testamento ensina que a salvação é estritamente pela graça através da fé, sem o batismo:

a) MATEUS 28:19-20: “Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.

Comentário: Temos o mandamento de Cristo que ordena ensinar (o sentido correto no grego é “fazer discípulos”) de todas as nações e, como parte do ensinar, batizar os que se convertem. Logo, batismo é parte de “fazer discípulos”. Entretanto, isto não significa que o batismo é necessário para a salvação. Se o mesmo mandamento que ordena que o batismo é essencial para a salvação, por uma interpretação coerente do contexto, poderíamos também dizer que a obediência a todos os mandamentos de Cristo se tornam necessários para a salvação. A Bíblia ensina que todos, inclusive os cristãos, são pecadores (1Jo 1:8-10). Se é assim, então, devemos admitir que se não obedecermos a todos os mandamentos de Cristo não poderemos ser salvos, a não ser que outros ensinem o contrário, que os que não se batizarem podem ser salvos.

b) MARCOS 16:16: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”.

Comentário: Enquanto a primeira cláusula afirma que todo o que crê e for batizado será salvo, não afirma que aquele que não crê e não for batizado não será salvo. Em outras palavras, a cláusula não exclui qualquer grupo, enquanto afirma que um grupo será salvo, textualmente, aqueles que creem e forem batizados. Mas a segunda cláusula nega um grupo: os que não creem serão condenados. Não há negação acerca do grupo daqueles que creem, mas há acerca dos que não são batizados. Assim, enquanto o texto, como um todo, ensina que a fé é essencial para a salvação, não diz o mesmo com respeito aos que não são batizados. Isto se toma claro em Jo. 3:18,36. Estas passagens mostram que as pessoas que creem em Jesus não são condenadas, tenham ou não sido batizadas. E mostra que alguém é condenado por não crer. A salvação é condicionada à fé em Cristo, e apenas pela fé (Ef. 2:8-9). O batismo é um ato de justiça, pois Jesus assim o afirmou em Mt. 3:15 “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Em Tt. 3.5 se lê “Não por obras de justiça que houvéssemos praticado, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela regeneração e da renovação do Espírito Santo”.

c) LUCAS 23:43: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.”

Comentário: Seria o ladrão um discípulo de Jesus, anteriormente batizado, e agora cumprindo seus deveres para com a sociedade pelos crimes cometidos antes da sua conversão?

A resposta, certamente é não, e isto pelo que está escrito em Mt. 27:41-44: “E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é Rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados”. É possível admitir-se que um discípulo de Jesus fizesse coro com os demais na zombaria que lançavam sobre Jesus?

d) JOÃO 3:5: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”.

Comentário: Até a ocasião em que essas palavras foram proferidas, o batismo ainda não havia sido instituído por Jesus. Assim, seria bem impróprio para Nicodemos entender que “nascer da água” significasse ser batizado. Jesus repete-lhe frequentemente o que deve fazer para receber o novo nascimento – Jo 3:14-18 – a fé na Pessoa de Cristo. A “água” simboliza a Palavra de Deus (1Pe. 2:2; Tg. 1:18; Ef. 5:26). E para que a Palavra tenha atuação em nossa vida é preciso que o Espírito Santo atue no coração, convencendo-nos do pecado da incredulidade na Pessoa de Jesus (Jo. 16:7-9,13-14). O novo nascimento é nascer do Espírito. Jesus disse isso a Nicodemos, que era velho e culpou-o por não entender a doutrina do novo nascimento, pelo Velho Testamento, do que era mestre Logo, não se trata de batismo, porque batismo não é assunto tratado no Velho Testamento. Mas a regeneração é, como lemos em Jr. 31:31-34, Ez. 18:31; 36:26-27).

e) ATOS 2:38: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”.

Comentário: Um estudo meticuloso da gramática grega revela que é o arrependimento, não o batismo, que traz a remissão dos pecados. “Arrependei-vos…” Essa é a principal exigência para que haja perdão de pecados, e com o arrependimento tem início a conversão, que é o primeiro passo da regeneração (At. 3:19; 8:22).

O perdão dos pecados:

é conferido por Deus – Mc. 2:7;

está alicerçado sobre a expiação pelo sangue de Cristo – Hb. 9:22, Ef. 1:7;

é dado por meio de Cristo – Lc. 1:69-77.

No texto grego se lê “arrependei-vos [plural] e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados”. Isto torna claro que a “remissão dos vossos [plural] pecados” é o resultado do arrependimento ou arrependei-vos [plural], e não de cada um ser batizado. O mandamento de ser batizado é dado no singular, na terceira pessoa: os pecados apagados pertencem a “vós” no número plural da segunda pessoa. Éimpróprio pois referir-se “a remissão de pecados” ao “batismo” como sua causa, pois isto significaria que cada um foi batizado para remissão dos pecados de todos os presentes. Receber o “batismo” como causa de remissão dos pecados levaria o texto bíblico a dizer “Cada um seja batizado para remissão dos vossos pecados” (At. 2:38), pois não significa que o povo fosse batizado no propósito de ser salvo, mas porque era salvo por haver crido e se arrependido.

f) ATOS 10:48: “E mandou que fossem batizados em nome do Senhor”.

Comentário: Todos estamos de acordo com o mandamento de Jesus para batizar-nos e sua negligência é pecado, mas algumas pessoas advogam que a falta do batismo é pecado imperdoável, desde que não se pode ser salvo sem ser batizado. Este acontecimento serve de ótima ilustração sobre a falsidade da doutrina dita “regeneração batismal”, porquanto esses crentes se converteram totalmente, tendo sido batizados com o Espírito Santo de forma notável, inteiramente à parte de qualquer rito externo, incluindo o batismo em água.

A mensagem de Pedro começa em At. 10:34, quando é interrompida pelo cair do Espírito Santo e eles se tornam cristãos (Jo. 14:17; 16:7-9,13,14; 1Co. 12:3), então eles foram batizados. A ordem dos acontecimentos: Cornélio ouviu a mensagem de Pedro; ele creu;

Deus respondeu à sua fé dando-lhe o Espírito Santo; finalmente, foi batizado nas águas.

g) ATOS 22.16: “E agora por que te deténs? Levanta te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor”.

Comentário: Temos a passagem paralela em At. 9:17-18. A expressão usada por Ananias “lava os teus pecados…” não pretende indicar que o batismo nas águas pode fazer tal coisa, porquanto isso seria contrário a todo o ensino bíblico e paulino sobre a utilidade do batismo nas águas. (Hb. 9:22; Ef. 1:7; 1Jo. 1:7; Ap. 1:5).

O batismo nas águas é um sinal de uma importante obra espiritual, operada pelo Espírito Santo, e é exatamente essa atuação do Espírito que é simbolizada por esse rito externo. A verdade simbolizada é que tira o pecado, ao passo que o batismo em água meramente serve de “sinal” externo a esse respeito. É a operação íntima do Espírito Santo que purifica o homem, que o transforma segundo a imagem de Cristo, e jamais o ato de ser ele imerso em água. Houve entre os cristãos primitivos, vindos do judaísmo, a noção equivocada de que a circuncisão era necessária para a salvação dos homens (At. 15:1-5), mas o Concílio de Jerusalém repudiou tal ideia. Em lugar da circuncisão, os sacramentalistas modernos, e dos séculos que se passaram desde o Concílio de Jerusalém, têm exaltado o batismo em água. A remissão dos pecados é obtida exclusivamente mediante a fé no Senhor Jesus (At. 10:43); mas visto que o batismo em água é o símbolo visível disso, tanto aqui como noutras passagens, é naturalmente transferido do ato íntimo da fé para aquilo que o proclama pública e formalmente.

h) ROMANOS 6:3-4: “Ou não sabeis que todos quantos foram batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”.

Comentário: O batismo em água representa, em simbolismo vívido, os dois principais aspectos da nossa união espiritual com Cristo, a união em sua morte (a descida para água, como se fora um sepulcro); e a união em sua vida nova (a saída da água, como se fora uma vida nova), que escapa do sepulcro. O grande sacramento do judaísmo era a circuncisão; e Paulo a equipara, de modo geral, com o batismo cristão em Cl. 2:11-12. Contudo, em Rm. 2:28-29 mostra-nos que o sinal externo, o ato físico, não é a verdadeira circuncisão. Da mesma forma, o batismo em água não é o batismo real, embora certamente seja seu símbolo, tal como a circuncisão física era o sinal da operação espiritual.

i) 1CORÍNTIOS 1:14-17: “Porque Cristo enviou-me, não para banzar, mas para evangelizar, não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã”.

Comentário: A atitude de Paulo mostra-nos que ele jamais poderia ter ensinado a falsa doutrina da “regeneração batismal”, porquanto não teria subordinado sua prática, no que diz respeito as suas ações pessoais, se porventura acreditasse que o batismo constitui parte integrante da salvação. O versículo acima é especialmente convincente a esse respeito, porquanto aí se separa especificamente o batismo em água do Evangelho. Lemos que ele fora enviado para pregar o evangelho e não para batizar. Por conseguinte, ninguém pode dizer que Paulo cria que o batismo em água é necessário para a salvação; pois isso faria do batismo em água, automaticamente, parte da mensagem do Evangelho, como porção muito importante do mesmo, paralelamente ao arrependimento, a fé, a regeneração, a glorificação. No entanto, Paulo separa o batismo da salvação, por ter sido enviado a pregar o Evangelho e não para batizar. A posição que Paulo relega aqui ao batismo em água não significa que ele julgasse não ter a mesma importância. Entretanto, quis mostrar, nestes versículos, que distinguia tal batismo do Evangelho. E isso, por sua vez, significa que o batismo em água não pode ser encarado como parte integrante da salvação ou regeneração.

j) CORÍNTIOS 10.2: “E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar”.

Comentário: O batismo pode ser simbolizado com a caminhada dos israelitas quando passaram pelo Mar Vermelho ao dizer Paulo que foram “batizados em Moisés, na nuvem e no mar”. E diz Paulo que “beberam todos duma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia, e a pedra era Cristo”. Isto mostra que o batismo de Moisés era simbólico como meio de identificação com Cristo: comeram dum mesmo manjar espiritual” (1Co. 10:3-4). Eles foram identificados com Cristo. Paulo usa o batismo como símbolo de identificação. A travessia do Mar Vermelho foi um batismo de Israel na nuvem e no mar. O mar era o caixão – águas em redor, e por cima a nuvem era a tampa do caixão. Israel ficou sepultado nesse caixão simbólico, morto para a velha vida do Egito e ressuscitado para a novidade da sua peregrinação, em lealdade a Moisés, tipo de Cristo, o Legislador único do seu povo (1Co.10:2).

k) CORÍNTIOS 15:29: “Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?”

Comentário: Para aquele que crê no batismo pelos mortos, uma pergunta deve ser feita: Você crê que Paulo tenha praticado o batismo pelos mortos? Outra pergunta: Se Paulo acreditava no batismo pelos mortos e o praticava, por que usou o pronome eles em lugar de nós que nos batizamos…? Se Paulo acreditava no batismo pelos mortos e o praticava, por que usou um pronome que o excluía e também aos crentes a quem estava escrevendo?

l) COLOSSENSES 2:11-12: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mãos no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos”.

Comentário: Paulo iguala o batismo espiritual à circuncisão espiritual. Como agente de salvação, o batismo em água não tem mais poder que a circuncisão física. Ambas essas realidades físicas são apenas “símbolos” (mas não parte da essência) do novo pacto. A realidade é simbolizada pelo batismo em água. Trata-se da identificação com Cristo, em sua morte e ressurreição, e, portanto, deriva benefícios de tudo que está envolvido naquelas experiências de Cristo (Rm. 6:3).

m) TITO 3:5: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”.

Comentário: Este texto é referido como prova de regeneração batismal. Em Hb. 10:22 está dito que a regeneração, a limpeza de uma má consciência, é decorrente da lavagem ou do derramar do sangue de Cristo. Apocalipse 1:5 torna isto perfeitamente claro. que a lavagem do pecado é feita pelo sangue de Cristo e não pelas águas do batismo. O escritor de Hebreus mostra-nos que as cerimônias externas não transformam o coração (Hb. 9:13-16). Não poderia ele contradizer a si mesmo pelo ensino que a lavagem do corpo em água pura é acompanhada da limpeza interior da alma. O aspergir do sangue de Cristo tem sua figura no Antigo Testamento, nos trabalhos sacerdotais através do aspergir do sangue dos sacrifícios. Comparar Lv. 8:22 com Hb. 9:12. Na expressão “pela lavagem da regeneração” há uma alusão secundária ao batismo em água. As palavras de Paulo seriam totalmente desvirtuadas se imaginássemos que tal batismo pode servir realmente de meio de salvação. Isso significa que apesar de o batismo em água servir de ato simbólico, a verdade simbolizada é a operação de convencimento do Espírito Santo, que nos transforma segundo a imagem moral de Cristo e assim nos purifica a alma. E esse é o batismo que salva, e não o batismo em água. O batismo em água nada transforma. A graça simbolizada pelo batismo é que limpa e purifica. Aqueles que pensam que o batismo regenera, nem conhecem as Escrituras e nem conhecem o poder de Deus; portanto erram grandemente. O Espírito Santo é que opera a renovação; e o homem se submete ao batismo em água após o novo nascimento, como quadro simbólico daquela operação diante dos olhos dos homens.

n) 1PEDRO 3:18-21: “Que também como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo.”

