APOLOGIA ÀS DOUTRINAS DE CRISTO
Calvinismo, Arminianismo e a teologia da Expiação
A pergunta é:
Por quem Cristo morreu? Somente pelos eleitos ou por todos?
A Natureza da Expiação
Antes de abordar o assunto, devo referir-me brevemente à natureza da expiação. Como a maioria dos calvinistas, os arminianos reformados creem na “visão da satisfação penal” da expiação. Esta é uma expiação verdadeiramente “vicária” – substitutiva. Jesus verdadeiramente sofreu na cruz a penalidade pelos nossos pecados. Ele suportou a ira de Deus em nosso lugar. 2Co 5.21 diz, “Ele o fez pecado por nós”. Ele foi punido na cruz pelos nossos pecados, embora ele não tenha cometido nenhum pecado.
Digo isto porque existe uma corrente histórica do Arminianismo que ensina, na verdade, o que é chamado de “visão governamental” da expiação, desenvolvida por um dos seguidores posteriores de Armínio chamado Hugo Grotius. Grotius dizia que Jesus morreu para sustentar o governo justo de Deus do mundo. Nesta perspectiva, a expiação é um testemunho de que o pecado exige perdão, não punição; Jesus morreu pelos nossos pecados, mas não para suportar a pena dos nossos pecados. Eu recomendo um capítulo no livro do Sr. Forlines, The Quest for Truth[2] (A Busca pela Verdade), sobre este assunto.
Razões para Crer na Expiação Universal
O Arminianismo insiste que Jesus morreu por cada pessoa na história do mundo: que Deus tanto amou o mundo, e não apenas os eleitos, que deu o seu único Filho pelos pecados do mundo. Isso às vezes é chamado de expiação ilimitada, expiação universal ou expiação geral. (Os batistas calvinistas costumavam ser chamados de “batistas particulares”, enquanto todos os batistas arminianos costumavam ser chamados de “batistas gerais”.)
A expiação universal se encaixa nas declarações bíblicas de que Deus quer a salvação de todos, especialmente 2Pe 3.9 e 1Tm 2.4. Seria estranho, na verdade, se Deus realmente quisesse ou desejasse a salvação de todos, mas enviasse o seu Filho para morrer somente pelos eleitos! Faz muito mais sentido que Deus tenha providenciado uma oportunidade para todos, visto que Ele deseja a salvação de todos.
A expiação universal é logicamente exigida pelas passagens que fazem referência à condenação de pessoas por quem Cristo morreu, especialmente 1Co 8.11 e Rm 14.15. Esses dois textos lidam com o mesmo problema: por um comportamento descuidado pode-se ameaçar o bem-estar espiritual de um irmão ou irmã em Cristo. E isso aumenta o perigo de que alguém por quem Jesus morreu possa finalmente perecer. Nesse caso, é claro que ele não morreu apenas pelos eleitos.
A propósito, isto está relacionado com a teologia da apostasia. Se uma pessoa regenerada realmente pode apostatar e se perder, então alguém por quem Cristo morreu pode perder-se. Se Jesus não morreu pelo apóstata, ele nunca poderia ter sido salvo em primeiro lugar!
A expiação universal se encaixa no fato que a Bíblia oferece salvação a todos e nos obriga a pregar o evangelho a todos.
Que a Bíblia apresenta a oferta como universal é evidente em todas as passagens que dizem “quem quiser”, como Ap 22.17 e Jo 3.14, 15; compare Jo 12.32: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”.
Que a Bíblia nos ordena a pregar o evangelho – apresentar esta oferta – a todos é igualmente claro em passagens como Mc 16.15. Rm 1.14-16 mostra que Paulo plenamente percebia isto como sua obrigação, visto que “o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”.
Os calvinistas não negam que a Bíblia oferece a salvação a todos e que somos responsáveis por pregar a oferta do evangelho a todos. Porém, eu acho que eles não conseguem ser logicamente consistentes aqui: a salvação não pode ser verdadeiramente oferecida a alguém por quem Cristo não morreu. Suponha que eu diga a uma criança paralítica, “Se você apenas estender a sua mão para pegar, darei este doce a você”. Isso me soa mais como zombaria do que uma “oferta”!
A expiação universal se encaixa melhor no fato que os incrédulos são culpados, na Bíblia, não apenas por seus pecados mas pela sua rejeição de Cristo e da salvação oferecida nele pelo evangelho. Considere Jo 3.18 ou 1Jo 5.10, 11, como exemplos. Nesta última referência, o ponto é que aquele que não crê, rejeitou, na verdade, o testemunho do próprio Deus, tornando-o um mentiroso. E qual é esse testemunho? Que ele nos deu a vida eterna em seu Filho. Mas se Jesus não morreu por aqueles que finalmente não creem nele, então Deus não deu testemunho de que ele proporcionou a vida eterna a eles e eles não rejeitaram o testemunho de Deus!
A Bíblia claramente culpa os pecadores por rejeitar o evangelho. Isso deve significar que a oferta é genuína, que Jesus realmente morreu por eles.
A expiação universal explica melhor aquelas escrituras que falam da provisão de Deus como correspondendo às necessidades humanas. A melhor passagem aqui é Rm 3.22-25, onde Paulo fala da justiça que está disponível, pela fé em Jesus Cristo, a todos e sobre todos os que creem. Ele corrobora esta afirmação com rigorosa lógica dizendo:
– Porque não existe diferença
– Porque todos pecaram e estão afastados da glória de Deus
– Sendo justificados gratuitamente pela sua graça através da redenção que está em Cristo Jesus.
A frase “sendo justificados gratuitamente pela sua graça através da redenção que está em Cristo Jesus” modifica o mesmo “todos” que Paulo diz “todos pecaram”. Todos pecaram; todos têm acesso à justificação com base na obra redentora de Cristo. A provisão corresponde à necessidade.
Finalmente (no livro eu cito nove argumentos), a Bíblia claramente ensina que Jesus morreu por todos e não apenas por um número escolhido. Considere 1Jo 2.2; 1Tm 2.6; Hb 2.9; Jo 3.16-18, 2Co 5.14, 19; Rm 5.18, Tt 2.11. Como o Dr. Vernon Grounds ironicamente disse: “É preciso talento exegético… para esvaziar estes versículos de seu significado óbvio”.
Argumentos Calvinistas
Você precisa conhecer algumas coisas que os calvinistas dizem em oposição.
Os calvinistas apontam para os versículos que dizem que Jesus morreu pelo seu povo ou pela igreja e os interpretam como significando que ele morreu somente pelo povo escolhido de Deus. Estes incluem Mt 1.21; Jo 15.13; Jo 10.15, Ef 5.23-26; At 20.28; Tt 2.14; e outros.
Nós cremos em ambos os grupos de versículos: ele morreu por nós e ele morreu por todos. Se ele morreu por todos, isso nos inclui.
Considere Gl 2.20: Paulo diz que Jesus “me amou e se entregou por mim”. Obviamente, isso não significa que Jesus não se entregou por ninguém mais. Da mesma forma, os versículos que falam de Jesus morrendo por nós, pela igreja, pelo povo de Deus, não significam que ele não morreu por ninguém mais.
Os calvinistas geralmente alegam que “todos” – nas passagens que dizem que Jesus morreu por todos – não significa realmente cada uma ou todas as pessoas na história do mundo. Ao invés disso, elas querem dizer que Deus quer a salvação dos eleitos entre todos os povos, classes e grupos étnicos na sociedade: Deus ama e salva os eleitos, sejam eles judeus ou gentios, de uma nação ou de outra, ricos ou pobres, jovens ou velhos.
Eu penso que essas tentativas deixam de lidar de forma séria com esses versículos, e para concluir quero enfatizar 1Jo 2.2.
1Jo 2.2
Este versículo é um bom exemplo da última razão, acima, para a expiação universal: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro”.
O que João quer dizer com “mundo”? Ele usa esta palavra 23 vezes nesta breve carta, indicando consistentemente o próprio oposto do povo de Deus. Considere 2.15-17; 3.1, 13; 4.1-5; 5.4, 5, 19. O povo de Deus e “o mundo” são dois povos diferentes, hostis entre si. Certamente João usa “mundo” em 2.2 da mesma maneira e não como uma referência ao restante dos eleitos no mundo.
As outras passagens nesta carta onde “nós” ou “nos” se encontra em comparação com “o mundo”, como aqui em 2.2, também torna isso claro. Há quatro dessas passagens: 3.1; 4.5, 6; 5.4, 5 e 5.19: “Nós somos de Deus, e o mundo inteiro jaz no maligno”. Isto estabelece o ponto acima de qualquer argumentação. “Nós” e “o mundo” são dois reinos diferentes. Mas não devemos ter orgulho: Jesus morreu não somente por nós, mas por aqueles que nos odeiam; não somente por nós, mas por aqueles que estão nas garras do maligno. Não somente por nós, mas pelo mundo ímpio que o rejeitou.
E é, portanto, nossa responsabilidade dizer a esse mundo que ele morreu por eles.
[1] Nota do Tradutor: Robert E. Picirilli. Grace, Faith, Free Will, Contrasting Views of Salvation: Calvinism and Arminianism (Graça, Fé e Livre-Arbítrio, Contrastando Visões da Salvação: Calvinismo e Arminianismo) (Nashville: Randall House, 2002).
[2] Nota do Tradutor: F. Leroy Forlines. The Quest for Truth: Answering Life’s Inescapable Questions (A Busca pela Verdade: Respondendo as Questões Inevitáveis da Vida) (Nashville: Randall House, 2001).
O Livro da Vida e a salvação
Muita discussão tem sido feita sobre se um salvo pode ou não pode perder a salvação, se ele pode ou não pode ter seu nome riscado no livro da vida. Deixarei essa discussão para depois. Por hora, cabe abordarmos a questão sobre quando que estes nomes são escritos no livro, que é o que nos interessa neste capítulo sobre a predestinação.
Para os calvinistas, é óbvio que Deus escreve desde antes da fundação do mundo, pois ele os predestina antes da fundação do mundo. Calvino, por exemplo, disse enfaticamente que nós “não devemos duvidar que Deus tenha registrado os nossos nomes antes que o mundo fosse feito”[1]. Já para os arminianos, isso ocorre somente a partir do momento da conversão do indivíduo, não porque Deus não saiba que ele irá se converter, mas porque ele respeita as livres decisões do homem, que pode escrever sua própria história[2].
A pergunta que fica é: a Bíblia diz que os nomes começam a ser escritos no livro desde a fundação do mundo (arminianismo) ou antes da fundação do mundo (calvinismo)? O apóstolo João nos responde a isso, no Apocalipse:
“A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, ainda que é” (Apocalipse 17:8)
Comentando este texto, o pastor Ciro Sanches disse:
“Há uma enorme diferença entre antes da e desde a. No grego, o termo apo significa ‘a partir de’. Segue-se que a expressão ‘desde a fundação do mundo’ denota que os nomes dos salvos vêm sendo inseridos no livro da vida desde que o homem foi colocado na terra fundada, criada por Deus (Gn 1), e não que haja uma lista previamente pronta antes que o mundo viesse a existir”[3]
Se os nomes começam a ser escritos no livro da vida desde a fundação do mundo, isto é, a partir daquele momento, então eles não foram já previamente escritos antes dele, como cria Calvino e como creem os calvinistas. E se os nomes dos salvos não são escritos antes da fundação do mundo, então eles não foram definidos por Deus na eternidade, em uma predestinação e escolha arbitrária de indivíduos.
Antes da fundação do mundo foi definido que quem cresse em Cristo seria salvo (eleição corporativa), e não quem individualmente creria. Individualmente falando, o nome de cada pessoa só é escrito quando ela se converte, porque nada foi definido de antemão a respeito dela.
[1] Sermão sobre a Eleição, p. 7. Disponível em:
[2] Lembremos mais uma vez que a presciência de Deus não é causativa. O que causa os acontecimentos são as escolhas do homem. Por isso, embora Deus saiba quem irá ser salvo e quem irá se perder, ele decide escrever os nomes no livro somente a partir do momento da conversão de cada um, que é quando de fato alguém passa a ser salvo.
[3] ZIBORDI, Ciro Sanches. Depois de salvo, alguém pode ter o nome riscado do livro da vida? Disponível em:
Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo: quem está com a razão?”, Banzoli, cedido pela comunidade de arminianos do Facebook
O sal perde o sabor e o crente a salvação?
“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens” (Mateus 5.13)
“O sal é bom, mas se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros” (Marcos 9.50)
As palavras acima deixam claro que é possível que o sal perca seu sabor, de modo que não possa mais ser restaurado. Obviamente, Jesus não estava preocupado com o sal, mas estava fazendo uma analogia com os crentes, que ele disse que são “o sal da terra” (Mt.5:13), Mas, ao invés de dizer que este sal nunca poderá perder seu sabor ou deixar de ser salgado (o que indicaria logicamente a perda da salvação), ele diz exatamente o contrário, confirmando, mais uma vez, que uma vez salvo não é, necessariamente, salvo para sempre.
O termo “restaurar” nos mostra que a referência é a pessoas que uma vez foram salvas, pois se o texto estivesse falando de falsos convertidos que nunca foram salvos de verdade ele nunca teria empregado a palavra “restaurar”, que induz ao fato de que já foram transformados uma vez. Eles não poderiam “perder” o sabor se já não tivessem tido o sabor. Se Jesus estivesse falando de falsos convertidos, ele não teria dito que eles eram o sal da terra, mas que pareciam ser o sal da terra. Mas o texto transmite a ideia de algo real, de alguém que realmente foi salvo uma vez.
Além disso, o mundo não é “sal”, e nem pode ser considerado “bom”, como Jesus disse em relação ao sal (Mc.9:50). O sal é, então, claramente uma figura dos crentes fieis. Mas Jesus também disse que esse sal pode perder o seu sabor e nunca mais ser restaurado, que não servirá para nada e que será jogado fora e pisado pelos homens (Mt.5:13).
Isso é nitidamente um retrato da condenação de pessoas que se perderam. É difícil imaginar que Jesus estivesse dizendo que pessoas ainda salvas não servissem para nada, não pudessem ser restauradas e seriam pisadas pelos homens. Isso a Bíblia sempre fala em relação aos descrentes, nunca aos crentes. Em Malaquias, por exemplo, Deus disse:
“Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha, e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. E pisareis os ímpios, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que farei, diz o Senhor dos Exércitos” (Malaquias 4:1-3)
Os que são “pisados”, portanto, se refere aos ímpios que serão condenados no juízo. Jesus não estava inventando ou acrescentando nada que já não tivesse sido claramente dito por Deus acerca dos ímpios e que era muito bem conhecido pelos judeus. Eles sabiam perfeitamente que o “pisados pelos homens” era uma referência à condenação dos ímpios descrita em Malaquias, onde exatamente esta mesma linguagem havia sido empregada.
Portanto, por consequência lógica essa associação demonstra que o “sal” não apenas “perde uma recompensa”, mas incorre na mesma condenação dos ímpios, e isso só pode ocorrer por ter perdido a salvação, já que ele realmente era um “sal da terra” antes, e não um falso convertido. A possibilidade da perdição foi aberta, então ela pode acontecer.
Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo: quem está com a razão
Calvinismo: um decreto horrível
“Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é negá-la” (TOMÁS DE AQUINO)
Eu sempre fui ensinado, desde criança, que o calvinismo era um erro teológico. Mas isso foi só até a época em que eu passei a estudar melhor o assunto. Depois que comecei a ler os escritos de Calvino, descobri que eu estava enganado. Não, o calvinismo não era apenas um erro teológico: era um ensino terrível e assombroso, como o próprio Calvino admitiu, quando disse: “certamente confesso ser esse um decretum horribile”[1].
Por que Calvino chamou sua doutrina do decreto divino de “horrível” ou “espantosa”? Porque ele sabia que, se levada às suas consequencias irredutíveis, sua doutrina transformaria Deus em um mostro moral que predestina todos os acontecimentos maléficos da humanidade, que faz dos seres humanos marionetes nas mãos de um Criador que faz acepção de pessoas, que só ama os eleitos e que não deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.
Um deus que predestina alguns para a salvação e outros para um tormento eterno. Que criou seres pré-ordenados a sofrerem eternamente. Que criou o mal e que ordenou o pecado. Que determinou cada evento que aconteceria neste planeta, inclusive esposas que seriam espancadas por seus maridos, crianças estupradas por pedófilos, genocídios, Holocausto, tortura, assassinato. Um deus que, como disse Olson, “só pode ser temido e mal pode ser diferenciado do diabo”[2]. E o pior: que faz tudo isso para a sua glória!
Como disse Dave Hunt:
“Todos os argumentos dos calvinistas possuem um propósito: provar que Deus não ama a todos, isto é, provar que Cristo não morreu por todos, provar que Deus não é bondoso com todos. E que, na verdade, Ele se agrada em mandar multidões para o inferno. Que amor é este?”[3]
Além disso, a teologia calvinista nos leva a outros problemas. Por exemplo: por que eu oraria para um descrente ser salvo? Se ele foi predestinado por Deus para ser salvo (e essa predestinação é fatalista e a graça é irresistível), então não há qualquer necessidade de eu orar para que esse descrente seja salvo, pois ele será salvo de qualquer jeito. Mas, se ele não foi predestinado (o que significa que ele foi predestinado para a perdição), então qualquer oração que eu faça por ele será completamente inútil, pois ele já estaria pré-ordenado para ir para o inferno e não haveria nada que alguém pudesse fazer para reverter isso. Ou seja: a oração seria inútil de um jeito ou de outro.
A mesma coisa se aplica a missões: para que sair daqui para pregar o evangelho na África ou na Ásia em países perseguidos se aqueles que foram predestinados serão salvos de qualquer jeito? E, se não foram predestinados, não será a minha pregação que irá mudar isso. Ou seja: a oração e a pregação seriam completamente inúteis, sem sentido lógico de existir – de acordo com o método calvinista.