Comentário: O v. 21 acima tem servido erroneamente para apoiar a doutrina da “regeneração batismal” Antes, segundo transparece do próprio versículo, é o batismo espiritual ou a regeneração que está em vista, isto é, aquilo que é simbolizada pelo batismo e não o ato literal do batismo. Aquilo que nos serve de agente da salvação não é a água que remove as impurezas externas, mas a “boa consciência” que indica pureza interna. Não devemos confundir o “sinal externo” e a “coisa simbolizada”. O “sinal externo” é a água literal. A “coisa simbolizada” é aquilo que o Espírito Santo faz por nós, transformando-nos segundo a imagem de Cristo e dando-nos, desse modo, a sua imagem moral santa.

Na realidade há o “batismo interior” em que o Espírito opera e transforma. Esse é o verdadeiro batismo, o qual não se repete (Ef. 4:4-6). O batismo em água não salva e nem purifica, tal e qual sucedia à circuncisão externa. Contudo, os judeus pensavam, erroneamente, que a circuncisão contribuía para a salvação (At. 15:1-5). Não é assim, Paulo replica, somente a operação íntima do Espírito Santo tem tal propriedade (Rm. 2:28-29). O batismo que salva não é aquele que se aplica “externamente” na carne. É o que é aplicado pelo Espírito Santo “internamente”.

 

                                           Não preciso estudar a Bíblia… Será?

                                                 

Existe no Brasil uma igreja com expressivo número de membros, que por questão de ética o signatário irá se esquivar da responsabilidade de nominá-la, a qual é terminantemente contra o estudo da Bíblia. Sua liderança alega e seus membros compartilham do mesmo pensamento, que o Espírito Santo é quem ensina todas as coisas, e, portanto, segundo eles, o exame minucioso das Sagradas Escrituras em forma de estudo é terminantemente desnecessário. Lamentavelmente, este também é o pensamento de alguns cristãos que estão listados no rol de membros de nossa denominação.

É bem verdade que o Espírito Santo de fato orienta nossa vida de forma ampla. Inclusive, é ele quem nos direciona pelo caminho da verdade, quem nos consola diante dos dissabores inerentes a esta vida terrena, quem nos concede dons, etc., entretanto, apegar-se a estes fatos ou a algum texto bíblico isolado e extraído fora de seu contexto para em autodefesa justificar a negligência pessoal em relação ao estudo e meditação acerca das Sagradas Escrituras, parece ser algo que não passa pelo crivo da própria Palavra de Deus. Logo, o mesmo Espírito que nos “ensina todas as coisas” é o mesmo que nos faz lembrar daquilo que lemos e estudamos.

“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e VOS FARÁ LEMBRAR de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26 – grifo do autor).

O texto supra é muito claro, tanto é que logo após o trecho “…vos ensinará todas as coisas…” o evangelista acrescenta as seguintes palavras: “…vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Destarte, com relação ao fato de o Espírito Santo ensinar “todas as coisas”, além de referir-se aquilo sobre o qual os discípulos seriam ensinados após a ascensão de Cristo (1 Coríntios 11.23ª), por inferência, muito provavelmente o escritor sacro estivesse aludindo também ao evento que muito tempo depois o reformador e monge agostiniano Martinho Lutero viria chamar de “clareza interna das Escrituras”.

Segundo o reformador, a “clareza externa” é possibilitada a todos por meio do simples conhecimento gramatical do texto, contudo, a clareza interna é facultada somente a quem possui o Espírito Santo, sem o qual, se torna impossível a compreensão dos mistérios ali revelados (Marcos 4.11,12; Lucas 8.10), visto que a Bíblia não é um livro qualquer da literatura popular. Logo, para interpretarmos corretamente a Bíblia, precisamos evidentemente, da iluminação da mente proporcionada pelo agir do Espírito de Deus, contudo, este evento não exclui o processo de estudo, mas acontece por meio dele, fato evidenciado a luz de todo o contexto bíblico (Deuteronômio 6.6-9; 11.18-21; 17.19,20; Neemias 8.7,8; Atos 8.30-35; Romanos 12.7; 15.4; 1 Timóteo 4.13).

É necessário observar ainda que, o Espírito Santo não apenas “ensina” conforme já foi explanado anteriormente, mas também nos fará “lembrar de tudo”, principalmente daquilo que está escrito (João 12.16). Assim, antes de prosseguir com o raciocínio em questão, é necessário fazer breve consideração sobre o significado do verbo “lembrar”. De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss, lembrar é “trazer algo à memória, recordar”. Destarte, cabe acrescentar que só podemos trazer à memória ou recordar, aquilo que de antemão conhecemos. Não há como nos lembrarmos de algo que nunca tenhamos visto, ouvido ou lido. Ou, por acaso, você é capaz de lembrar de um lugar no qual nunca tenha ido? É óbvio que não. Assim também esta assertiva é verdadeira em relação ao conteúdo bíblico, isto é, só poderemos lembrar daquilo que em outro momento nos foi oportunizado conhecer.

Deste modo, objetivando fortalecer a ideia de que o exame, análise e estudo da Palavra de Deus é algo incentivado e orientado pela própria Bíblia, analisemos o clássico Salmo de número 1:

Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e NA SUA LEI MEDITA DE DIA E DE NOITE. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará. (Salmo 1.1-3 – grifo do autor).

A questão é: como meditar sem conhecer? Aliás, meditar em que, se não houve leitura, logo, conhecimento prévio? Meditar significa estudar e ponderar a respeito do conteúdo de alguma coisa através de profundas e longas reflexões. De modo resumido e em paráfrase, este é o conceito apresentado pelos dicionários de língua portuguesa para o vocábulo “meditar”.

Vejamos mais algumas passagens bíblicas que fundamentam o teor deste raciocínio:

Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o CONFORME A TUA PALAVRA. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. ESCONDI A TUA PALAVRA no meu coração, para eu não pecar contra ti. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos. Com os meus lábios declarei todos os juízos da tua boca. Folguei tanto no caminho dos teus testemunhos, como em todas as riquezas. MEDITAREI NOS TEUS PRECEITOS, e terei respeito aos teus caminhos. Recrear-me-ei nos teus estatutos; NÃO ME ESQUECEREI DA TUA PALAVRA (Salmo 119.9-16 – grifo do autor).

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que MANEJA BEM A PALAVRA DA VERDADE(2 Timóteo 2.15 – grifo do autor).

Persiste em LER, EXORTAR e ENSINAR, até que eu vá (1 Timóteo 4.13 – grifo do autor).

Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os LIVROS, principalmente os pergaminhos (2 Timóteo 4.13 – grifo do autor).

Observe que Paulo, um dos maiores nomes do período neotestamentário, era um homem sábio e um exímio escritor/leitor/estudante. Perceba que nas epígrafes textuais supracitadas, além de escrever sobre a necessidade que há de os obreiros manejarem bem a Palavra da Verdade e de orientar o jovem pastor Timóteo a persistir na leitura, exortação e ensino, ele demonstra clara preocupação com os seus “livros”.

Certa feita, perguntaram para um sábio homem de Deus: “O que é mais importante: ler a Palavra de Deus ou orar?’. Ele sabiamente respondeu: “O que é mais importante para um pássaro, a asa da direita ou a da esquerda?” (A. W. Tozer)

Portanto, negligenciar o estudo da Bíblia em defesa de uma suposta “espiritualidade”, que se jacta ao ponto de abrir mão do conhecimento bíblico, é algo tão ignorante quanto dizer que 1 + 1 é igual a 3. Isto pode ser algo tão antropocêntrico quanto à tentativa de colocar-se no lugar de Deus, afinal de contas, o Eterno nos deixou sua palavra para nosso ensino, repreensão, correção e educação na justiça a fim de sermos habilitados para toda boa obra.

Não obstante, já dizia o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105).

 

             O Calvinismo apresenta uma Bíblia desistoricizada  

                        ( Experiência real de uma família)

                              

Minha esposa e eu éramos Calvinistas (ou “reformados”, como gostávamos de dizer), e queríamos que nossos filhos crescessem assim. Participávamos de uma igreja calvinista e ensinávamos teologia reformada para os nossos filhos. Entretanto, a partir de 2012, começamos a ficar progressivamente desconfortáveis com os princípios doutrinários principais desta perspectiva.

Nós ainda respeitamos o calvinismo, e espero que possamos preservar muitos de seus pontos fortes na nossa vida familiar. Entretanto, viemos a crer que a teologia reformada é baseada em fundamentos não bíblicos, os quais ela adiciona ao evangelho, e que, inadvertidamente, abraça uma série de crenças heterodoxas. Na série de posts que se seguem, vou identificar cinco bases defectíveis do calvinismo.

Antes de iniciar uma discussão sobre os cinco pontos onde o calvinismo é insuficiente, é importante esclarecer que eu estou falando aqui de “Calvinismo” ao invés dos ensinamentos específicos do próprio João Calvino. É importante preservar essa distinção, uma vez que é questão de debate se Calvino era mesmo um calvinista. No entanto, eu acredito que há boas razões para afirmar alguma continuidade entre o ensino de Calvino e os tipos de ideias que serão criticadas, mas isso é em última instância uma questão histórica que está além do escopo desta discussão.

Os 5 pontos que serão explorados são os seguintes:

O Calvinismo apresenta uma Bíblia desistoricizada
O Calvinismo destrói a justiça de Deus
O Calvinismo desloca Deus da nossa experiência Dele
O Calvinismo ensina a heresia do monergismo
O Calvinismo apresenta uma Cristologia deformada

Para este primeiro ponto de discussão, vou sugerir que a abordagem calvinista da Escritura é radicalmente desconectada do contexto histórico em que a Bíblia foi escrita.

 

Uma Bíblia Desistoricizada

Na segunda metade do século XX ocorreram grandes avanços em nossa compreensão do judaísmo do primeiro século, em grande parte como resultado da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto e todo o conhecimento que este gerou. Estas descobertas deram-nos uma apreciação muito melhor para os tipos de debates teológicos que eram percolados na época do apóstolo Paulo. Isso significa que nós estamos em uma posição melhor para reconstruir cuidadosamente os tipos de argumentos que os opositores judeus de Paulo provavelmente vieram a fazer contra o evangelho de Cristo.

Quando nos envolvemos com este conhecimento, ele começa a tornar cada vez mais evidente que os debates padrões entre calvinistas e não-calvinistas sobre temas como predestinação e depravação total simplesmente não apareceram em parte alguma na tela do radar nos dias de Paulo.

Quando paramos de ler Paulo à luz de debates posteriores entre Agostinho e os Pelagianos ou entre Calvinistas e Arminianos — mas, em vez disso, lemos Paulo à luz do que os historiadores agora sabem sobre Judaísmo do Segundo Templo — torna-se claro que, na maioria das passagens consideradas como textos-prova padrões calvinistas, Paulo estava na verdade abordando as relações judeus/gentios, e outros assuntos relacionados. Da mesma forma, muitas das passagens que nós imediatamente assumimos tratarem sobre questões de salvação individual, na verdade, tinham uma nuance mais da aliança, e isso inclui a maior parte do arsenal de passagens favoritas dos calvinistas. Tudo isso surge quando nós cuidadosamente reconstruímos o contexto histórico de Paulo à luz do que os historiadores agora sabem sobre o Judaísmo do primeiro século.

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Livros:

1- A Nova Perspectiva sobre Paulo, por James D. G. Dunn
2- The Epistle to the Romans: A Gospel for All, por Lawrence Farley
3- Paul and the Faithfulness of God, por N.T. Wright
4- Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion, por E. P. Sanders
5- The Climax of the Covenant: Christ and the Law in Pauline Theology, por N.T. Wright

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Robin Phillips é o autor de Saints and Scoundrels e um editor que tem contribuído para uma série de publicações, incluindo Salvo Magazine, Touchstone e Chuck Colson Center. Ele está trabalhando em um Ph.D. em teologia histórica na King’s College, Londres e blogando em Robin’s Readings and Reflections.

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Tradução: Samuel Coutinho

Fonte: https://orthodoxyandheterodoxy.org/2014/01/09/why-i-stopped-being-a-calvinist-part-1-calvinism-presents-a-dehistoricized-bible/

Do site https://deusamouomundo.com/ em 07/08/2014

 

                    O que diz a bíblia sobre o livre arbítrio?

                          

A Bíblia deixa claro que nós podemos agir livremente, ao invés de sermos robôs programados apenas para seguir comandos de uma divindade no Céu. Pedro diz:

“Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal” (1ª Pedro 2:16)

Para Pedro, o fato de que somos livres é indiscutível. O ponto em disputa é o que fazemos com essa liberdade. Somos livres, mas devemos usar essa liberdade para fazer o bem, e não o mal. Isso passa nitidamente a ideia de seres livres para optarem realmente pelo bem ou pelo mal, e não seres robotizados que apenas seguem uma direção determinista prévia, que não são livres e nem podem fazer uso dessa liberdade.

Ele também diz:

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto” (1ª Pedro 5:2)

Voluntariamente é pela própria vontade. De forma livre, e não de forma forçada, como se uma força superior externa tivesse domínio sobre as pessoas de modo que elas não pudessem agir diferente da forma que agem. A palavra grega empregada por Pedro aqui é hekousios, que, de acordo com a Concordância de Strong, significa: “voluntariamente, de boa vontade, de acordo consigo mesmo”[1]. O apóstolo Paulo segue na mesma linha e diz:

“Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado” (Filemom 1:14)

O favor “espontâneo” é algo livre, ao invés de algo forçado ou coagido, seja por forças internas ou externas. A ideia é a mesma do texto de Pedro. Paulo ainda diz:

“Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor” (Gálatas 5:13)

Mais uma vez, vemos que Paulo, assim como Pedro, não tinha qualquer hesitação em expor que somos “livres”. Isso não era um ponto de discussão, mas sim o que fazemos com essa liberdade. Podemos usar nossa liberdade para agradar a carne ou para agradar a Deus. O calvinista rígido não pode conceber nem um nem outro, pois crê que nós não somos, de fato, livres, para podermos agir de uma forma ou de outra por conta própria.

Outro conjunto de textos que nos indicam o livre-arbítrio são os que falam das ações feitas “por iniciativa própria”:

“Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos” (2ª Coríntios 8:3-4)

“Pois Tito não apenas aceitou o nosso pedido, mas está indo até vocês, com muito entusiasmo e por iniciativa própria” (2ª Coríntios 8:17)

Para os calvinistas, a iniciativa parte sempre de Deus, que é sempre a causa primeira das nossas ações, de modo que nossos atos são externamente determinados ao invés de autocausados. Paulo se opõe a este conceito ao dizer que os Macedônios e Tito tiveram iniciativa própria, e não externa, em suas ações. Em outras palavras, a iniciativa partiu deles mesmos[2]. Da mesma forma, Paulo escreve em 2ª Coríntios 9:7:

“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (2ª Coríntios 9:7)

Como vemos, é a própria pessoa que determina em seu próprio coração (ou seja: atos autodeterminados), e não Deus que determina as ações do homem. A contribuição, para Paulo, não seria de acordo com aquilo que Deus determinou no coração de cada um, mas conforme aquilo que as próprias pessoas determinaram em seus próprios corações. Esta é a evidência bíblica mais forte de atos autocausados, e, consequentemente, do livre-arbítrio. As pessoas determinam suas próprias ações, em seu próprio coração.

Outro grupo de versículos que provam o livre-arbítrio são os que denotam escolha. Como já vimos, é inconcebível a ideia de Deus nos dar opção de escolha quando ele já escolheu por nós. Isso seria uma opção falsa, para não dizer enganação. Deus estaria iludindo o homem para que este pensasse que podia mesmo escolher, quando não tinha a mínima capacidade disso.

Em outras palavras, é como se Deus quisesse que pensemos que temos livre-arbítrio, quando não temos. Mas Deus não é Deus de confusão (1Co.14:33), nem é enganador. Ele não ilude ninguém e nem pode mentir (Tt.1:2). Se existem escolhas, o homem pode escolher livremente. Sendo assim, os calvinistas rígidos teriam que explicar textos como estes:

“Escolham hoje a quem irão servir” (Josué 24:15)

“Se vocês obedecerem fielmente ao Senhor, ao seu Deus, e seguirem cuidadosamente todos os seus mandamentos que hoje lhes dou, o Senhor, o seu Deus, os colocará muito acima de todas as nações da terra (…) Entretanto, se vocês não obedecerem ao Senhor, ao seu Deus, e não seguirem cuidadosamente todos os seus mandamentos e decretos que hoje lhes dou, todas estas maldições cairão sobre vocês e os atingirão” (Deuteronômio 28:1,15)

“Se você voltar, ó Israel, volte para mim’, diz o Senhor. ‘Se você afastar para longe de minha vista os seus ídolos detestáveis, e não se desviar, se você jurar pelo nome do Senhor, com fidelidade, justiça e retidão, então as nações serão por ele abençoadas e nele se gloriarão’” (Jeremias 4:1-2)

“Escolhi o caminho da fidelidade; decidi seguir as tuas ordenanças” (Salmos 119:30)

“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Deuteronômio 30:19)

“Assim diz o Senhor: ‘Estou lhe dando três opções de punição; escolha uma delas, e eu a executarei contra você’” (2ª Samuel 24:12)

Laurence Vance comenta:

“Note o que mais a Bíblia diz sobre o livre-arbítrio: ‘Por mim se decreta que no meu reino todo aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir contigo a Jerusalém, vá’ (Es 7.13). Adão e Eva tinham livre-arbítrio (Gn 2.16). Durante o tempo dos juízes o povo ‘se ofereceu voluntariamente’ (Jz 5.2). Davi encorajou Salomão a servir a Deus ‘com uma alma voluntária’ (1Cr 28.9). Durante o tempo de Neemias, algumas pessoas ‘voluntariamente se ofereciam para habitar em Jerusalém’ (Ne 11.2). No Novo Testamento, vemos que as promessas da oração estão baseadas sobre o livre-arbítrio: ‘Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito’ (Jo 15.7)”[3]

Outro caso que desperta a atenção é o de Caim. Deus aceitou a oferta de Abel e rejeitou a de Caim, porque este não deu das primícias, como seu irmão[4]. Então, a Bíblia diz:

“Por isso Caim se enfureceu e o seu rosto se transtornou. O Senhor disse a Caim: ‘Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo’” (Gênesis 4:6,7)

Tudo isso nos passa vividamente a ideia de que Caim possuía livre-arbítrio. Ele não foi obrigado a pecar. Ele pecou porque ele quis. Deus não determinou o pecado de Caim, senão de modo nenhum teria dito que poderia fazer o bem e seria aceito. Mas se não havia qualquer possibilidade de Caim não pecar (pois Deus já havia determinado que ele pecaria), então Ele estava sendo sádico e falso com Caim, apresentando-lhe uma falsa possibilidade, a qual ele nunca poderia optar.

Da mesma forma, Deus diz que o pecado (o desejo pelo pecado, a tentação) “está à porta”, mas que Caim teria que ter controle sobre esse desejo. Isso mostra, em primeiro lugar, que há a possibilidade de agir diferente do desejo mais forte, contra o que ensinava Edwards[5]. Em segundo lugar, isso nos mostra mais uma vez que Caim tinha uma opção real. Ele, de fato, poderia ter dominado aquele desejo pecaminoso, e a única forma de ele dominá-lo é se ele possuía livre-arbítrio para poder optar pelo bem ou pelo mal, pelo pecado ou pela santidade. Sem o livre-arbítrio, Caim não tinha escolha e nada neste texto faria sentido algum.

Outro texto que implica em livre-arbítrio é o de Gênesis 15:16, onde Deus diz:

“Na quarta geração, os seus descendentes voltarão para cá, porque a maldade dos amorreus ainda não atingiu a medida completa” (Gênesis 15:16)

Mesmo Deus sabendo (pela presciência) que os habitantes de Canaã não iriam se arrepender dos seus pecados, ainda assim ele esperou quatro gerações até que os pecados deles atingissem a medida completa. Se não existisse livre-arbítrio, dificilmente Deus teria que esperar pacientemente uma ação humana para depois tomar uma atitude. Ele teria simplesmente agido, já que o livre-arbítrio ou as atitudes humanas não influenciam em nada o decreto divino, segundo os calvinistas. Aqui Deus respeita o livre-arbítrio humano e lhes dá tempo para se arrependerem, mesmo sabendo que não iriam se arrepender.

Finalmente, há também aquelas passagens – as quais trataremos mais adiante, no tópico sobre o determinismo na Bíblia – que dizem abertamente que o propósito ou vontade de Deus foi rejeitado pelos homens. Mateus 23:37, como já vimos, diz que Jesus queria ajuntar Jerusalém como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo das suas asas, mas eles não quiseram. Como consequencia disso, a “casa” deles ficou deserta (Mt.23:38).

Se não existe livre-arbítrio, então foi Deus que determinou a rejeição dos israelitas e Deus que determinou também que eles seriam punidos por causa da própria determinação dEle! Além disso, Jesus estaria sendo completamente insincero em dizer que Deus muitas vezes quis ajuntar Jerusalém para si, quando, na verdade, o que Deus havia feito mesmo foi decretar o contrário, de forma imutável e incondicional. Sem o livre-arbítrio, este texto é o maior nonsense de toda a Bíblia.

Outro texto semelhante é o de Lucas 7:30, que diz:

“Mas os fariseus e os peritos na lei rejeitaram o propósito de Deus para eles, não sendo batizados por João” (Lucas 7:30)

Deus tinha um propósito da vida de cada um dos fariseus, mas eles rejeitaram este plano de Deus para eles. Se o livre-arbítrio não existe, então Jesus mentiu quando disse que o propósito de Deus para eles era que eles fossem batizados por João, quando, na verdade, já havia determinado exatamente o contrário. Ou Deus tem dois planos contraditórios e conflitantes entre si, dizendo uma coisa e fazendo o contrário, ou os fariseus realmente, por seu próprio livre-arbítrio, se opuseram e resistiram ao plano individual de Deus para a vida deles. Aqui é valioso o comentário de Clark Pinnock, que disse:

“Jesus deixou claríssimo que os fariseus ‘rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus’ (Luc. 7:30). Não estavam numa posição em que poderiam impedir’ a consecução da vontade de Deus para o mundo todo, mas podiam rejeitá-la totalmente, para si mesmos”[6]

Ainda que ninguém possa resistir ao plano geral de Deus para toda a humanidade (por exemplo, ninguém pode impedir a volta de Jesus, da mesma forma que ninguém poderia impedir o nascimento dele), as pessoas podem resistir e se opor ao plano individual de Deus na vida delas. É por isso que pessoas se perdem e caminham para a morte eterna. Não é porque Deus, de forma negligente e tirânica, não tinha nenhum propósito para a vida delas a não ser a morte, mas sim porque elas, deliberadamente e por seu próprio livre-arbítrio, rejeitaram o plano de redenção que era o propósito de Deus para elas.

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[1] Concordância de Strong, 1596.

[2] É verdade que em alguns casos a iniciativa parte de Deus, e não do homem, como quando em certa ocasião Paulo diz que “Deus pôs no coração de Tito o mesmo cuidado que tenho por vocês” (2Co.8:16). Em resposta a isso, é necessário reafirmar que nenhum arminiano indeterminista crê que a iniciativa parte sempre do ser humano. Nem todos os atos são autocausados, mas muitos atos o são. Arminianos não negam que certas coisas são externamente determinadas. Em segundo lugar, quando o texto diz que “Deus pôs”, se refere à vontade, que, à luz da Bíblia, trata-se de uma oferta que pode ser aceita ou rejeitada livremente pelo ser humano, e não uma vontade irresistível (cf. Lc.7:30; Mt.23:37). Assim sendo, mesmo nas vezes em que Deus coloca uma vontade no coração do homem, ao invés da vontade humana ser autocausada, isso não implica em um ato autocausado, a não ser que o texto diga que Deus não apenas colocou a vontade, mas também a colocou de modo irresistível. Iremos estudar mais sobre isso no tópico que trataremos sobre o pensamento compatibilista de Jonathan Edwards.

[3] VANCE, Laurence M. O outro lado do calvinismo.

[4] As primícias eram os “primeiros frutos”, os mais importantes. O verso 4 diz que Abel ofereceu “as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho”, ou seja, aquilo que ele tinha de melhor. Caim, por sua vez, apenas “trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor”, não a mais importante, mas uma qualquer. É por isso que Deus aceitou a oferta de Abel, que colocou Deus em primeiro lugar, e rejeitou a de Caim, que colocou Deus em segundo plano.

[5] Iremos abordar o determinismo moderado de Edwards alguns tópicos adiante.

[6] PINNOCK, Clark H. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 78.

Fonte: - “Calvinismo X Arminisnismo” cedido pela comunidade Arminiana do facebook.

 
                O arrependimento é necessário para a salvação
                     

Na Bíblia vemos inúmeros convites gerais ao arrependimento, tais como:

“O Espírito e a noiva dizem: Vem. Aquele que ouve diga: Vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Apocalipse 22.17)

“E dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Marcos 1.15)

“Convertei-vos a mim e eu me converterei a vós” (Zacarias 1.3)

“Pois assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei” (Amós 5.4)

“Buscai o bem, e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis” (Amós 5.14)

“Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente” (1ª Crônicas 16.11)

Mas aquele que é provavelmente o texto mais preciso acerca disso e que proclama a universalidade do arrependimento é o texto de Atos 17.30, que diz:

“Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens, que todos, em toda a parte, se arrependam” (Atos 17.30)

Como Wesley observa, este texto diz respeito a “todo homem, em todo lugar, sem qualquer exceção, tanto ao lugar quanto à pessoa”[1]. Mas como “todos, em toda a parte”, se arrependerão se não lhes é dada sequer uma oportunidade de crer? Se eles já foram de antemão predestinados ao inferno, eles não poderão se arrepender de jeito nenhum, ou senão o decreto divino a respeito deles seria anulado. No calvinismo, quem Deus não elegeu arbitrariamente antes da fundação do mundo não pode se arrepender e crer. Ele não tem uma chance, nunca terá uma oportunidade real. Chamar todos ao arrependimento, incluindo os milhares de não-eleitos, é vão.