Por outro lado, se Deus não determinou tudo o que irá acontecer – embora saiba tudo o que irá ocorrer –, então a oração e evangelização são absolutamente necessárias. Então vidas podem ser salvas se orarmos, e perder-se pela falta de oração. Então almas podem ser ganhas para Cristo se formos pregar onde Cristo não é pregado – vidas essas que poderiam não ser salvas se não fôssemos pregar. Isso dá sentido à vida cristã. Faz com que a prática do evangelho não seja algo inútil e sem razão de ser. Ou, para ser mais claro, isso é ser arminiano.
Calvinistas admitem tudo isso? Nem todos. Eles disfarçam isso em meio à sua teologia, mascarada sob o nome de “soberania divina”. Assim, eles pretendem dizer que todos aqueles que não creem no calvinismo não creem na soberania de Deus ou na graça soberana. Fazem verdadeiros espantalhos da teologia arminiana[4], comparando-a ao pelagianismo, ao semipelagianismo e ao romanismo[5]. Tudo isso para encobrir as conclusões que se chegam através de sua própria teologia.
Como disse Jerry Walls:
“O debate entre calvinismo e arminianismo não tem sua ênfase na liberdade, mas na bondade de Deus. O arminiano defende, em primeiro lugar, não a liberdade humana, mas a bondade divina, que o calvinista parece afogar em nome da soberania”[6]
Aqui um calvinista poderia alegar: “Mas você está fazendo um espantalho da doutrina calvinista. Ela não ensina isso!”. De fato, muitos calvinistas, quando refutados por arminianos, se defendem dizendo que “o calvinismo não ensina isso”. Em um debate televisivo, o pastor presbiteriano Welerson Alves Duarte disse: “Muitas críticas e argumentos que nós ouvimos contra o calvinismo, na verdade não tratam de calvinismo. Um espantalho é criado e conceitos que nenhum calvinista defende são apresentados como se fosse calvinismo, e então fica fácil argumentar contra a outra parte”[7].
Para evitar que um calvinista use tal argumento contra este livro, dizendo que certa afirmação não representa o que é crido no calvinismo, farei questão de expor mais de duas centenas de citações de Calvino e outras centenas de citações de outros autores calvinistas famosos ao longo de todo o livro.
Uma análise meticulosa nos escritos de Calvino nos mostra claramente que ele era muito mais “calvinista” do que se imagina, e que os calvinistas extremados têm razão em se dizerem os verdadeiros seguidores da sua doutrina. Embora muitos hoje tentem suavizar os ensinos de Calvino, o próprio Calvino não suavizou sua doutrina nem um pouco, mas foi bem aberto em dizer, por exemplo, que o assassino mata os inocentes por um decreto de Deus:
“Imaginemos, por exemplo, um mercador que, havendo entrado em uma zona de mata com um grupo de homens de confiança, imprudentemente se desgarre dos companheiros, em seu próprio divagar seja levado a um covil de salteadores, caia nas mãos dos ladrões, tenha o pescoço cortado. Sua morte fora não meramente antevista pelo olho de Deus, mas, além disso, é estabelecida por seu decreto”[8]
Ou então que Deus deseja os roubos, os adultérios e os homicídios:
“Mas, replicarão, a não ser que ele quisesse os roubos, os adultérios e os homicídios, não o haveríamos de fazer. Concordo. Entretanto, porventura fazemos as coisas más com este propósito, ou, seja, que lhe prestemos obediência? Com efeito, de maneira alguma Deus não no-las ordena; antes, pelo contrário, a elas nos arremetemos, nem mesmo cogitando se ele o queira, mas de nosso desejo incontido, a fremir tão desenfreadamente, que de intento deliberado lutamos contra ele”[9]
Ou então que o único motivo pelo qual os crimes acontecem é pela administração de Deus, e que os próprios homicidas e malfeitores são meros instrumentos nas mãos de Deus para praticar tais atos horrendos:
“Os crimes não são cometidos senão pela administração de Deus. E eu concedo mais: os ladrões e os homicidas, e os demais malfeitores, são instrumentos da divina providência, dos quais o próprio Senhor se utiliza para executar os juízos que ele mesmo determinou. Nego, no entanto, que daí se deva permitir-lhes qualquer escusa por seus maus feitos”[10]
Ou então que Deus lança os infantes a uma morte eterna por causa de um decreto horrível, porque assim lhe pareceu bem:
“De novo, pergunto: donde vem que tanta gente, juntamente com seus filhos infantes, a queda de Adão lançasse, sem remédio, à morte eterna, a não ser porque a Deus assim pareceu bem? Aqui importa que suas línguas emudeçam, de outro modo tão loquazes. Certamente confesso ser esse um decretum horribile. Entretanto, ninguém poderá negar que Deus já sabia qual fim o homem haveria de ter, antes que o criasse, e que ele sabia de antemão porque assim ordenara por seu decreto”[11]
Ou então que Deus não só permite, mas incita os ímpios às maldades contra nós:
“A suma vem a ser isto: que, feridos injustamente pelos homens, posta de parte sua iniquidade, que nada faria senão exasperar-nos a dor e acicatar-nos o ânimo à vingança, nos lembremos de elevar-nos a Deus e aprendamos a ter por certo que foi, por sua justa administração, não só permitido, mas até inculcado, tudo quanto o inimigo impiamente intentou contra nós”[12]
Ou então que o pecado dos ímpios provém de Deus:
“Que os maus pequem, isso eles fazem por natureza; porém que ao pecarem, ou façam isto ou aquilo, isso provém do poder de Deus, que divide as trevas conforme lhe apraz”[13]
Ou então que a própria Queda de Adão foi preordenada por Deus:
“A Queda de Adão foi preordenada por Deus, e daí a perdição dos réprobos e de sua linhagem”[14]
Ou então que essa Queda e a condição depravada do ser humano ocorreram pela vontade de Deus:
“Quando perecem em sua corrupção, outra coisa não estão pagando senão as penas de sua miséria, na qual, por sua predestinação, Adão caiu e arrastou com ele toda sua progênie. Deus, pois, não será injusto, que tão cruelmente escarnece de suas criaturas? Sem dúvida confesso que foi pela vontade de Deus que todos os filhos de Adão nesta miserável condição em que ora se acham enrodilhados”[15]
Ou então que o homem caiu (no pecado) porque Deus assim achou conveniente:
“Além disso, sua perdição de tal maneira pende da predestinação divina, que ao mesmo tempo há de haver neles a causa e a matéria dela. O primeiro homem, pois, caiu porque o Senhor assim julgara ser conveniente. Por que ele assim o julgou nos é oculto”[16]
Se você não concorda com esses ensinos absolutamente repudiáveis, você pode ser qualquer coisa, menos um calvinista – ainda que pense que é um[17].
[1] Institutas, 3.23.7.
[2] OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. Editora Reflexão: 2013, p. 142.
[3] David Hunt. Que amor é este? A falsa representação de Deus no calvinismo. Parte 1/2. Disponível em:
[4] Um “espantalho” é quando se pretende refutar uma tese contrária pervertendo aquilo que é realmente ensinado pela oposição. Por exemplo: o arminianismo crê na soberania de Deus, mas um calvinista afirma que os arminianos não creem na soberania divina e, em seguida, passa a provar biblicamente que Deus é soberano. Ele não está refutando a verdadeira teologia arminiana, mas está batendo em um espantalho montado por ele mesmo, já que os arminianos creem na soberania divina, e, portanto, argumentar em favor dela não refuta nada da verdadeira teologia arminiana.
[5] Iremos abordar estes conceitos com mais profundidade no capítulo seguinte do livro.
[6] Jerry L. Walls. Jerry Walls on Reformation, Free-will and Philosophy. Disponível em: . Acesso em: 09/01/2014.
[7] Pr. Welerson Alves Duarte. Se a predestinação calvinista não é correta, como entender Romanos 9? Disponível em: . Acesso em: 09/01/2014.
[8] Institutas, 1.16.9.
[9] Institutas, 1.17.5.
[10] Institutas, 1.17.5.
[11] Institutas, 3.23.7.
[12] Institutas, 1.17.8.
[13] Institutas, 2.4.4.
[14] Institutas, 3.23.7.
[15] Institutas, 3.23.4.
[16] Institutas, 3.23.8.
[17] Essas são apenas algumas citações de um todo muito maior que iremos passar ao longo de todo este livro. Elas nos mostram que Calvino não tinha qualquer receio em dizer abertamente aquelas coisas que seus seguidores calvinistas de nossos dias dizem que são “espantalhos”, porque, em muitos casos, eles mesmos se escandalizam com a teologia do verdadeiro Calvino, pois sabem que é absurda se levada a sério.
Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo: quem está com a razão?”, cedido pela comunidade de arminianos do Facebook
O que acontece entre a morte e o Juízo Final?
Mateus 16.28: Quando virá o Reino de Deus?
O Templo de Salomão
O “in dubio pro reo” de Deus
Uma oração para as missões mundiais
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O que acontece depois da morte?
Em Hebreus 9.27 está escrito que aos seres humanos está ordenado morrerem uma vez. Depois disso, vem o juízo. Mas isso não quer dizer que, imediatamente após a morte, as pessoas são levadas a um julgamento. O que acontece entre a morte e o Juízo Final?