É difícil entender Tiago dizendo para que os pecadores: “limpem as mãos; e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração” (Tg 4.8), a não ser que ele pensasse que fosse realmente possível que o pecador limpasse suas mãos e purificasse seu coração.

Deus certa vez disse:

“Irei para meu lugar, até que ponham no coração e busquem minha face” (Oseias 5.15)

Qual a razão para Deus se afastar e só decidir voltar depois do arrependimento a não ser que este arrependimento fosse possível? Se ele não era, tudo não passou de um teatro aqui. Deus se afastou por causa de pecados que ele predeterminou que acontecessem, e não voltaria mais até que ele decretasse o arrependimento. Em outras palavras, Deus os abandona e volta para eles não em função de escolhas humanas, mas de decretos divinos.

Porém, a Bíblia sempre ensina que o arrependimento é possível para todos os pecadores. Deus disse:

“Não falei em segredo, nem em lugar algum escuro da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me em vão; eu sou o Senhor, que falo a justiça, e anuncio coisas retas” (Isaías 45.19)

O chamado de Deus, como ele mesmo diz, não é em vão. Seria absurda uma declaração dessas caso fosse impossível que muitas pessoas aceitassem este chamado, porque teoricamente já estariam predestinadas ao inferno. Este chamado seria obviamente “vão” para elas. Não valeria nada, da mesma forma que de nada adianta tentar falar aos ouvidos de um surdo, ou gesticular diante de um cego. Completamente vão.

Deus também disse:

“Este mandamento que hoje te prescrevo não é obscuro, nem posto ao longe, nem situado no céu, mas está junto de ti, em tua boca e em teu coração, para que o cumpras” (Deuteronômio 30.11-14)

A linguagem passa a ideia de que o cumprimento da vontade de Deus, que inclui o arrependimento para a salvação, não é algo distante, difícil de ser colocado em prática, muito menos impossível. É algo que meramente necessita de uma boca para falar e de um coração para crer. É um arrependimento perto e possível para todos, e não um arrependimento distante e impossível para muitos. Devemos mais uma vez lembrar que chamados como estes são gerais, incluindo aos que se perderam, como todo o contexto aponta. Deus não estava falando apenas com os “eleitos”, com uma pequena parcela dentre o povo, mas com todo o povo.

Infelizmente, Calvino mais uma vez se distanciou dos ensinamentos bíblicos neste ponto e tentou conciliar sua teologia com a Bíblia através de malabarismos lógicos que nada mais eram senão vãs tentativas de negar o óbvio. Ele chegou até mesmo a dizer que “por estas injunções, ‘se quiserdes’, ‘se ouvirdes’, o Senhor não nos atribui a livre capacidade de querer ou ouvir”[2], e que “mediante a pregação exterior, são todos chamados ao arrependimento e à fé, entretanto, nem a todos é dado o espírito de arrependimento e fé”[3].

Ele não compreendia que sua própria lógica tornava o chamado inútil e a impossibilitava a correspondência ao convite do arrependimento. Ele até mesmo negava que Deus deseja a salvação de todos, contrariando o óbvio ensinamento bíblico que permeia o Antigo (Ez.18:23; 18:32; 33:11) e o Novo (2Pe.3:9;1Tm.2:3,4) Testamento. Ele disse:

“Junto aos habitantes de Nínive e de Sodoma, segundo o testemunho de Cristo, a pregação do evangelho e os milagres teriam produzido mais fruto que na Judéia. Se Deus quer que todos venham a ser salvos, como acontece, pois, que aos míseros, que mais preparados estariam para receber a graça, ele não abra a porta do arrependimento?”[4]

Ele não apenas faz violência aos textos bíblicos que claramente dizem que Deus deseja a salvação de todos, como também faz adivinhação ao presumir que a oportunidade de arrependimento não existia para os habitantes de Nínive e Sodoma. A porta do arrependimento tanto se abriu para Nínive que muitos dali foram salvos com a pregação de Jonas (Jn.3:10), e a razão pela qual o mesmo não aconteceu com Sodoma foi pela desobediência dos próprios sodomitas, e não por negligência divina. Só porque o evangelho daria mais frutos em Nínive e Sodoma do que teve na Judeia não significa que os ninivitas e sodomitas não tiveram uma chance, significa apenas que os judeus rejeitaram a deles.

Por incrível que pareça, este absurdo calvinista desperta a fúria inclusive de outros calvinistas. Spurgeon, um dos mais famosos, se colocou fortemente contra Calvino nesta questão e negou veementemente que o Senhor não procurasse a salvação de alguém que não foi salvo. Ele disse:

“E com amor divino Ele o corteja como um pai corteja seu filho, estendendo Suas mãos e clamando: ‘Tornai-vos para mim, tornai-vos para mim’. ‘Não’, diz um doutrinário. ‘Deus nunca convida todos os homens a tornarem-se para Ele, mas somente alguns indivíduos’. Pare, senhor! Isto é tudo o que você sabe. Nunca leu sobre a parábola aonde é dito: ‘Meus bois e cevados já estão mortos, e tudo já está pronto; vinde às bodas’. E os que foram convidados não quiseram ir. E nunca leu que todos começaram a dar desculpas e foram punidos porque não aceitaram o convite? Então se os convites não são feitos para todos, mas somente para quem iria aceitá-lo, como esta parábola pode ser real?”[5]

Ele também rejeitava a tese de Calvino, na qual Deus não estende suas mãos a um não-eleito. Contra isso, ele escreveu:

“É provável que o Senhor continue estendendo Suas mãos até que seus cabelos fiquem grisalhos, ainda convidando-o continuamente – e talvez quando estiver beirando a morte Ele ainda dirá: ‘Vinde a mim, vinde a mim’. Se porém você ainda insistir em endurecer seu coração, se ainda rejeitar Jesus, eu imploro-lhe que não permita que nada o faça imaginar que continuará sem punição!”[6]

Spurgeon tanto sabia das consequências de suas declarações que naquele mesmo sermão afirmou que muitos ali iriam acusá-lo de ensinar o Arminianismo, mas preferia contradizer seu próprio sistema de crenças (calvinismo) do que contradizer a Bíblia. Logicamente, Armínio também rejeitou essa crença de Calvino, que impossibilita o arrependimento a um não-eleito. Ele disse que “isto imputa hipocrisia a Deus, como se, em Sua exortação à fé voltada para tais, Ele exige que estes creiam em Cristo, a quem, entretanto, Ele não propôs como Salvador deles”[7].

Ele também declarou:

“Eu gostaria que me explicassem como Deus pode, de fato, sinceramente desejar que alguém creia em Cristo, a quem Ele deseja que esteja apartado de Cristo, e a quem Ele decretou negar as ajudas necessárias à fé; pois isso não é desejar a conversão de ninguém”[8]

Wesley também exclamava dizendo que “não posso crer que haja uma alma na terra que não tenha, nem nunca tenha tido, a possibilidade de escapar da condenação eterna”[9]. Norman Geisler, embora se autodenomine “calvinista moderado”[10], é bem arminiano nesta questão. Ele diz que “seria tanto fraudulento quanto absurdo para Deus ordenar a todos que se arrependam, se não providenciou salvação para todos”[11]. Ele também defende vigorosamente que existe oportunidade de salvação para todos, dizendo:

“A oportunidade de se arrepender é um dom de Deus. Ele graciosamente concede-nos a oportunidade de voltar de nossos pecados, mas o arrependimento cabe a nós. Deus não irá se arrepender por nós. O arrependimento é um ato de nossa vontade, apoiado e encorajado pela graça”[12]

Contra a tese calvinista de que o “dever” se arrepender não implica em “poder” se arrepender, ele afirma[13]:

“O calvinista extremado crê que dever não implica poder. A responsabilidade não implica capacidade de responder. Mas, se é assim, por que deveria me sentir responsável? Por que deveria me preocupar quando seguir determinado caminho está fora de meu controle?”[14]

É também somente pela possibilidade de crer que um descrente pode ser justamente condenado por descrer, e apenas porque ele teve a possibilidade de se arrepender que ele pode ser acusado por sua rejeição ao arrependimento. O calvinismo, se levado às suas consequências lógicas, anula a justiça de Deus e a responsabilidade do homem. Mas há ainda um outro elemento importante que eles afogam no caráter divino para defenderem suas teorias. Iremos analisá-lo posteriormente.

[1] WESLEY, John. Graça Livre, XI.

[2] Institutas,2.5.10.

[3] Institutas, 3.22.10.

[4] Institutas, 3.24.15.

[5] SPURGEON, Charles H, Sermão sobre: “A Soberana Graça de Deus e a Responsabilidade do Homem”.

[6] SPURGEON, Charles H, Sermão sobre: “A Soberana Graça de Deus e a Responsabilidade do Homem”.

[7] ARMINIUS, “Examination of Dr. Perkins’s Pamphlet on Predestination”, Works, v. 3, p. 313.

[8] ARMINIUS, “Examination of Dr. Perkins’s Pamphlet on Predestination”, Works, v. 3, p. 320.

[9] Wesley, John. The Works of The Reverend John Wesley, volume VII, New York, 1835, p. 480-481.

[10] Como já vimos no capítulo 1 deste livro, o “calvinismo moderado” de Geisler nada mais é senão um outro nome para o arminianismo clássico.

[11] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 237.

[12] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 219.

[13] Geisler também se opõe à costumeira resposta calvinista em torno do cumprimento da lei. Ele disse: “Os calvinistas extremados freqüentemente citam o mandamento de Deus de guardar a Lei como ilustração do ato de ordenar o impossível. Mas na verdade não é realmente impossível guardar a Lei, do contrário Jesus não teria sido capaz de guardá-la (v. Mt 5.17,18; Rm 8.1-4). Qualquer coisa que Deus ordene é possível fazer, seja com a própria força dada por Deus, seja com outra qualquer, dada por sua graça especial” (GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 309).

[14] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 154.

Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo: quem está com a razão?”, cedido pela comunidade de arminianos do Facebook

 

                  Culto doméstico: uma prática em desuso

                   

Família - Culto domestico

Neste artigo trago o desafio urgente de resgate do culto doméstico. O culto doméstico é aquele realizado no ambiente familiar. Não se trata de um culto no lar e sim de um culto em família. A família em sua residência ou em outro local reúne-se para cultuar a Deus. No culto doméstico os pais e os filhos (e os que compõem aquele lar) têm oportunidade de estreitar a comunhão com Deus e com a família.

Uma ocasião onde a fé é compartilhada e estimulada. Cada um em particular expõe suas necessidades. Rende-se gratidão a Deus pelas vitórias alcançadas e livramentos recebidos naquele dia. Coloca-se nas mãos de Deus por meio da oração intercessória os compromissos do dia seguinte. A Palavra de Deus é estudada segundo a necessidade da família para aquele momento. Louvores da preferência de todos são entoados ao Senhor. Uma família que mantém a prática do culto doméstico é bem melhor estruturada e equilibrada do que aquelas que não o fazem.

A união fraternal e os laços familiares são estreitados. Os medos e temores são discutidos. Os projetos e os sonhos são apresentados no altar de Deus. Diálogo franco, pedido de perdão e reconciliações são estabelecidas. Compromissos e responsabilidades com o ministério e a igreja são analisados à luz das Escrituras. Questões sentimentais, financeiras, espirituais e acadêmicas são compartilhadas e apresentadas a Deus em oração. O culto doméstico é uma grande dádiva na vida das famílias que o praticam.

No entanto, no século conturbado em que vivemos, onde o tempo é escasso e a família tem dificuldades de reunir-se, o culto doméstico tem sido banido da grande maioria dos lares. É urgente o pai de família resgatar este culto. É preciso definir e cumprir um horário para a realização do culto doméstico. Evidente que deve ser em horário onde todos já estejam em casa. Se não puder ser diário que ao menos aconteça uma vez por semana. Pense nisso!

Douglas Baptista 

 
             A estratégia mundial de satanás
                   

Deus entregou à humanidade o domínio sobre a terra e estabeleceu a teocracia como a forma de governo original deste mundo (Gn 1.26-29). Numa teocracia, o governo divino é administrado por um representante. Deus designou o primeiro homem, Adão, para ser Seu representante. Adão recebeu a responsabilidade de administrar o governo de Deus sobre a parte terrena do Reino universal de Deus.

Pouco tempo depois de ter dado esse poder ao homem, Satanás induziu Adão e Eva a se aliarem a ele em sua revolta contra Deus (Gn 3.1-13). Como resultado, a humanidade afastou-se de Deus e a teocracia desapareceu da face da terra. Além disso, com a queda de Adão, Satanás usurpou de Deus o governo do sistema mundial. A partir de então, ele e suas forças malignas passaram a governar o mundo. Conforme veremos a seguir, muitos fatores revelam essa terrível transição.

A Negação da Revelação Divina

O diabo tinha autoridade para oferecer o domínio sobre o sistema do mundo a quem ele quisesse, inclusive a Jesus Cristo, pois essa autoridade lhe tinha sido entregue por Adão (veja Lc 4.5-6). Foi por isso que Jesus chamou Satanás de“príncipe [literalmente, governador] do mundo” (Jo 14.30). João disse que o mundo inteiro jaz no maligno (1 Jo 5.19) e Tiago declara que todo aquele que é amigo do atual sistema mundano é inimigo de Deus (Tg 4.4).