Embora a vida após a morte ainda seja um mistério para nós, a Bíblia fornece-nos detalhes importantes a respeito do estado intermediário. Todas as pessoas, ao morrerem — salvas ou perdidas —, ficam sob o controle de Deus (Ec 12.7; Mt 10.28; Lc 23.46). Os salvos em Cristo são levados ao Paraíso, no Céu (Fp 1.23; 2 Co 5.8; 1 Pe 3.22). E os ímpios vão para o Hades (hb. sheol), que não é a sepultura, e sim um lugar de tormentos (Sl 139.8; Pv 15.24; Lc 16.23).
Nos tempos do Antigo Testamento, Paraíso e Hades ficavam na mesma região. Eram separados por um abismo separador intransponível (Lc 16.19-31). Ao morrer, o Senhor Jesus desceu em espírito a essa região e transportou de lá os salvos para o terceiro Céu (cf. Mt 16.18, Lc 23.43, Ef 4.8,9; 2 Co 12.1-4). Quanto aos ímpios, permanecem no Hades (uma espécie de ante-sala do Inferno), o qual não deixa de ser “um inferno”, um lugar de tormentos para a alma (Lc 16.23).
Conquanto, em algumas passagens da Bíblia, o vocábulo grego hadestenha sido traduzido para “inferno”, o Hades e o Inferno final não são o mesmo lugar. O Inferno final é chamado de Lago de Fogo (Ap 20.14,15 [gr.limnem ton puros]); de “fogo eterno” (Mt 25.41 [gr. pur to aiõnion]); de “tormento eterno” (Mt 25.46 [gr. kolasin aiõnion]); e de Geena (Mt 5.22; 10.28; Lc12.5).
Diferentemente do Hades, o Inferno final está vazio. O seu povoamento começará quando Cristo voltar em poder e grande glória e lançar o Anticristo e o Falso Profeta no Inferno (Zc 14.4; Ap 19.20). Em seguida, os condenados do Julgamento das Nações irão para “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”, “o tormento eterno” (Mt 25.41,46). Mais tarde, será a vez do Diabo e seus anjos conhecerem o lugar para eles preparado (Ap 20.10). E, finalmente, após o Juízo Final, todos os ímpios estarão reunidos no Inferno final (Ap 20.15; 21.8).
Em Apocalipse 20.13 está escrito que o mar dará os mortos que nele há. E Jesus também afirmou que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz” (Jo 5.28). Onde quer que estiverem, os pecadores ressuscitarão para comparecer diante do Trono Branco. Segundo a Palavra de Deus, a morte (gr. thanatos) e o inferno (gr. hades) darão os seus mortos, os quais, após o Juízo Final, serão lançados no Lago de Fogo.
O vocábulo “morte”, em Apocalipse 20.13,14, tem sentido figurado. Trata-se de uma metonímia (figura de linguagem expressa pelo emprego da causa pelo efeito ou do símbolo pela realidade), numa alusão a todos os corpos de ímpios, oriundos de todas as partes da Terra, seja qual for a condição deles. Há pessoas cujos corpos são cremados; outras morrem em decorrência de grandes explosões, etc. Todas terão os seus corpos reconstituídos para que, em seu estado tríplice (pleno), espírito + alma + corpo (cf. 1 Ts 5.23), compareçam perante o Juiz.
Entretanto, para que os ímpios compareçam ao Juízo Final em seu estado pleno, acontecerá a reunião de espírito, alma e corpo, os quais se separam na morte. Daí a menção de que “a morte” e também “o inferno” darão os seus mortos (Ap 20.13). Aqui, “inferno” é hades, também empregado de forma metonímica. A “morte” dará o corpo. E o “Hades”, a parte que não está neste mundo físico, isto é, a alma (na verdade, alma + espírito).
Com base no que foi dito acima, podemos entender melhor a frase “a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” (Ap 20.14). Isso denota que os corpos e as almas dos perdidos — que saíram do lugar onde estavam e foram reunidos na “segunda ressurreição”, a da condenação (Jo 5.29b) —, depois de ouvirem a sentença do Justo Juiz, serão lançados no Inferno propriamente dito, o Lago de Fogo.
Segue-se que a frase “a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” tem uma correlação com o que Jesus disse em Mateus 10.28: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno [geena] tanto a alma como o corpo” (ARA). Ou seja, as almas (“o Hades”) e os corpos (“a morte”) serão lançados no Geena.
E quanto aos que têm morrido salvos, em Cristo? Graças a Deus, nenhuma condenação há para eles (Rm 8.1). Serão julgados também, é evidente, logo após o Arrebatamento da Igreja, mas apenas para efeito de galardão (Rm 14.10; Ap 22.12). Depois da ressurreição dos que morreram em Cristo, nunca mais haverá morte, o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26).
Apesar de já se encontrarem na presença de Deus, os salvos mortos em Cristo ainda não estão desfrutando do gozo pleno preparado para eles. Isso só acontecerá depois da ressurreição (1 Co 15.51). Seu estado agora é similar ao daqueles mártires que morrerão na Grande Tribulação (Ap 6.9-11). Esta passagem e a de Lucas 16.25 indicam que, no Paraíso, os salvos são consolados, repousam, estão conscientes e se lembram do que aconteceu na Terra (Ap 14.13). Contudo, após o Arrebatamento, estarão — no sentido pleno — “sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).
Em 1 Tessalonicenses 3.13 está escrito: “que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos”. Isso significa que os santos, de todas as épocas, que estão com o Senhor, no Paraíso, virão com Ele, no Arrebatamento da Igreja. Como assim? O espírito e a alma (ou espírito + alma) deles se juntarão aos seus corpos, na Terra, para a ressurreição, num abrir e fechar de olhos (1 Co 15.50-52).
Consolemo-nos com essas palavras (1 Ts 4.18). Aleluia! “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
Verdadeiramente: Estamos nos últimos dias.....
A Igreja do Orgasmo
“Seita do Orgasmo”
A Igreja Madonna do Orgasmo, que tem centenas de seguidores, deu um importante passo em direção ao reconhecimento oficial na Suécia, quando uma corte disse que ela tinha o direito de registrar-se como uma comunidade de fé.
Inicialmente um órgão público da Suécia recusou o registro alegando que o nome da igreja poderia ofender os cristãos. Mas o fundador da igreja, Carlos Bebeacua, ganhou a apelação na corte administrativa local. O órgão público ainda pode apelar contra a decisão, do contrário será obrigada a registrar a igreja que foi fundada no início dos anos 90 e tem Carlos como Cardeal auto-proclamado.
Carlos teve a idéia de criar a igreja depois que a sua pintura “A Madonna do Orgasmo” levou a protestos na Feira Mundia de Sevilha, na Espanha, em 1992.
Para Carlos “O orgasmo é Deus, o orgasmo deve ser adorado”. “O orgasmo é o principal sentimento de luxúria e não deve ser limitado à ejaculação. Você pode alcançá-lo através da arte ou ao olhar uma paisagem enquanto pensa ‘Uau!’”
A igreja tem apenas sacerdotes mulheres e suas escrituras são chamadas de Catequismo do Orgasmo. O livro pregado é o do sexo.
Durante as cerimônias as sacerdotes lêem versos, comem frutas e bebem suco. Sexo não é o foco, mas também não é proibido.“Nunca aconteceu e eu não seu como nós reagiríamos que acontecesse.”
Ele diz que as alegações de que sai igreja só se interessa por orgias e sexo alegando que o propósito é ajudar as pessoas a ver orgasmos como uma metáfora de amor pela vida.
“Não há nada perigoso sobre o que dizemos, somos inofensivos. Nós apenas temos as nossas dúvidas com relação às religiões estabelecidas”, ele disse.
Fonte:
https://hypescience.com/igreja-madonna-do-orgasmo
Graça preveniente
Uma das melhores contribuições de John Wesley para a teologia foi a sua compreensão de graça preveniente. Em termos gerais, esta é a graça que “vem antes” – a graça que precede a ação humana e reflete o coração de Deus em buscar a sua criação. Ela testifica ser Deus o iniciador de cada relação com a criação. A graça preveniente é um ensino ortodoxo afirmado pela igreja histórica, porém ela torna-se distintamente wesleyana em seu alcance e escopo. Para John Wesley, a graça preveniente é acessível a todos de modo que não há um “homem natural” deixado num estado puramente caído, sem uma medida de graça restauradora de Deus. Além disso, a graça preveniente tem um sentido salvífico. Isto significa que o Espírito de Deus não trabalha apenas para restaurar certas faculdades da humanidade ou para limitar o pecado humano, mas em última análise, direciona as pessoas para a obra de Cristo. Esta é uma das marcas que posiciona Wesley aparte de Agostinho e de João Calvino. Embora não deva ser confundida com a graça justificadora, a graça preveniente ultrapassa a graça comum reformada, uma vez que ela envolve toda a obra preparatória do Espírito para sua aceitação do Evangelho.