Até este ponto de nossa história, o reinado de Satanás sobre o mundo tem ocorrido de forma invisível. Trata-se de um domínio espiritual que incentiva o surgimento de cosmovisões e filosofias contrárias à verdadeira realidade. As Escrituras nos ensinam que, no futuro, Satanás irá tentar converter esse domínio espiritual e invisível em um reino político, visível e permanente – dominando o mundo inteiro. Para alcançar seu objetivo, Satanás precisa induzir a humanidade a buscar a unificação sob um governo mundial. Ele também tem de condicionar o mundo a aceitar um governante político supremo que terá poderes únicos e fará grandes declarações a respeito de si mesmo.

Utilizando-se da tendência secular e humanista da Renascença e de algumas ênfases propagadas pelo Iluminismo, o diabo conseguiu minar a fé bíblica de porções importantes do protestantismo e também determinadas crenças do catolicismo romano e da Igreja Ortodoxa. O resultado foi que, no final do século XIX e no início do século XX, o mundo começou a ouvir que a humanidade nunca havia recebido a revelação divina da verdade.

No entanto, o único modo pelo qual a existência de Deus, Sua natureza, idéias, modos de agir, ações e relacionamento com o Universo, com a Terra e com a humanidade podem ser conhecidos é através da revelação divina da verdade. Por isso, a negação dessa revelação fez com que durante o século XX muitas pessoas concluíssem que o Deus pessoal, soberano e criador descrito na Bíblia não existe; ou, se existe, que Ele é irrelevante para o mundo e para a humanidade.

Essa negação da revelação divina da verdade resultou em mudanças dramáticas, que tiveram graves conseqüências na sociedade e no mundo. Em primeiro lugar, ela levou muitas pessoas ao desespero. Deus criou os seres humanos com a necessidade de terem um relacionamento pessoal com Ele, para conhecerem o sentido e propósito supremos desta vida. A declaração de que Deus não existe ou é irrelevante provocou um vazio espiritual dentro das pessoas. Esse vazio levou ao desespero e à extinção da perspectiva de alcançar o sentido e propósito supremos desta vida. Satanás, então, ofereceu a bruxaria, o espiritismo, o satanismo, outras formas de ocultismo, a astrologia, o misticismo oriental, os conceitos da Nova Era, as drogas, algumas formas de música e outros substitutos demoníacos para preencher esse vazio e fazer com que as pessoas sejam influenciadas por ele.

A Negação dos Absolutos Morais

A negação da revelação divina da verdade resultou também na negação dos absolutos morais. O argumento mais usado é: se os padrões morais não foram revelados por um Deus soberano que determinou que os indivíduos são responsáveis por suas ações, então os absolutos morais tradicionalmente aceitos foram criados pela humanidade. Assim sendo, uma vez que a humanidade é a fonte desses absolutos, ela tem o direito de rejeitar, mudar ou ignorá-los.

O resultado dessa racionalização falaciosa é que a sociedade acabou testemunhando uma tremenda decadência moral. Ela passou a rejeitar a idéia de que apenas as relações heterossexuais e conjugais são moralmente corretas, passando a desprezar e ameaçar cada vez mais os que defendem essa idéia. Movimentos estão surgindo em todo o mundo para redefinir legalmente o conceito de matrimônio e para forçar a sociedade a aceitar essa nova idéia, a abolir ou reestruturar a família e proteger a propagação da pornografia.

O assassinato de seres humanos parcialmente formados (aborto) já foi legalizado em muitos países. Algumas pessoas ainda insistem em dizer que não existe questão moral nenhuma envolvida no suicídio assistido, na clonagem humana e na destruição de embriões humanos em nome da pesquisa de células-tronco. O assassinato e a mentira passaram a ser aceitos como norma. Essa falência moral ameaça as próprias bases da nossa sociedade.

A Negação da Verdade Objetiva e de Seus Padrões

A negação da revelação divina da verdade resultou na conclusão de que não existe uma verdade objetiva que seja válida para toda a humanidade. Cada indivíduo seria capaz de determinar por si mesmo o que é a verdade. Assim sendo, aquilo que é verdade para uma pessoa não é, necessariamente, verdadeiro para outra. A verdade passou a ser algo subjetivo e relativo.

A racionalização nos levou à conclusão de que não há padrão objetivo pelo qual uma pessoa seja capaz de avaliar se algo está certo ou errado. Agora ninguém mais pode dizer legitimamente a outra pessoa que algo que ela está fazendo é errado. Seguindo essa racionalização, nunca se deve dizer a outra pessoa que seu modo de vida é errado, mesmo que, vivendo dessa maneira, ela possa morrer prematuramente. Também não será permitido que alguém diga a um adolescente que o sexo não deve ser praticado antes do casamento. Afinal de contas, ninguém tem o direito de impor seus conceitos de certo ou errado sobre os outros.

Essa negação da verdade objetiva e do padrão objetivo de certo e errado é propagada através de uma “redefinição de valores” promovida por escolas, por universidades, pela mídia, pela internet, por várias publicações, por alguns tipos de música e pela indústria do entretenimento como um todo. Algumas universidades, inclusive, já adotaram uma política que abafa qualquer expressão do que é certo ou errado por parte de seus alunos e professores. Esse tipo de atitude resulta em censura e intolerância.

A negação da verdade objetiva e dos padrões objetivos de certo e errado motivaram alguns a defenderem que os pais devem ser proibidos de bater nos filhos quando estes fizerem algo que os pais acreditam ser errado.

A Redefinição da Tolerância

Isso tudo também resultou em um movimento que visa forçar a sociedade a aceitar um novo conceito de tolerância. A visão histórica da tolerância ensinava que as pessoas de opiniões e práticas diferentes deveriam viver juntas pacificamente. Cada indivíduo tinha o direito de acreditar que a opinião ou prática contrária à sua estava errada e podia expressar essa crença abertamente, mas não podia ameaçar, aterrorizar ou agredir fisicamente aqueles que discordavam dele.

Porém, a tolerância passou por uma redefinição. O novo conceito diz que acreditar ou expressar abertamente que uma opinião ou prática de uma pessoa ou de um grupo é errada equivale a um “crime de ódio” e, portanto, deve ser punido pela lei. Grupos poderosos estão pressionando o Congresso americano, por exemplo, para fazer com que esse novo conceito torne-se lei. Isso ocorrerá se for aprovado o que passou a ser conhecido como “lei anti-ódio”. Uma vez que nos EUA já existem leis contra ameaças ou prejuízos físicos causados a pessoas ou grupos de opiniões e práticas distintas, é óbvio que o objetivo desse projeto é tornar ilegal a liberdade de crença e de expressão. Se esse projeto for aprovado, os EUA passarão a ser mais um Estado totalitário, comparado àqueles que adotaram a Inquisição e o comunismo. [Tendências semelhantes se verificam na maior parte dos países ocidentais – N.R.]

Já que o mundo foi levado a acreditar que não há verdade objetiva válida para toda a humanidade e nenhum padrão objetivo que sirva para verificar se algo está certo ou errado, cada vez mais defende-se a idéia de que todos os deuses, religiões e caminhos devem ser aceitos com igualdade. Por isso, todas as tentativas de converter pessoas de uma religião para outra devem ser impedidas e as afirmações de que existe apenas um Deus verdadeiro, uma religião verdadeira e um único caminho para o céu são consideradas formas visíveis de preconceito. O pluralismo religioso está se tornando lugar-comum hoje em dia.

Se não há nenhum padrão objetivo para determinar o certo e o errado, então qual base uma sociedade ou um indivíduo pode usar para concluir que matar é errado? Isso incluiu os assassinatos praticados por médicos que fazem abortos ou os massacres provocados por psicopatas em escolas e em lugares públicos? Pois, talvez alguns desses atos violentos sejam resultantes do fato de seus autores terem concluído que, se não existe um padrão objetivo para determinar o que é certo e o que é errado, para eles é correto assassinar.

Se essa espécie de lei anti-ódio for aprovada, ela terá conseqüências drásticas. As pessoas que virem esse tipo de lei sendo posta em prática acreditarão que esse é o caminho correto. Mas, durante as campanhas eleitorais e nas sessões legislativas, os políticos poderão fazer acusações uns aos outros ou dizer que as ações dos seus oponentes são erradas?

O Desejo de Unidade

A negação da revelação divina da verdade gerou uma crescente convicção de que o objetivo da humanidade deve ser a unidade. O Manifesto Humanista II diz:

Não temos evidências suficientes para acreditar na existência do sobrenatural. Trata-se de algo insignificante ou irrelevante para a questão da sobrevivência e satisfação da raça humana. Por sermos não-teístas, partimos dos seres humanos, não de Deus, da natureza, não de alguma deidade.[1]

O argumento prossegue:

Não somos capazes de descobrir propósito ou providência divina para a espécie humana… Os humanos são responsáveis pelo que somos hoje e pelo que viermos a ser. Nenhuma deidade irá nos salvar; devemos salvar a nós mesmos.[2]

À luz do pensamento de que a salvação da destruição total depende da própria humanidade, o Manifesto continua:

Repudiamos a divisão da humanidade por razões nacionalistas. Alcançamos um ponto na história da humanidade onde a melhor opção é transcender os limites da soberania nacional e andar em direção à edificação de uma comunidade mundial na qual todos os setores da família humana poderão participar. Por isso, aguardamos pelo desenvolvimento de um sistema de lei e ordem mundial baseado em um governo federal transnacional.[3]

Finalmente, o documento declara:

O compromisso com toda a humanidade é o maior compromisso de que somos capazes. Ele transcende as fidelidades parciais à Igreja, ao Estado, aos partidos políticos, a classes ou raças, na conquista de uma visão mais ampla da potencialidade humana. Que desafio maior há para a humanidade do que cada pessoa tornar-se, no ideal como também na prática, um cidadão de uma comunidade mundial?[4]

A existência de instituições internacionais, como a Corte Internacional de Justiça e as Nações Unidas, os meios de transporte rápidos, a comunicação instantânea e a internacionalização crescente da economia fazem com que a formação de uma comunidade mundial unificada pareça ser possível. O tremendo aumento da violência, incluindo a ameaça de terrorismo que paira sobre todo o mundo, pode levar a civilização a uma governo mundial unificado em nome da sobrevivência.

A Deificação da Humanidade

A negação da revelação divina da verdade criou uma tendência em deificar-se a humanidade. Thomas J. J. Altizer, um dos teólogos protestantes do movimento “Deus está morto” da década de 60, alegava que, uma vez que a humanidade negou a existência de um Deus pessoal, ela deve alcançar sua auto-transcendência como raça, algo que ele chamava de “deificação do homem”.[5] O erudito católico Pierre Theilhard de Chardin ensinava que o deus que deve ser adorado é aquele que resultará da evolução da raça humana.[6]

Com tais mudanças iniciadas com a negação da revelação divina, Satanás está seduzindo o mundo para que caminhe em direção à unificação da humanidade. Ela ocorrerá quando todos estiverem sob um governo mundial único que condicionará o planeta a aceitar seu líder político máximo, o Anticristo, o qual terá poderes únicos e alegará ser o próprio Deus. (Renald E. Showers — Israel My Glory — https://www.chamada.com.br)

Notas:

Humanist Manifesto II, American Humanist Association [www.americanhumanist.org/about/manifesto2.html].

Idem.

Ibidem.

Ibidem.

John Charles Cooper, The Roots of The Radical Theology, Westminster, Philadelphia, 1967, p. 148.

Idem.

 

                                   A importância da doutrina

                                  

CONCEITO DE DOUTRINA:

Doutrinar é ensinar as verdades fundamentais da Bíblia, organizadamente.

É o conjunto de princípios que servem de base ao cristianismo, compreendendo desde o ensinamento, pregação, opinião das lideranças religiosas, desde que embasadas em Textos de obras Bíblicas escritas, como Regra de fé, preceito de comportamento e norma de conduta social, referente a Deus, a Jesus, ao Espírito Santo e Salvação.

 

2) CONCEITO DE DOUTRINA NO ANTIGO TESTAMENTO:

Doutrina (hebraico ”xqlIeqach”) - (Dt. 32:2; Pv.4:2; Pv.9:9; Pv. 13:14) – ensinamento, ensino, percepção, capacidade de persuasão. Palavra proveniente de laqach, que significa tomar, pegar, buscar, segurar, apanhar, receber, adquirir, comprar, trazer, casar, tomar esposa, arrebatar, tirar, carregar embora, tomar em casamento.

A doutrina escorrerá suavemente em todos os lugares. Além disso, é uma boa lei que dá instrução ao sábio e ensina aos justos uma fonte de vida e como se desviar dos laços da morte.

Doutrina (hebraico ”hrwt towrah ou hrt torah”) – (Is. 28:9; Is.29:24) – lei, orientação, instrução, orientação (humana ou divina), conjunto de ensino profético na era messiânica de orientações ou instruções sacerdotais legais, referente aos costumes e hábitos.

Palavra oriunda de yarah que significa lançar, atirar, jogar, derramar, como lançar flechas, jogar água, atirar, apontar, mostrar, dirigir, ensinar, instruir.(Ter uma direção definida).

Ela dá entendimento aos errados de espírito e é um aprendizado aos murmuradores.