A base para a obra preveniente de Deus como iniciador está firmemente enraizada na Escritura. A narrativa da Escritura testemunha um Deus que chama e busca as pessoas. Ele chamou Adão no jardim quando ele estava se escondendo da vergonha do pecado (Gn 3.9), quando Abraão partiu da casa do seu pai em Harã (Gn 12.4), e quando Moisés apascentava o seu rebanho (Ex 3.4). Jacó e Israel foram escolhidos para abençoar a terra por causa de uma promessa feita a Abraão, não porque eles eram significativos (Rm 9). O Novo Testamento está repleto de passagens que atestam o caráter de Deus como iniciador amoroso, especialmente como é revelado em Jesus Cristo. Lucas 19.10 diz: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Só podemos amar, porque ele nos amou primeiro, e isso ele fez quando ainda éramos fracos (Rm 5.6; 1Jo 4.10,19; Jo 6.44). Se deixados por nós mesmos, e aqui se deve pensar no “homem natural” teórico de Wesley, seríamos absorvidos no pecado que leva a expressar a autodestruição e a separação eterna de Deus.
A boa notícia é que Deus agiu em Cristo e opera por meio de seu Espírito em trazer-nos a salvação. A teologia da graça preveniente de Wesley nos ensina que Deus está operando muito antes dos evangelistas da igreja, despertando o coração das pessoas para se tornarem as pessoas que ele pretende. Sua referência favorita era, talvez, João 1.9, que diz: “Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens.” (NVI) Percebe-se que Wesley leva a sério a universalidade das bênçãos oferecidas por Cristo e efetuadas pelo Espírito Santo (veja também Jo 12.32; Tt 2.11-14). Essa graça especial é a que Paulo fala em Atos 17.26-27, onde o propósito da providência de Deus na história é fazer com que as pessoas venham a buscá-lo e a conhecê-lo. Desta maneira, a graça preveniente é a presença de Deus no tempo e no espaço – em todos os lugares e em todos os tempos – preparando o mundo para ouvir o Evangelho.
Para John Wesley, a graça que vem antes é irresistível no sentido de que ela se aplica a bênçãos universais. Ela “não espera pelo chamado do homem”, e ao fazê-lo o seu alcance é para todas as pessoas. Ela é salvífica no sentido em que ela é toda a obra preparatória do Espírito para graça justificadora, e assim o seu alcance está levando as pessoas à salvação. Para ter certeza, a graça preveniente levanta questões importantes sobre outros temas, como o destino dos não evangelizados e a teologia das religiões. Estes temas merecem uma análise mais aprofundada. No entanto, a universalidade dessa graça comporta bem com o caráter amoroso de Deus, que é fundamental para a teologia de Wesley e, certamente, para a Escritura também.
Fonte: https://evangelicalarminians.org
Santo Agostinho e sua influência
“Como é que Agostinho pode ter tido tanta influência não só sobre católicos, mas também sobre muitos protestantes?
É assustadora a quantidade de heresias introduzidas ou potencializadas por Agostinho:
1) que Maria teria nascido e vivido sem pecado,
2) que existe um purgatório,
3) que os sacramentos salvam,
4) e que não há salvação fora da Igreja Católica,
5) que a autoridade do Papa e da Igreja estão acima daquela da Bíblia,
6) que é correto perseguir e matar os hereges, tornando-se, assim, uma espécie de pai da Santa Inquisição,
7) que Deus predestinou uns para o céu e outros para o inferno e
8) que sexo é pecado até mesmo dentro do matrimônio,
9) que o pecado é transmitido hereditariamente através das relações sexuais,
10) e a ideia de que o pecado está na carne e que o homem só pode ser liberto do domínio do pecado quando se libertar da carne através da morte, ideia de influência gnóstica e que os calvinistas costumam também endossar, o que implica em dizer que a morte é mais poderosa do que Jesus, pois somente ela nos libertará do domínio do pecado.
Mas não é isto que o Apóstolo Paulo ensina em Romanos 6 e que também encontramos em inúmeras outras passagens bíblicas que falam do novo nascimento que nos confere um novo coração que nos capacita a vencer o pecado. Como é, então, que um teólogo equivocado destes pode tido também tanta influência sobre os protestantes?
Como é que se deu a influência de Agostinho sobre o protestantismo?
Bem, como a queixa principal de Lutero era contra a cobrança de taxas para conceder o perdão aos pecadores, ele busca convencer o Papa apoiando-se não apenas nas Escrituras, mas também em um renomado teólogo católico que é o Santo Agostinho, cujos ensinos favorecem a ideia da salvação pela graça e não pelas obras. Tal simpatia por Agostinho acaba abrindo brecha para a aceitação de algumas de suas demais teses, como a predestinação. E o reformador Calvino segue como discípulo de Agostinho até mesmo no que diz respeito a perseguição e morte dos hereges.
Creio que o contexto de Lutero e Calvino explicam um pouco o apego deles aos ensinos de Agostinho, o que dava uma base sólida para os protestantes dentro da própria tradição católica.
Armínio e Wesley se levantam para combater a doutrina da predestinação (fatalista), mas mantém que a salvação é produto da graça e não das obras, demonstrando que não é preciso admitir a predestinação para defender a salvação pela graça. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. (…)”
O programa da Nova Era
Existe o perigo de que o pensamento da Nova Era pode levar alguns cristãos a desenvolver uma paranóia com relação a qualquer coisa que pareça estar associada ao movimento, especialmente no que se refere às teorias de conspiração. Mas como diz a velha piada: “Só porque você é paranóico não significa que eles não o estejam realmente perseguindo!”
O programa político da Nova Era é perigoso por ser baseado num conceito monístico e panteistico do mundo. Como tal, o programa político da Nova Era é anti-teísta e anti-cristão.
Mark Satin, autor de Neiv Age Politks (Política da Nova Era), diz:
A consciência planetária reconhece nossa identificação com toda a humanidade e de fato, com toda a vida, em toda a parte, e com o planeta como um lodo. O destino da humanidade, após seu longo período preparatório de separação e diferenciação, é o de finalmente tornar-se um… Essa unidade está a ponto de ser expressa politicamente num governo mundial que unirá nações e regiões em transações que ultrapassam a sua capacidade individual.
O profeta da Nova Era, David Spangler, escreve:
Certamente a política da sinergia reinterpretará o relacionamento da humanidade para com a natureza, para com o uso de recursos naturais, para com os seus relacionamentos com animais e plantas, e para com tudo que compõe o ambiente… Num grupo e num grupo de grupos onde a percepção da separação seja desfeita e substituída por uma percepção de identificação, de unidade, e de cooperação e boa vontade dinâmicas, todo o espectro da política internacional e nacional como as conhecemos deve desaparecer e ser transformado em algo bem irreconhecível pelos padrões de hoje.
O monismo e o panteísmo são a base metafísica sobre a qual repousa o movimento Nova Era. Toda transformação cultural importante repousa sobre uma mudança nos conceitos do mundo. Lewis Mumford observa a importância dessa nova ideologia. Ele diz que “toda transformação do homem, exceto talvez aquela que produziu a cultura neolítica, repousou sobre uma base metafísica e ideológica — ou antes, sobre despertamentos e intuições mais profundos, cuja expressão racionalizada assume a forma de um novo quadro do cosmos e da natureza do homem”.
Unidade das Religiões
A nova base ideológica do programa político da Nova Era ê a unidade de todas as religiões. Embora permitindo que várias religiões existam, ela entende que cada religião ensina a mesma verdade central: a humanidade é divina. O cristianismo é reinterpretado a essa luz (os adeptos da Nova Era o chamam de “cristianismo esotérico”). A unidade das religiões é absolutamente necessária quando se pretende que a “identificação da humanidade” se torne realidade.
Robert Muller, assistente do Secretário Geral das Nações Unidas recentemente aposentado, comentou sobre a unidade de todas as religiões:
Pela primeira vez na história, descobrimos que este planeta em que vivemos é um só. Agora nos resta descobrir que somos também uma só família humana, e que temos de transcender todas as diferenças nacionais, lingüísticas, culturais, raciais e religiosas que têm formado a nossa história. Temos a oportunidade de escrever uma história completamente nova.
Relacionado a isso está o conceito de ecumenismo profundo de Matthew Fox. Escreve ele:
Ecumenismo profundo é o movimento que desencadeará a sabedoria de todas as religiões mundiais: hinduísmo e budismo, islamismo e judaísmo, taoísmo e xintoísmo, cristianismo em todas as suas formas, e as religiões nativas e religiões de deusas no mundo todo. Esse desencadear de sabedoria contém a última esperança para a sobrevivência do planeta que chamamos de lar.
Essa sabedoria de todas as religiões é vista como centralizada em torno de uma verdade essencial: a divindade do homem. Com relação a essa verdade essencial, David Spangler escreve:
O que está procurando emergir é um corpo de pessoas que são nutridoras e que são mui literalmente o que Jesus chamou de “sal da terra”, mas que são assim conscientemente, espiritualmente, aceitando sua divindade sem tornar-se envaidecidas por ela, e agindo dentro da esfera de sua influência para externalizar essa mesma divindade nos outros… Elas são as que dão vida, e estão formando a base para o governo do futuro.
Unidade de Governo
O programa político da Nova Era é também perigoso por ser alicerçado numa falsa confiança no potencial humano e não na dependência da orientação divina. O Cristo Cósmico que tudo permeia enche cada homem de potencial.