 

3) CONCEITO DE DOUTRINA NO NOVO TESTAMENTO:

Doutrina (grego “didach didache”) – (Mc. 1:22; Lc. 4:32; At.2:42; Rm. 6:17) ensino, doutrina, instrução nas assembléias religiosas dos cristãos, fazer uso do discurso como meio de ensinar, em distinção de outros modos de falar em público.

Palavra oriunda de didasko, significando conversar com outros a fim de instruí-los, pronunciar discursos didáticos; desempenhar o ofício de professor conduzir-se a dar instrução, explicar ou expor algo a alguém.

Doutrina (grego “didaskalia didaskalia”) - (1 Tm.4:6; 1 Tm.4:16; 1 Tm.6:1; Tt.2:1;Tt.2:10) – ensino, instrução, preceitos; palavra oriunda de didaskalos – No NT, alguém que ensina a respeito das coisas de Deus, e dos deveres do homem; como os mestres da religião judaica, que pelo seu imenso poder como mestres atraem multidões, como João Batista.

Jesus, pela sua autoridade, refere-se a si mesmo como aquele que mostrou aos homens o caminho da salvação e como os apóstolos e Paulo, que, nas assembleias religiosas dos cristãos, encarregavam-se de ensinar, assistidos pelo Santo Espírito contra os falsos mestres entre os cristãos.

Doutrina (grego “logov logos”) - (Hb. 6:1) – Ato da palavra, proferida a viva voz, que expressa uma concepção ou idéia dos ditos de Deus, envolvendo seus decretos, mandatos ou ordens dos preceitos morais dados por Deus, como as profecias do Antigo Testamento dadas pelos profetas, bem como narrativas de assuntos em discussão, com respeito à MENTE em si, razão, a faculdade mental do pensamento, meditação e raciocínio.

Em João, denota a essencial Palavra de Deus, Jesus Cristo, a sabedoria e poder pessoais em união com Deus. Denota seu ministro na criação e governo do universo, a causa de toda a vida do mundo, tanto física quanto ética, que para a obtenção da salvação do ser humano, revestiu-se da natureza humana na pessoa de Jesus, o Messias, a 2ª pessoa na Trindade, anunciado visivelmente através suas palavras e obras.

Este termo era familiar para os judeus e na sua literatura muito antes que um filósofo grego chamado Heráclito fizesse uso do termo Logos, por volta de 600 a.C., para designar a razão ou plano divino que coordena um universo em constante mudança.

Era palavra apropriada para o objetivo de João 1:1. Quem prega outro Jesus, irá sofrer (2 Co.11:4)

 

4) CARACTERÍSTICAS DA DOUTRINA DE CRISTO:

O bom Ministro é o criado na fé e na Doutrina (1Tm.4:6)

A)Expulsa os espíritos malignos, pois é vinda de Deus (Jo.7:16);

B)Pode ser provada como verdadeira (Jo.7:17);

C)Deve ser perseverada (At.2:42);

D)Deve ser obedecida de coração (Rm.6: 17);

E)Tem mesmo valor que revelação,ciência e profecia (1Co.14:6) e interpretação de língua(1Co.14:26);

F)Temos que cuidar dela para nossa salvação(1Tm.4:16);

G)Indica modo de vida na fé (2Tm.3:10);

H)Convence contradizentes (Tt.1:9);

I)Deve ter incorrupção,seriedade e sinceridade (Tt.2:7), levando à perfeição em Cristo (Hb.6:1).

 

5) QUANTO ÀS FALSAS DOUTRINAS DA ÉPOCA DE JESUS CRISTO E O ALERTA À IGREJA CRISTÃ:

Os judeus se maravilhavam da doutrina de Jesus pois Ele ensinava com autoridade, mas eram advertidos contra a doutrina dos Fariseus e dos Saduceus: Mas quem ultrapassa a doutrina, não tem Deus (2 Jo.1:9-10).

 

DOUTRINA DOS FARISEUS (grego “farisaiov Pharisaios”) = Chamados Separados -  Reconheciam na tradição oral um padrão de fé e vida.

Procuravam reconhecimento e mérito pela observância externa de ritos e formas de piedade, como lavagens cerimoniais, jejuns, orações e esmolas. Mas negligenciavam a genuína piedade, orgulhavam-se em suas boas obras.

Mantinham de forma persistente a fé na existência de anjos bons e maus, e na vinda do Messias; e tinham esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar de recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente chamados à vida por ele, e seriam recompensados, cada um de acordo com suas obras individuais.

Em oposição à dominação de Herodes e do governo romano, eles de forma decisiva sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência entre o povo comum.

De acordo com Josefo, eram mais de 6000.

Eram inimigos de Jesus e sua causa; foram, por outro lado, duramente repreendidos por ele por causa da sua avareza, ambição, confiança vazia nas obras externas, e aparência de piedade a fim de ganhar popularidade.

DOUTRINA DOS SADUCEUS(grego “saddoukaiov Saddoukaios”) = Chamados Justos – Partido religioso judeu da época de Cristo, que negava que a lei oral fosse revelação de Deus aos israelitas, e que cria que somente a lei escrita era obrigatória para a nação como autoridade divina. Negavam a ressurreição do corpo, a imortalidade da alma, a existência de espíritos e anjos, mas afirmavam o livre arbítrio.

OBS: Outro Evangelho, mesmo dito por um anjo, seja maldito (Gl 1.6-9).

Doutrina(qrego “eterodidaskalew heterodidaskaleo” ) – 1Tm.1:3 – Ensino de outra ou diferente doutrina, desviando-se da verdade.

Há os que provocam divisões e escândalos em desacordo com a doutrina (Rm.16:17), inventando ventos de doutrinas errôneas (Ef.4:14),sendo impuros mentirosos (1Tm.1:10). Se alguém ensina outra doutrina diferente da Palavra, seja maldito (1Tm.6:3-4).Temos que repreender, usando a doutrina pois não a suportarão (2 Tm.4:2-3).

 

6) NECESSIDADE DA DOUTRINA:

 A) Verdade precisa (opinião final):Todas as pessoas tem uma teologia e os seus atos demonstram suas crenças, pois a vida humana é uma viagem e as pessoas precisam estar certas do que Deus lhes planejou. Pode-se teólogo sem ser religioso e ser religioso, sem o conhecimento teológico da doutrina.

B) Essencial para desenvolver o caráter cristão: Sem uma crença firme e bem definida, que é parte da religião, não haverá crescimento correto, pois podemos viver a vida dita cristã, sem conhecer a doutrina; mas não haverá experiências cristãs.

C) Abrigo contra mentira e erros de interpretação: Deus é eterno; homens ignorantes criaram conceitos errôneos, originando males na consciência e as Doutrinas bíblicas expulsam falsas idéias que conduzem os homens para a cegueira e perdição.

D) Necessária para ensinar a Palavra Divina: A Bíblia fala de muitas verdades espalhadas nos seus diversos livros, obedecendo o tema: JESUS. É necessário relacionar os diversos temas e organizá-los de maneira a facilitar o seu estudo.

A doutrina estuda a fé Cristã, sobre a verdade da realidade espiritual, única, envolvendo a existência de Deus, a possibilidade dos milagres, a confiabilidade das escrituras, a divindade de Cristo, a encarnação de Deus em Cristo e a verdade da Bíblia como a Palavra de Deus genuína.

 

7) DOUTRINA E TEOLOGIA:

TEOLOGIA - Estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos e relações com o mundo e com os homens, e à verdade religiosa, expressa na doutrina de Cristo, que como já dissemos, ensina as verdades fundamentais da Bíblia, organizadamente.

Teologia é o estudo racional dos textos sagrados, dos dogmas e das tradições do cristianismo, geralmente ministrados em cursos ou faculdades, formando os teólogos. É a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e das relações com o homem; ciência, pois organiza em sequência lógica, fatos comprovados, podendo aplicar na religião.

Visa entender a revelação, fé e tradição na atual prosperidade, exorcismo e curas.

 

8) ÁREAS DE ESTUDO DA TEOLOGIA:

a) Teologia Fundamental - Analisa a realidade cristã da auto-manifestação de Deus, sua plenitude e o plano da Salvação por Jesus Cristo. Explica a razão do mistério, a liberdade e a necessidade que temos de conhecer esse plano, querendo ou não termos compromisso com Deus.

Fala sobre o que é teologia e sobre as condições básicas que possibilitam a fé num contexto sócio-histórico e cultural.

b)Teologia Bíblica - Estuda a introdução a geral da Bíblia, com estudo dos livros do Antigo e Novo testamento, falando sobre a história do povo de Deus e reflete temas gerais, familiarizando os alunos com termos bíblicos e as línguas bíblicas, como hebraico e grego.

Usa a “exegese”-que analisa criticamente o texto, desde a seleção do texto, sua estrutura gramatical, sua mensagem e tema central para hoje “hermenêutica”, aplicando a mensagem para hoje.

c)TeoIogia Moral - Visa refletir sobre a resposta concreta que o cristão dá a Deus nos diversos âmbitos de sua existência seja pessoal, interpessoal, comunitária, social, familiar e política., analisando as bases e os critérios de como o cristão deve agir e sobre temas globais como sexualidade, ética e ecologia, política, globalização, etc.

d)Teologia Sistemática ou Dogmática - Compreende uma série de disciplinas estudadas pela igreja, como cristologia (Jesus), eclesiologia (igreja), trindade, antropologia teológica (vendo o homem quanto à criação, pecado, graça e salvação), escatologia (últimas coisas) e Heresiologias (Seitas e Heresias).

Ademais, não se ocupa em repetir dogmas, que são declarações de fé do que as pessoas creem, tenta entender a vida, e refletir a real e pura fé cristã.

e) História da Igreja - Visa conhecer uma visão panorâmica das grandes fases da história universal, as relações da igreja cristã com o mundo, os conflitos de mentalidades, idéias e movimentos sociais e as idéias e eventos do passado que repercutem hoje em dia.

Compreende desde a história antiga, medieval, moderna, contemporânea e atual.

f) Espiritualidade - Envolve não apenas disciplinas teológicas, mas dimensões da vida cristã como fé, louvor, reino de Deus, o seguimento a Jesus e outros temas, como cruz, esperança, caridade, piedade, liberdade cristã.

g)Outros – (Patrologia:Estudo dos pensadores cristãos até o século V; Teologia Pastoral, Teologia das Religiões, Homilética (Arte de pregar).

Religiosidade Popular (tradições culturais),Aconselhamento Pessoal e Missões.

 

9) DOUTRINA E RELIGIÃO:

Religião(qrego “deisidaimonia deisidaimonia”) –  (At.25:19) – Em um bom sentido, reverência a Deus ou aos deuses,dependendo do culto, num sentido piedoso, religioso; e num mau sentido, a superstição.

Religião(qrego “yrhskeia threskeia”) - (At.26:5; Tg.1:26-27) – Adoração religiosa externa; aquilo que consiste de cerimônias com disciplina religiosa. A religião deveria significar adoração a Deus, mas adorava também a falsos deuses, como cumprimento da obrigação de alguém.

O problema era haver o cumprimento de obrigações de todos os tipos, tanto para com Deus como para com as pessoas, não significando qualquer tipo de adoração correta a Deus.

Havia também, o adorador ansioso e escrupuloso, que cuidava para não mudar nada que deveria ser observado na adoração, e temeroso de ofender.

Significa devoto, e pode ser aplicado a um aderente de qualquer religião, sendo especialmente apropriado para descrever o melhor dos adoradores judaicos, adorando pelo elemento de medo.

Enfatiza fortemente as ideias de dependência e de ansiedade pelo favor divino.

Pode originar um medo sem fundamento, no sentido de supersticioso.

Existem pessoas religiosas de todos os lugares (At 2.5), mas precisam estar na graça de Deus (At 13.43) para não serem incitadas por falsos líderes contra a obra de Deus (At 13.50), numa religião de vãos falatórios, sem santidade e sem obras sociais (Tg 1.26-27).

O sagrado é uma experiência da presença de Deus, sobrenatural, na medida em que se realiza o impossível às forças e capacidades humanas.

Religião (Latim “religio=re+ligare”) - A religião tenta ser um vinculo entre o mundo profano e o mundo sagrado, operando em várias culturas, criando templos que se erguem aos céus como que querendo unir o espaço novo do sagrado (ar) com o consagrado (no solo).

A religião cria a idéia de um espaço sagrado, como que querendo unir a mitologia dos falsos deuses gregos do Olimpo com as montanhas do deserto do Sinai onde Deus se manifestou.

Enquanto que a religião pode ser apenas uma narrativa, um mito, uma fábula ilusória, a espiritualidade requer algo mais, a fé, que se expressa na confiança e plena adesão às verdades ouvidas.

 

OBSERVAÇÃO:

Enquanto que a religião externa uma forma de crer, a doutrina é uma crença racional, baseada na Palavra de Deus, onde fé e razão andam juntas.

A fé usa a razão é a razão não pode ser bem sucedida sem a fé, na descoberta da verdade.

A razão não pode produzir fé, mas a acompanha, pois a fé não vem de um questionamento, mas pela palavra de Deus (Rm. 10.17).

Contudo, a pessoa pode tentar compreender aquilo em que acredita, envolvendo a vontade de descobrir, por exemplo, a lógica de que Deus existe, se relaciona com as pessoas e que através da teologia, poderemos defender racionalmente, a verdade das coisas de Deus pela investigação escriturística da doutrina.

Defendamos nossa fé (1 Pe.3:15; 2 Co.10:4-5),combatendo as heresias (Fp.1:7; Jd.3; Jd.22; Tt.1:9; 2Tm.2:24-25).

Extraído da Apostila Teologia Sistemática, Lima, Arcanjo e Nascimento.

 

A bíblia ensina o Universalismo


 

COLOSSENSES 1.20 – Esse versículo ensina que todos serão salvos (universalismo)?

PROBLEMA: O apóstolo Paulo escreveu aos colossenses: “porque aprouve a Deus que,… havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele [Cristo], reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1.19-20). Se Paulo diz que todas as coisas são reconciliadas com Cristo, mediante a sua morte e ressurreição, isso parece implicar que todas as pessoas serão salvas. Mas outros textos das Escrituras declaram que muitos se perderão (por exemplo, Mt 7:13-14; 25:41; Ap 20:11-15).

SOLUÇÃO: Antes de tudo, Paulo não está falando acerca da salvação universal, mas apenas da soberaniauniversal de Jesus Cristo. Em outras palavras, toda autoridade foi dada a Jesus Cristo no céu e na ter-(Mt 28:18). Em virtude de sua morte e ressurreição, Cristo, como o Ultimo Adão, é Senhor sobre tudo o que foi perdido pelo Primeiro Adão (cf. 1 Co 15:45-49).

Note o contraste entre essas duas passagens cruciais de Paulo:

EFÉSIOS / COLOSSENSES

FILIPENSES

Todos que estão em Cristo

 

Todos que se dobrarão diante de Cristo

 

Todos

Todos

no céu

no céu

 

na terra

na terra

 

debaixo da terra

 

Todos os que são salvos

Todos os que lhe estão sujeitos

Quando Paulo fala dos que estão “em Cristo” (i.e., dos que são salvos), não inclui “os que estão debaixo da terra” (i.e., os perdidos). Entretanto, todas as pessoas, salvas e não salvas, um dia se dobrarão diante de Cristo e reconhecerão o seu senhorio universal. Mas em parte alguma das Escrituras há o ensino de que todas as pessoas serão salvas (Não por falta de vontade de Deus – I Tm 2.4 – mas pela recusa dos seres humanos). A muitos Jesus dirá: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).

João disse que o diabo, a besta e o falso profeta, e todos aqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida serão lançados no lago de fogo para sempre (Ap 20:10-15). Lucas fala do grande e intransponível abismo existente entre o céu e o lugar, chamado inferno, em que os que rejeitaram a Deus vivem em tormentos (Lc 16:19-31). Paulo fala a respeito da punição dos ímpios como sendo “eterna destruição, banidos da face do Senhor” (2 Ts 1:7-9). Jesus declarou que Judas estava perdido, e chamou-o de “filho da perdição” (Jo 17:12). É evidente, por todas essas passagens, que nem todos serão salvos.

Extraído do livro MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. Norman Geisler – Thomas Howe

 
                                       O Mito do Legalismo

Proposição: Paulo, ao advertir contra o legalismo, não combate o guardar os mandamentos de Deus em fé, mas sim o considerá-los equivocadamente como um caminho para salvação, forçando os crentes gentios a guardar a lei cerimonial, ou tentar guardar a Lei independentemente de Cristo.

“Legalismo” está se tornando rapidamente um slogan usado para reprovar alguém que apela à Lei Bíblica. O termo é bíblico? A Escritura expressa tal crítica? Visto que a palavra em si – isto é, uma palavra grega ou hebraica correspondente – não ocorre na Bíblia, aqueles que usam-na como um termo de reprovação deveriam definir sua substância bíblica.

Embora preferisse eliminar completamente a expressão do nosso vocabulário, eu poderia concordar em limitá-la ao significado dado pelos Pais da Igreja: “o esforço para alcançar a justificação pelas obras da lei”. Isso, no entanto, não é o que normalmente se quer dizer, nem é adequado.

Gordon H. Clark assume que “Legalismo” na história da igreja sempre significou a expectação de que o homem poderia ganhar a salvação guardando a Lei. [1] O oposto seria a justificação pela fé, que leva à correta obediência da Lei. Clark continua:

No presente século, a expressão “legalismo” tomou um novo significado. A ética situacional despreza regras e regulamentos. Qualquer pessoa que obedeça conscientemente às leis de Deus é chamada de legalista. Por essa razão, Joseph Fletcher aprova a quebra de qualquer um dos Dez Mandamentos, e dessa forma transfere o significado negativo do “Legalismo” para o ética histórica do Protestantismo. [1]

É triste que isso não seja verdade apenas sobre a ética situacional, mas também dos fundamentalistas que creem que a Lei foi abolida e que então declaram qualquer sistema ético construído sobre a Lei como sendo legalista. Contudo, o legalismo não pode ser substituído pela ilegalidade. Greg L. Bahnsen escreve:

A resposta ao legalismo não é a crença fácil, o evangelismo sem a necessidade de arrependimento, a busca de uma segunda bênção mística do Espírito, ou uma vida cristã destituída de instrução e orientação corretas. O legalismo deve ser combatido com um entendimento bíblico da verdadeira ‘vida no Espírito’. Em tal viver, o Espírito de Deus é o autor gracioso da nova vida, que nos convence do nosso pecado e da miséria contra a lei violada de Deus, que nos une a Cristo na salvação para que possamos participar de Sua vida santa, que nos capacita a entender a orientação dada pela palavra de Deus, e que nos faz crescer pela graça de Deus, tornando-nos pessoas que obedecem aos mandamentos de Deus. [2]

O Novo Testamento descreve cinco maneiras de usar incorretamente a Lei:

1. Guardando a Lei para ser justificado e salvo. (Veja Rm 3.21-4:25, Ef 2.9-10)

2. Impondo a lei cerimonial sobre os outros. (Gl 4.9-11, Cl 2.16-17, o Livro de Hebreus)

3. Adicionando regras e tradições humanas à Lei divina. (Mc 7.1-15, Mt 15.1-9)

4. Esquecendo-se de coisas essenciais em favor de questões menores. (Mt 23.23)

5. Estando preocupado somente com a obediência externa à Lei de Deus. (Mc 7.18-23, Mt 15.15-20, Mt 23.27-28)

 

O Novo Testamento não condena o seguinte:

1. Assumir que a lei moral de Deus é incomparavelmente boa, justa santa e espiritual. (Rm 7.12, 14, 1Tm 1.8. Compare Salmos 19, 8-12 e Salmos 119)

2. Desejar guardar os mandamentos morais de Deus num espírito de filiação (não de escravidão) e no poder do Espírito Santo. (Rm 8.2-4, 3.31)

3. Admoestar os outros sobre a base da Lei divina, quando isso é feito com a atitude correta. (Ef 6.1-4)

4. Apelando à Lei moral de Deus. (Tiago 2.6-12, Rm 13.8-10)

5. Exercendo disciplina eclesiástica. (Gl 5.18-23; 1Tm 1.5-11)

Alfred de Quervain escreve de maneira similar:

Tem sido dito que restringir nossas ações à Escritura cria legalismo, que o homem está livre do legalismo somente quando ele mesmo mesmo determina a lei. Na verdade, aquele que em seu orgulho usa a Lei de acordo com sua própria opinião, age legalisticamente. Esse é o caso, quer ele pretenda guardar a letra da lei ou abandonar a lei escrita e inventar a sua própria lei. [3]

A Escritura nunca é legalista. Ninguém que deriva os seus valores da Palavra de Deus pode ser considerado legalista. Emil Brunner expressou isso bem, sem, contudo, aplicar o princípio em seu próprio sistema ético. [4]

Assim como a Escritura sem o Espírito é Ortodoxia, o Espírito sem a Escritura é falso Antinomianismo e fanatismo.[5]

O legalismo nunca deveria ser usado como slogan contra aqueles que se referem aos mandamentos de Deus, mas deve ser definido de acordo com a Bíblia e então rejeitado com base nela. Se alguém interpretar legalismo como significando o mau uso da Lei, então tal pessoa deve esclarecer a partir da Escritura o que o mau uso implica e como a Lei deve ser corretamente usada. A lista mencionada acima fornece cinco formas de legalismo e cinco usos apropriados da Lei. [6]

Neste contexto, Eduard Böhl, o professor vienense de Dogmática, enfatiza a importância de Lei de Deus para os cristãos, pois somente a Lei de Deus dá uma orientação para identificar leis e tradições falsas:

Não podemos banir a Lei do relacionamento que existe em Cristo entre Deus e o crente: não podemos buscar novos regulamentos para a nossas ações ou, de fato, elevar o nosso capricho próprio ao status de lei. Não fomos redimidos para viver de acordo com regras éticas particulares ou doutrinas de perfeição, mas para cumprir a Lei de Deus (1Co 7.19, Gl 5.6, Rom. 8:4, 13:10). A Escritura ensina claramente que o crente deve ser mantido nos caminhos da santificação pelo Espírito Santo, mas Ele usa a Palavra de Deus, particularmente os Dez Mandamentos como a norma e o governo das nossas vidas. [7]

Böhl também critica o Pietismo por sua tendência a formular novas leis piedosas no lugar da lei bíblica que ele rejeita:

O Pietismo foi apanhado neste temor, quando fez da justificação o requerimento para a santificação; a santificação parecia portanto ser uma continuação da justificação, que deveria ser provada na santificação. Essa atestação da fé pelas boas obras levou a um conjunto de expressões e características da fé da pessoa bem diferente daquele conjunto da lei divina. A genuinidade da justificação era testada por outro patrão que não a Lei de Deus. O homem criou um tipo de nova lex (nova lei), uma para o crente verdadeiro. [8]

[1] Gordon H. Clark, “Legalism”, Baker’s Dictionary of Christian Ethics. ed. Carl F. Henry (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House,1973) p. 385; reimpresso em Gordon H. Clark, Essays on Ethics and Politics (Jefferson, MD: Trinity Foundation, 1992) p. 150.

[2] Ibid.

[3] Greg L. Bahnsen, By This Standard: The Authority of God’s Law Today (Tyler, Tex.: ICE, 1985) pp. 67-68.

[4] Alfred de Quervain, Die Heiligung, Ethik, Part 1 (Zollikon: Evangelischer Verlag, 1946) p. 259.

[4] Schirrmacher, Ethik, Vol. 1, pp. 297-304 sobre Brunner (pp. 292-306); Thomas Schirrmacher, Das Mißverständinis des Emil Brunner: Emil Brunner’s Bibliologie als Ursache für das Scheitern seiner Ekklesiologie, Theologische Untersuchungen zu Weltmission und Gemeindebau, ed. Hans-Georg Wünch und Thomas Schirrmacher (Lörrach, ermany: Arbeitsgemeinschaft für Weltmission und Gemeindebau, 1982); Thomas Schirrmacher, “Das Mißverständnis der Kirche und das Mißverständnis des Emil Brunner”, Bibel und Gemeinde 89 (1989), pp. 279-311.

[5] Emil Brunner, Das Gebot und die Ordnungen (Zürich: Zwingli Verlag, 1939) p. 79.

[6] Veja também Robertson McQuillkin, An Introduction to Biblical Ethics (Wheaton, Ill.: Tyndale House Publ., 1989); David Chilton, Productive Christiians in an Age of Guilt – Manipulators, op. cit., pp. 22-25, lista quatro formas de legalismo; 1. Justificação pelas obras; 2. Tornar a lei cerimonial obrigatória; 3. Tornar leis humanas obrigatórias; 4. A confusão de pecado com crimes processados pelo Estado.

[7] Eduard Böhl, Dogmatik: Darstellung der christlichen Glaubenslehre auf reformiert – kirchlicher Grundlage (Amsterdam: Scheffer, 1887), p. 515.

[8] Ibid., note 1, p. 515

Fonte: Galatians between Legalism and Antinomianism, p. 65-69.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto 
 

                                 Heresia - o que é na verdade?

                                                        
 
 
As palavras são usadas sem um cuidado pleno, e seu uso corriqueiro enfraquece sua real origem. É assim que acontece com todos os termos, a semântica vivaacrescenta com o passar do tempo novas facetas, algumas nem mesmo possíveis no início histórico do termo. Hoje os termos “heresia e ortodoxia” são usados sem nenhuma regra definida. Depende de onde ou quem é que fala.
 
A Bíblia, porém, qualifica falsos ensinos como passos para perdição.  Heresia é pecado e como tal levará qualquer um para o inferno.
 
“Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.” Mateus 23:13 (ACF)
 
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.”  2 Pedro 2:1 (NVI)
 
“Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.”  2 Pedro 3:16
 
Portanto, será sábio termos em mente o que de fato é heresia e diferenciá-la do que seria apenas uma interpretação equivocada. A Bíblia nos fala da possibilidade de existir pontos de vistas diferentes, ainda que errados, mas não necessariamente heréticos:
 
“Contudo, nem todos têm esse conhecimento. Alguns, ainda habituados com os ídolos, comem esse alimento como se fosse um sacrifício idólatra; e como a consciência deles é fraca, esta fica contaminada.” 1 Coríntios 8:7 (NVI)
 
“Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos.” Romanos 14:1 (NVI)
Como definir então o que é uma heresia ou o que é apenas uma posição equivocada? Eu tenho comigo três assuntos essenciais que podem ser um norte para definirmos o que é ortodoxia e heresia, e a imagem da postagem vai te ajudar a decorar essa proposta.
 