Muitos adeptos da Nova Era crêem que o Cristo cósmico trabalhou em eras passadas na vida de grandes indivíduos a fim de efetuar mudança no mundo. O Cristo cósmico pode de igual maneira trabalhar através de todos os seres humanos hoje. Matthew Fox escreve:
O fato de Cristo ter-se encarnado em Jesus exclui o Cristo de encarnar-se em outros — Lautzu ou Buda ou Moisés ou Sara ou a Sojourner Truth (Verdade Peregrina) ou Gandi ou eu ou você? Exatamente o oposto é que ocorre. De fato, a carta de Paulo aos Gálatas fala em Cristo ter-se encarnado nele: “Já não vivo, mas Cristo vive em mim” (Gaiatas 2:20). Paulo desafia os destinatários de sua carta a deixarem “que Cristo seja formado em vós” (4:19) e a serem “filhos de Deus” (3:26).
O programa político da Nova Era é perigoso por não reconhecer valores morais absolutos baseados na Palavra de Deus. Todos os valores morais são determinados subjetivamente. Tudo é relativo. A relatividade de todos os valores morais é ensinada em escolas através de programas de “novos conceitos de valores”.
O programa da Nova Era que se refere a um governo mundial único é perigoso por ser baseado no desejo do homem em alcançar unidade com o homem agindo como a única autoridade. O programa político não reconhece a autoridade de um Deus soberano e onipotente. Douglas Groothuis observa:
No programa da Nova Era, eles precisam colocar o tijolo de uma nova Babel, proclamando uma ordem cuja unidade e direção final se opõem ao Criador (ver Gênesis 11:1-9). Os antigos entusiastas da ordem mundial em Gênesis tentaram impor a “tese apóstata de identificação e igualdade finais a toda a humanidade” a fim de construir uma “ordem mundial única e introduzir o paraíso independente de Deus” (Rushdoony 1979). É isso que a Nova Era está tentando fazer hoje, e sua tentativa é igualmente vã. Todas as torres de Babel são construídas em vão, independentes da pedra fundamental de Jesus Cristo.
O governo globalizado que é uma parte do programa político da Nova Era defende uma forca policial planetária para a segurança. Apenas aqueles que aderem a um conceito monístico e panteístico do mundo teriam permissão para controlar essa força policial.
A organização Cidadãos Planetários está patrocinando atualmente uma “Comissão Independente sobre Alternativas para a Segurança Mundial”, que arregimenta vários peritos em paz, desarmamento e sistemas para projetar um “sistema de segurança global operacional, crível e não ameaçador”.
A fonte dessa unidade é relativamente clara. Muitos envolvidos na política da Nova Era estão claramente baseando suas decisões e ações em revelações ocultistas. Por exemplo, muitos aderem ao que escreveu Alice Bailey. Ela fala com freqüência do “Plano” e dos “Mestres da Sabedoria”. Seriam estes os que supostamente atingiram o mais alto nível de consciência, e se tornaram guias da evolução espiritual da humanidade. Esses mestres encontram-se supostamente ocupados em levar a cabo, na Terra, o “Plano”.
World Goodtvill (Boa Vontade Mundial) é um grupo para influenciar os legisladores cujo objetivo é revelar o “Plano” conforme detalhado nos muitos livros de Alice Bailey. Esse é um dos diversos grupos inspirados em Bailey patrocinados pelo Trust Lucis.
O globalismo que é parte do programa político da Nova Era eqüivale a uma forma de idolatria. Ele exalta o planeta bem como a humanidade como senhores soberanos. Groothuis comenta:
O internacionalismo idolatra deve ser rejeitado pelos cristãos. Cristo é Senhor; nem as nações nem o planeta são soberanos. O governo global, ou o que poderia ser cognominado de “estado cósmico”, deve ser rejeitado como idolatria, visto o humanismo cósmico entronizar o homem no lugar de Deus.
Perigos do Movimento Nova Era para a Igreja
Redefinindo o Problema: Pecado
O programa político da Nova Era é perigoso porque ignora completamente o maior problema do homem — o pecado— bem como a provisão de Deus para esse problema — a expiação substitutiva de Jesus Cristo. Douglas Groothuis escreve:
O cristão acredita que o realismo político deve começar com a percepção de que o homem é pecador; os adeptos da Nova Era depositam esperança no potencial humano, visto como bom e confiável. Os adeptos da Nova Era atribuíram o pecado à ignorância, crendo que podemos nos livrar dessa ignorância quando aceitamos a iluminação do panteísmo.
O cristão vê essa iluminação como uma falsificação enganosa. A única maneira pela qual a consciência pessoal ou política pode ser despertada é primeiro vendo a realidade do pecado e a necessidade de redenção através de Jesus Cristo. Todos os desvios ao redor da cruz de Cristo se chocam nas rochas brutais da realidade. O cristão faminto e sedento de justiça política olha para Deus como Senhor, Legislador e Juiz, não para uma divindade íntima. Os cristãos servem ao Salvador, não a si mesmos. Eles consultam as Escrituras em busca de instrução política.
O pecado é redefinido no pensamento da Nova Era. O mal é relativo. David Spangler escreve:
O homem detém a responsabilidade final pela redenção do que viemos a chamar de “energias maléficas”, que são simplesmente energias usadas fora de tempo ou fora de lugar, ou não adequadas às necessidades da evolução. [A ética da Nova Era] não é baseada em… conceitos dualistas de “bem” e “mal”.
Mark Satin, adepto da Nova Era, nos diz que “num estado espiritual, a moralidade é impossível”.
A Obra de Cristo na Cruz
Benjamim Creme rejeita o cristianismo ortodoxo por apresentar “um quadro impossível para a maioria das pessoas pensantes de hoje aceitarem Cristo como o filho unigênito de Deus, sacrificado por seu Pai amoroso para salvar a humanidade dos resultados de seus pecados; como um sacrifício de sangue tirado diretamente da velha e desgastada dispensação judaica”.
Salvação
A salvação na Nova Era é uma operação progressiva. As pessoas precisam trabalhar para se livrar de seu carma mau, reencarnando de vida em vida. Escreve Shirley MacLaine:
Se você for bom e fiel em sua luta nesta vida, a próxima será mais fácil.
David Spangler escreve que “o homem é seu próprio Satanás da mesma forma que é sua própria salvação”.
Desvios Sutis
Criador e Criação
Existe o perigo de o pensamento da Nova Era toldar a distinção entre o Criador e a criação — especialmente a dos seres humanos como criaturas — nas mentes dos crentes biblicamente iletrados. Esse perigo é baseado na natureza monística do pensamento da Nova Era, que trata tudo como parte de uma grande alma que é deus.
Mark Satin, autor de New Age Politics (Política da Nova Era diz:
A consciência planetária reconhece nossa identificação com toda a humanidade e na realidade com toda a vida, em toda a parte, e com o planeta como um todo.
O engano é sutil. Kenneth Copeland, embora condenando a seita Nova Era, pode estar defendendo uma idéia oculta da Nova Era. Ele pregou:
Deus é Deus. Ele é um Espírito… E ele lhe foi conferido quando você nasceu de novo. Pedro disse isso com muita clareza. Disse ele: “Somos participantes da natureza divina.” Essa natureza é viva, eterna em absoluta perfeição, e isso foi conferido, injetado em seu homem espiritual, e você tem isso conferido a você por Deus, da mesma forma que você conferiu a seu filho a natureza da humanidade.
Essa criança não nasceu como baleia. Nasceu como um ser humano… Ora, você não tem um ser humano, tem? Você é um ser humano. Você não tem um deus em si. Você é um deus.
Earl Paulk, outro pregador cristão, escreve a mesma coisa, declarando que somos pequenos deuses:
Da mesma forma que cães têm cãezinhos e gatos têm gatínhos, assim Deus tem pequenos deuses… Enquanto não compreendermos que somos pequenos deuses e começarmos a agir como pequenos deuses, não podemos manifestar o Reino de Deus.
M. Scott Peck, em seu livro The Road Less Traveled (A Estrada Menos Trilhada), nos diz que estamos crescendo na direção da divindade:
Pois não importa quanto possamos gostar de contornar o assunto, todos nós que postulamos um Deus amoroso e de fato pensamos sobre isso eventualmente chegamos a uma única e aterrorizante idéia: Deus quer que nos tornemos como ele (ou ela). Estamos crescendo rumo à divindade. Deus é o alvo da evolução. É Deus que é a fonte da força evolucionária, e Deus que é o destino…
Visualização e Imaginação Direcionada
Existe o perigo de alguns crentes serem desviados pelo ensinamento de visualização, imaginação direcionada, da Nova Era. A visualização bíblica é a meditação sobre Cristo e submissão à sua orientação conforme revelada na Escritura. Mas o Pastor Cho, líder da maior igreja cristã do mundo, expressou algumas idéias próximas à meditação da Nova Era em seu livro The Fourth Dimension (A Quarta Dimensão):
Precisamos aprender… a visualizar e sonhar a resposta como estando completa quando nos dirigirmos ao Senhor em oração. Devemos sempre tentar visualizar o resultado final quando oramos. Dessa forma, com o poder do Espírito Santo, podemos incubar aquilo que desejamos que Deus faça para nós…
C. S. Lovett, enquanto advoga a meditação, confirma que a visualização a que se refere é a mesma usada pelas seitas:
Você ficaria chocado em saber que o poder curador de Deus está disponível através de sua própria mente e que você pode ativá-lo pela fé!… Se você tivesse ACESSO DIRETO à sua mente inconsciente, poderia comandar que QUALQUER ENFERMIDADE fosse curada num instante… PARECE CIÊNCIA MENTAL? Admito que sim. É verdade que as seitas descobriram algumas das leis curadoras de Deus e as usam para atrair as pessoas às suas teias… Mas deixe-me perguntar: deveria a cura ser negada a crentes nascidos de novo simplesmente porque certas seitas se aproveitam dessas leis?