 
  • Salvação
  • Bíblia
  • Trindade

 

 
Os assuntos expostos por cada verbete, não podem ser afetados. Se  o ensino diz que a Salvação vem por meios que a não seja apenas pela graça por meio da fé na pessoa de Jesus Cristo, é uma falsa salvação anunciada (Ef 2.8; Jo 3.16). Evidentemente sem a salvação verdadeira, só resta perdição. Se o ensino dilui a suficiência, inerrância e infabilidade da Bíblia, não é possível conhecer nada de Deus com precisão, nem Sua pessoa nem Sua salvação. O caminho estará errado, o destino também o será. É desonrar a Voz de Deus (Jo 17.17; II Tm 3.15; II Pe 3.16). Por último, a doutrina de Deus deve ser exatamente o que ensino trinitariano bíblico conforme exposto nos credos históricos. Não existe outro Deus na Bíblia fora da concepção trinitária (Dt 6.4; Mt 28.19; etc [Veja AQUI uma lista de 50 textos bíblicos no NT que ensinam a trindade]). Não existe outro Deus que seja Criador, Salvador e Consolador.

 

 
Penso que tais são diretrizes simples e bíblicas, na concepção correta do que é uma heresia. 
 

Apologética: Uma necessidade para o evangelismo              

Uma necessidade para o evangelismo

É indiscutível o fato da apologética se tornar cada vez mais necessária para a proclamação da Palavra de Deus. Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. A apologética sem o evangelismo é praticamente vã e o evangelismo sem a apologética se torna cada vez mais ineficaz.

A simples defesa do cristianismo é inútil quando não temos posteriormente a essencial proclamação da Palavra. A defesa é útil para a proclamação e deve estar intimamente relacionada a esta última. É preciso entender o quanto à apologética é útil, mas também o quanto ela pode se tornar inútil quando não utilizada de forma correta.

O apologista cristão Francis A. Schaeffer dizia que o homem moderno, quase em sua totalidade, está tomado pelo relativismo. O pensamento moderno mudou drasticamente o homem e para tanto se torna imprescindível que as formas de evangelismo também sofram intensas mutações. Uma destas mutações é aliar-se forçosamente a apologética.

O relativismo a que Schaeffer se referia pode ser verificado na prática. Estou evangelizando uma jovem de 21 anos, ela diz que todas as coisas etéreas que formam o homem, tais como moral e sentimentos, tem fundamentação orgânica.

Este pensamento conduz necessariamente ao relativismo, pois reduz a moral a um mero mecanismo orgânico (como um hormônio, por exemplo), e pensando assim existe uma relativização do certo e do errado. O homem é reduzido a um ser impessoal e suas atitudes não são essencialmente certas ou erradas, mas indicam sua necessidade de sobrevivência. Como na selva os animais lutam pelo seu espaço (e não precisam se culpar se matam um ao outro para conquistar seus objetivos), os homens também não precisam se culpar se passam por cima do seu próximo – isso é inclusive necessário para a manutenção da raça humana.

A minha pergunta é a seguinte: como é possível simplesmente evangelizar uma pessoa assim? O evangelismo puro e simples neste caso não surtirá muito efeito, pois a mente desta jovem está tomada pelo relativismo. Se ela não diferencia o certo e o errado, simplesmente dizer a ela que Cristo morreu em seu lugar se torna algo incompleto e ineficaz. Aqui nasce a apologética, enquanto uma ferramenta eficaz para o evangelismo.

No caso desta jovem, preciso prová-la que somos munidos sim de uma moral, que está longe de ser um mecanismo puramente orgânico, e para tanto necessito da apologética. Preciso defender racionalmente minha fé e mostrá-la como seu pensamento está baseado na irracionalidade. A partir daí será possível evangelizar, sem estar falando ao vento.

Insisto novamente que a apologética é importante, mas que deve ser seguida do evangelismo, ou tudo volta à estaca zero. A apologética deve fazer parte do processo evangelístico, e precisa contar para tanto com o essencial auxílio do Espírito Santo.

É imprescindível preparar a nova geração para evangelizar utilizando-se da apologética. A cada evolução da ciência, a cada nova filosofia, o homem se afasta mais da realidade da Palavra de Deus. A ciência vai se multiplicando e a amor se esfriando. Cabe a nós, como cristãos, defender e comunicar o Evangelho transformador nos adaptando as inevitáveis transformações do mundo.

 

Marcha pela Família reúne 100 mil em Brasília

por Julio Severo

 
 

Antes do evento, mídia secular apostava um público de apenas 30 mil pessoas, mas no dia a aglomeração foi muito maior, conforme apontou Portal Fé em Jesus

“Esse nosso evento é um ensaio, um exercício de cidadania. Não somos cidadãos de segunda classe, vamos influenciar a nação,” disse o Pr. Silas Malafaia com entusiasmo a uma multidão estimada em mais de 100 mil pessoas, de acordo com o Portal Fé em Jesus.

A multidão, composta de gente simples, ordeira e pacata, estava ali reunida para atender ao chamado do pastor assembleiano, que havia em seus programas de TV e mídias convocado os evangélicos e brasileiros pró-família para um manifesto público em defesa da família, da vida e das liberdades de expressão e religião na tarde de quinta-feira (5 de maio) em Brasília.

A manifestação foi o primeiro grande ato contra a resolução ditatorial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obrigando os cartórios de registro a fazer “casamentos” gays.

O deputado João Campos (PSDB-GO), ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, disse que o evento foi necessário porque o PT está tentando colocar uma mordaça na imprensa, ao pretender impor controles na mídia, especialmente as mídias cristãs. “O Estado laico não é o religioso nem o antirreligioso. É o que garante a liberdade de crença,” disse ele.

Outro alvo da manifestação foi a ameaça do PLC 122, que transforma em crime toda crítica às práticas homossexuais. A manifestação se tornou mais necessária, pois apenas um dia antes da Marcha pela Família, Renan Calheiros (PDMB-AL), o presidente do Senado, afirmou que, com ou sem consenso, vai fazer com que o Senado priorize a aprovação do PLC 122.

Teria tentado Calheiros, cuja eleição para presidente do Senado foi marcada pela exposição de seus escândalos políticos, afrontar a manifestação pró-família?

Calheiro não é o único que vê com maus olhos iniciativas em favor da família. A mídia esquerdista brasileira, que adora inflar os números das paradas gays, fez tudo o que pôde para pintar, para seus espectadores, um quadro de pequenez para a Marcha pela Família.

De acordo com denúncia do Portal Fé em Jesus, o CorreioWeb anunciou 8 mil pessoas, mas depois corrigiu. O Estadão também optou por apresentar um número murcho para o evento.

O Congresso Em Foco, que é a coroa da mídia pró-PT no Congresso Nacional, apostou em apenas 30 mil pessoas, numa reportagem que não conseguiu esconder seu azedume por um evento de protesto contra o aborto, contra o “casamento” gay e contra o ditatorial PLC 122.

Anos atrás, ao tratar da Marcha para Jesus, o Congresso Em Foco retratou o evento como igual à Parada Gay, como se ambas as passeatas fossem marcadas por farras, bebedeiras, violência e sexo anal. Mas na hora de entrar na questão dos números, a igualdade foi zero. O veículo pró-sodomia fez questão de atribuir números estratosféricos às paradas gays. A Marcha para Jesus ou a Marcha pela Família? O Congresso Em Foco não viu e, mesmo antes de ver, já pode garantir: foi pequena.

A realidade da força desses eventos ou os sentimentos pró-família do povo brasileiro pouco mexem com o senso do Congresso em Foco em particular ou da grande mídia geralmente.

Num artigo sobre comportamento homossexual, feito com sua notória parcialidade designada para produzir nos leitores reações de apoio às causas gays, o Congresso Em Foco se deparou com um fato inédito em seus anos de propaganda esquerdista: os leitores manifestaram seus sentimentos pró-família discordando da descarada propaganda pró-homossexualismo. O artigo acabou se tornando, até aquela ocasião, o mais comentado de Congresso Em Foco, que não teve outro recurso se não acusar seus próprios leitores de “homofobia.”

É muito difícil praticar jornalismo honesto no Brasil. Mas é fácil, em cargos políticos ou jornalísticos, adulterar dados, números, estatísticas e fatos, com apenas uma canetada maliciosa, em favor de agendas destrutivas, como a agenda gay, e em desfavor dos sentimentos da maioria do povo brasileiro, que é pró-família.

Tais sentimentos não são respeitados nem mesmo quando são manifestos por seus próprios leitores e eleitores.

O Congresso Em Foco preferiria, é claro, passeatas evangélicas mais alinhadas com os objetivos da ONU. Elas existem, mas não foi o que aconteceu no evento em Brasília.

O fato é que o povo compareceu em massa à Marcha pela Família em Brasília. Sua mensagem foi clara: Queremos vida, não morte nem aborto. Queremos família, não falsificações grosseiras, inclusive o “casamento” gay. Queremos liberdade, não opressão.

Um recado poderoso foi passado aos políticos e à mídia: com ou sem canetadas maliciosas, o povo está de olho e vai lutar pela família.

Com informações do Portal Fé em Jesus e do Congresso Em Foco.

Fonte: www.juliosevero.com

 

APOLOGIA

 

“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4.7).

Depois de uma prolongada enfermidade, nosso querido amigo Dave Hunt finalmente alcançou seu alvo em 5 de abril de 2013. O versículo acima expressa apropriadamente sua vida e obra. Ele realmente combateu o bom combate. Dave defendeu corajosamente os princípios fundamentais da Sagrada Escritura. Foi uma luta marcada por muita oposição, mas ele concluiu o seu chamado. Os livros que escreveu continuarão testemunhando de sua fé inabalável em seu Senhor, que manteve até o final. Para Dave Hunt não há mais oposição, nem luta, nem lágrimas, nem sofrimento, nem decepções, e o tempo não mais existe.

Dave Hunt atuou como palestrante em vários congressos proféticos da Chamada da Meia-Noite no Brasil, para onde sempre veio acompanhado da sua esposa, Ruth. Os participantes recordam com gratidão os muitos ensinamentos bíblicos recebidos e os momentos de comunhão com o casal. Ele também falou em conferências da Chamada nos EUA e em Zurique, na Suíça.

Além dos livros de sua autoria em língua portuguesa, foram lançados muitos DVDs com suas palestras. Para conhecê-los, clique aqui » Para ler os artigos de Dave Hunt em nossos sites, clique aqui »

Apesar de seu imenso conhecimento acumulado, ele agora experimenta pela primeira vez o cumprimento de 1 Coríntios 2.9:“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.

Com este anúncio, expressamos as nossas condolências à família Hunt e aos obreiros de The Berean Call.

Nota do CACP: Uma perda irreparável! Sem dúvida, Hunt fará muita falta para o mundo cristão.  Endoçado por este Ministerio.

Extraído do site da Chamada em 22/04/2012

Apologia - Definindo o seu real Objetivo

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A importância da Apologia

 
Geralmente muitos cristãos nunca ou quase nunca ouviram falar em apologia e uma grande parcela nunca leu nada sobre o assunto. O que é apologia ? Para que serve ? Onde emprega-la ? Para sabermos o que é apologia precisamos primeiro saber o que não é.
 
O Que Não é Apologia. 
 
1. Apologia não é criticar a religião dos outros.
2. Apologia não é menosprezar as demais crenças.
3. Apologia não é declarar guerra aos demais credos.
 
Etimologia da Palavra
 
O dicionário "Aurélio século XXI" define apologia como: "Discurso para justificar, defender ou louvar." A palavra grega nos escritos neotestamentario para "responder" é apologia. Essa palavra aparece em I Pedro 3:15 "antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós". 
Portanto, apologia dentro do contexto evangélico-eclesiástico, é a habilidade de responder com provas adequadas e sólidas a fé cristã perante as demais religiões. Já que o cristianismo é uma religião de fatos, ou como bem expressou certo apologista: "é uma religião que apela aos fatos da história", ela se serve de tais meios para fundamentar seus argumentos.
A apologia é parte inseparável da teologia, sendo que aquela, serve-se desta, para desenvolver um plano lógico e sistemático nas questões argumentativas concernentes á fé cristã.
O cristianismo é uma religião que por sua natureza exclui quaisquer outros credos como verdadeiros, a não ser ele mesmo. Por isso, ele entra em choque com as demais religiões existentes, que são sem exceções, produtos das idéias dos homens, que na ânsia de sua procura pelo sagrado, por Deus, aliena-se nas suas próprias imaginações, resultado da depravação total da qual está sujeita a humanidade sem Deus. Enquanto as demais religiões apresentam vários intercessores e deuses e, mormente, vários caminhos que levam a tais deidades, o cristianismo por sua vez apresenta um só mediador e um só caminho que leva exclusivamente a apenas um único Deus verdadeiro.
Neste choque de crenças a apologia se torna indispensável. Ela nasce forçosamente como uma resposta ao ataque á sã doutrina que muitas vezes se apresenta sob diversas faces. 
 
Quase todas as epístolas foram escritas visando à defesa da fé cristã (no sentido de corrigir erros doutrinários) contra os ataques de fora, e muitas vezes de dentro da própria igreja.
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