Norman Vincent Peale chama a visualização (a meditação da Nova Era) de “pensamento positivo levado um passo adiante”.
Mas a imaginação direcionada pode nos expor a falsos cristos ou anjos de luz (2 Coríntios 11:14). Douglas Groothuis adverte:
Um exercício de visualização esmerado poderia induzir um estado alterado de percepção muito convidativo a rebeldes demoníacos. Shakti Gawain, por exemplo, diz que a “visualização criativa” pode facilmente apresentar-nos a “espíritos-guias”, daqueles que ficariam empolgados em nos conhecer.
Precisamos também reconhecer que a imaginação do homem está atingida pela queda. Gênesis 6:5 diz: “Viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente.” A visualização pode ser perigosa, mas como a Nova Era não crê na degradação do homem, ela se torna mais perigosa ainda.
Confissão Positiva e Pensamento Positivo
Existe o perigo de o pensamento da Nova Era desviar alguns cristãos através da confissão positiva ou pensamento positivo. O perigo vem na forma do ensinamento que diz ser o homem um “pequeno deus” e assim ter o poder de falar criativamente, trazendo o bem ou o mal à existência mediante a sua palavra. A confissão positiva produz o “bem” e a confissão negativa cria o “mal”.
Gloria Copeland relatou sua metodologia para comprar a casa que desejava:
Comecei a ver que eu já tinha autoridade sobre aquela casa e autoridade sobre o dinheiro de que precisava para comprá-la. Falei: “Em nome de Jesus, assumo autoridade sobre o dinheiro de que preciso. (Bradei a quantia específica.) Ordeno-lhe que venha a mim… em nome de Jesus. Espíritos ministradores, vão e façam com que ele venha…” (Por falar em anjos… quando você se torna a voz de Deus na terra ao colocar as palavras dele em sua boca, você põe os anjos para trabalhar! Eles são ajudantes altamente treinados e capazes; sabem como fazer para que o trabalho seja executado.)
O Dr. Robert Schuller, dirigindo-se a uma grande platéia de ministros da Unity em treinamento, falou:
Creio que a responsabilidade nesta época é a de “tornar positiva” a religião. Ora, isto provavelmente não atinge muito a vocês, pois sendo gente da Unity, vocês são positivos. Mas falo muito a grupos que não são positivos… mesmo aos que chamaríamos de fundamentalistas, que tratam constantemente de palavras como pecado, salvação, arrependimento, culpa, e esse tipo de coisa.
Sincretismo
Existe o perigo de que o pensamento da Nova Era possa levar alguns crentes a desenvolver tendências sincretistas com relação às outras religiões do mundo. Isso se deve ao fato de os adeptos da Nova Era ensinarem que todas as religiões contêm a mesma verdade central — o homem é divino. Matthew Fox, teólogo católico, foi claramente sincretista nas porções dos seus escritos sobre o “Ecumenismo Profundo”, das quais tirei citações anteriormente neste capítulo.
A Deusa em Todos
Há o perigo de que o pensamento da Nova Era leve algumas pessoas a adquirirem um conceito feminino da divindade, a abandonarem totalmente a imagem bíblica de Deus. A Bíblia apresenta Deus com características tanto femininas quanto masculinas, mas as imagens masculinas são muito mais fortes do que as femininas. Perder de vista essa verdade faria dele menos do que é, reduzindo seu poder e autoridade, e tornando-o sinônimo das deusas do sexo que o Antigo Testamento condenou.
O autor da Nova Era, Matthew Fox, escreve:
A religião e a cultura que reprimem e distorcem o maternal também reprimirão a antiga tradição de Deus como Mãe, e da deusa em cada pessoa. Jesus veio para restaurar essa responsabilidade à cultura patriarcal e militarista de seus dias…
A crucificação de Jesus foi o resultado lógico desse assalto frontal ao patriarcado.
Meditação Oriental
Há o perigo de que o pensamento da Nova Era leve alguns cristãos a transformar a meditação bíblica em formas orientais de meditação.
Um escritor cristão propõe a meditação numa forma que se aproxima dos padrões orientais. Escreve ele:
Em sua imaginação, permita que seu corpo espiritual, brilhante de luz, se eleve de seu corpo físico… subindo através das nuvens e até à estratosfera… cada vez aprofundando-se mais no espaço exterior, até que nada haja além da presença cálida do Criador eterno.
Abandono dos Alicerces Morais
Existe o perigo de o pensamento da Nova Era enfraquecer a estrutura moral da igreja, porque os valores absolutos morais são negados pelos adeptos da Nova Era. Tudo é relativo. Os “novos conceitos de valores”, técnica acerca da qual muitos pais cristãos nada sabem, permite às pessoas escolher sua própria base moral a partir da qual tomar decisões.
Cristianismo Esotérico
Devido à semelhança na terminologia, alguns cristãos podem ser desviados pelos ensinamentos do “cristianismo esotérico”‘, a sabedoria espiritual limitada a uma elite de poucos conhecedores. Essa é uma reinterpretação mística que a Nova Era faz do cristianismo ortodoxo (esotérico). Douglas Groothuis comenta como o movimento Nova Era vê o cristianismo esotérico:
O verdadeiro evangelho do Um é tido como a face esotérica do cristianismo. O cristianismo esotérico é o substituto ocidentalizado e é desprovido de autenticidade espiritual, expressando o que Wilber chama de “mentalidade do modo médio”. O cristianismo esotérico está afinado com “a filosofia perene” do Um que se manifesta em todas as tradições religiosas. O Cristo da Nova Era se posiciona contra o cristianismo ortodoxo.
Desvios Doutrinários aos Quais Ficar Alerta
Uma das maiores ameaças à igreja é a confusão doutrinária causada pelo pensamento da Nova Era. Visto os adeptos da Nova Era usarem muitas palavras cristãs, a confusão parece provável porque muitos cristãos não estão cientes de que palavras boas foram radicalmente redefinidas com maus sentidos.
A Doutrina da Revelação
Os adeptos da Nova Era acreditam na revelação contínua de Deus. Eles crêem que “a Palavra de Deus [é] revelada em todas as eras e dispensações. Nos dias de Moisés, foi o Pentateuco; nos dias de Jesus, o Evangelho; nos dias de Maomé, o mensageiro de Deus, o Corão; nos dias de hoje, o Bayan.”
Benjamim Creme descreve a maneira pela qual recebe suas revelações da Nova Era;
Ela desce sobre mim e chega até ao plexo solar e um tipo de cone é formado, assim, de luz. Existe também um transbordamento emocional. E a sobreposição mental que produz a conexão para que eu possa ouvir, intimamente, as palavras.
A Natureza de Deus
Deus é transformado numa soma impessoal de toda a existência. Benjamim Creme escreve:
Deus é a soma total de tudo que existe no total do universo não manifesto e manifesto.
Spangler propaga a idéia, escrevendo:
Deus é uma consciência universal, uma vida universal, até onde nossa finidade possa expressá-lo.
A Singularidade de Jesus Cristo
Creme coloca Cristo em pé de igualdade conosco, declarando que Cristo é divino “exatamente no sentido em que somos divinos”. Mas o mesmo espírito de Cristo habita em “Hércules, Hermes, Rama, Mitra… Krishna, Buda e no Cristo”. Todos esses eram “homens perfeitos em seu tempo, todos filhos de homens que se tornaram Filhos de Deus por terem revelado sua divindade inata”.
Shirley MacLaine nos diz que Cristo foi bom, mas não necessariamente divino:
Cristo foi o ser humano mais adiantado que jamais andou neste planeta.
A Diferença Entre Deus e o Homem
Deus é feito a alma todo-abrangente do universo, e o homem é feito um deus porque contém parte de deus. Benjamim Creme escreve:
Um dos principais ensinamentos do Cristo [é] o fato do Deus imanente, imanente em toda a criação, na humanidade e em toda a criação, de forma que nada mais hã além de Deus. E todos nós somos parte de um grande Ser. O homem é um deus emergente, e assim requer a formação de modos de amar que permitirão a esse Deus florescer.
Pecado e Salvação
A necessidade de sacrifício e expiação, uma universalidade cultural, é vista pela Nova Era como um remanescente antiquado do pensamento judaico. Benjamim Creme rejeita o cristianismo ortodoxo por apresentar “um quadro impossível para a maioria das pessoas pensantes de hoje aceitarem Cristo como o filho unigènito de Deus, sacrificado por seu Pai amoroso para salvar a humanidade dos resultados de seus pecados; como um sacrifício de sangue tirado diretamente da velha e desgastada dispensação judaica”.
David Spangler escreve que “o homem é o seu próprio Satanás, assim como o homem é a sua própria salvação”.
A Doutrina da Ressurreição
A ressurreição que aguardamos é substituída pelo ciclo contínuo de reencarnação na Nova Era. James Sire escreve:
A reencarnação é a incorporação sucessiva da alma numa série de diferentes corpos mortais; a ressurreição é a transformação do corpo mortal da própria pessoa num corpo imortal.
Groothuis contrasta os dois:
A reencarnação é considerada como um processo contínuo, ao passo que a ressurreição é um evento único e final. Ademais, o Senhor soberano controla o tempo e tipo de ressurreição; ao passo que uma lei impessoal de carma ou a própria alma desencarnada é o agente ativo no caso da reencarnação.
Extraído do livro “Como Entender a Nova Era” de Walter Martin
Por quem Cristo morreu?
Declarações a respeito da morte de Cristo (ou termos equivalentes) por certas pessoas ou grupos de pessoas, principalmente empregando a preposição grega hyper, são comuns no Novo Testamento. A maioria destas, são expressas com respeito àqueles que foram salvos e fazem parte do povo de Deus. Há um exemplo de Paulo dizendo que Cristo morreu por ele pessoalmente (Gl 2.20); qualquer indivíduo crente é aquele por quem Cristo morreu (Rm 14.15). Mais frequentemente é dito que Cristo morreu “por nós” (Rm 5.82; 2 Co 5.21; Gl 3.13; Ef 5.2; 1 Ts 5.10; Tt 2.14; 1 Jo 3.16; cf. 1 Co 15.3 e Gl 1.4 [nossos pecados]), ou por “todos nós” (Rm 8.32). Em inúmeros lugares Jesus diz que ele dá a vida por “vocês”, ou seja, os seus discípulos (Lc 22.19, 20; 1 Co 11.24) ou um escritor pode dizer ao seu público cristão que Cristo morreu por eles (1 Pe 2.21; cf. por implicação 1 Co 1.13).
Outros textos afirmam que Cristo morreu pela “igreja” (Ef 5.25) ou pelas “ovelhas” (João 10.15) ou pelo povo ou nação (João 11.50, 51, 52; 18.14; cf. Hb 2.17). Neste último grupo de textos há o duplo entendimento de que Caifás esteja pensando em Jesus ser condenado à morte para o bem do povo judeu como um todo (evitar represálias Romanas se houvesse uma revolta messiânica), enquanto que João vê nisso uma profecia de sua morte em um senso salvífico.
Alguns textos afirmam que Cristo morreu por “muitos” (Mc 10.45; 14:24; Mt. 20.28; 26.28; cf. Hb. 2.10; 9:28), mas este termo é substituído por “você” em alguns paralelos (Lc 22.19 f.; 1 Co 11.24) ou por “todos” (1 Tm. 2.6) ou por “nós” (Tt 2.14). O termo “todos” também aparece em 2 Co 5.14, 15a, 15b; Hb. 2.9.
Finalmente, uma série de textos enfatizam que Cristo morreu pelos pecadores, os ímpios (Rm 5.6, 8; 1 Pe 3.18).
O que podemos tirar desses textos? O conceito de morrer por outros (que foi muito conhecido no mundo antigo é expresso usando linguagem baseada em Isaías 53. As palavras de Jesus na Última Ceia são direcionadas aos discípulos presentes (“vocês”), e esta aplicação torna-se generalizada quando pregadores e escritores dirigem-se aos crentes cristãos lembrando-lhes que Cristo morreu por “nós (todos)” ou por “vocês”.
Jesus veio para o povo de Deus existente, os judeus, a fim de trazer salvação a eles. Os judeus, apesar de serem o povo escolhido por Deus, são pecadores e precisam ter seu pecados removidos (Lc 2.10; cf. Mt 1.21). A oferta está aberta a todos, mesmo que nem todos a aceitem. Portanto, Jesus morre para o povo, ou seja, o povo judeu como um todo (João 11.50-52); mas ao mesmo tempo é reconhecido que o âmbito da sua morte se estende para o mundo como um todo (João 1.29).
Dentro deste contexto, é natural Jesus dizer que ele morre por aqueles que já são seus discípulos e amigos (João 15.13 f.), mas isso não anula os dizeres onde sua morte também é entendida de forma mais ampla, pelo povo ou pela nação. A figura do pastor deve ser tratada com cuidado. Quando Jesus aborda o tema do bom pastor que está disposto a morrer pelo bem estar das ovelhas, o quadro é de um pastor arriscando sua vida contra um animal selvagem atacando as ovelhas que já constituem o seu rebanho (Jo 10.12; cf 1. Sm 17.34-37). A realidade é um tanto quanto diferente, já que Jesus morre por causa do pecado e ele recebe a sua vida de volta. O material das parábolas não faz mais do que ilustrar o princípio da morte vicária. Não seria sensato, portanto, pressionar a parábola além da conta e afirmar que Jesus morreu somente por suas ovelhas, como se o pastor adquirisse o rebanho morrendo por ele. É claro que as ovelhas são dadas a ele pelo Pai, mas isso não diz nada sobre o alcance de sua morte. Forçar a linguagem e dizer que Jesus possui futuras ovelhas, por quem ele morre, certamente vai além do horizonte do imaginário. Mais provavelmente, o pensamento é primariamente do povo Judeu como o rebanho de Deus, do qual a continuação é dependente do vir a Cristo; mas há também outras ovelhas não deste aprisco, por quem presumivelmente ele também dá a sua vida. A parábola não exclui as declarações de âmbito mais amplo encontradas em outras partes do mesmo evangelho. Há certamente uma distinção feita entre “minhas ovelhas” e seus oponentes judeus que não são “minhas ovelhas”. Mas seria forçar demasiadamente a metáfora extrair dela a existência de um limite já fixado entre ovelhas de Jesus e outras ovelhas, principalmente sabendo que Jesus ainda está incentivando as pessoas a crerem nele (João 10.38).
Quando é declarado Jesus ter comprado a igreja pelo seu sangue (At 20.28) ou ter amado a Igreja e se entregado por ela (Ef 5.25; aqui a igreja é equivalente a “nós” em Ef. 5.2), a metáfora é aquela do resgate de pessoas (cf. Ap 5.9 f.), e é usada confessionalmente por aqueles que se beneficiaram do que Cristo fez. Aqui, o amor é para futura noiva, e é violentar o imaginário dizer que isso significa que Cristo morreu apenas para um grupo limitado de pessoas que estão destinados a ser a noiva.
Atos 20.28 é uma declaração sobre a importância de cuidar da igreja de Deus, cujo valor é visto no fato dele tê-la comprado com seu próprio sangue. A morte de Jesus leva à redenção da igreja, mas está fora do horizonte da metáfora, da maneira como ela é usada aqui, perguntar se isso implica que Deus decidiu secretamente quem pode fazer parte da igreja e quem é excluído dela.
Finalmente, em Rm 8.32-35, Deus entregou Jesus “por todos nós”, que são “aqueles quem Deus escolheu”, mas esta é a linguagem confessional, falada por aqueles a quem Deus admitiu entre os eleitos. Novamente, nada do que está declarado implica que Deus tenha limitado o escopo da morte de Jesus a este grupo. Em suma, essas passagens sugerem que Deus criou uma nova comunidade pelo morte de seu Filho e o ingresso de alguém nesta comunidade lhe dá um lugar entre aqueles por quem Cristo morreu. A pessoa que está dentro, pode confessar: “o Filho de Deus me amou e se entregou por mim”; comunidade sabe que Cristo morreu pelos nossos pecados.
Em 2 Co 5.14f. Paulo afirma que um morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Os defensores da expiação limitada insistem que “todos” não pode significar “todos, sem exceção” aqui, uma vez que implicaria universalismo, devido a declaração de que “todos morreram”.
Temos aqui o mesmo problema que em Rm 5.18, onde “assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens”; e em 1 Co 15.22: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”. Em ambos os textos, estamos certamente diante do caso de que o primeiro “todos” refere-se a “todos sem exceção” (cf. Rm 3.23), e seria extraordinário se o segundo “todos” significasse qualquer outra coisa. A segunda parte de ambos os textos refere-se à disponibilidade de vida a todos que se tornará uma realidade para eles desde que creiam. Se assim for, estes textos tratam sobre a suficiência universal da morte de Cristo (uma doutrina aceita por Berkhof com base em outros textos). Por conseguinte, temos exemplos de que “todos” significa “todos sem exceção” em textos relativos à disponibilidade de salvação. A importância disso é que nós não precisamos tomar declarações sobre “todos” para se referir a “todos com exceção daqueles não pré-escolhidos”, e tal interpretação é de fato injustificada.
Isso indica como devemos encarar as afirmações em 2 Co 5.14f. Uma vez que Cristo morreu por todos, segue-se que os seres humanos devem viver para ele e não para si mesmos. Da mesma forma, em 2 Co 5.18-21, Paulo está escrevendo sobre uma reconciliação do mundo, que se tornará uma realidade para aqueles (“nós”) que crerem. Deus realmente já não leva mais em consideração as ofensas do mundo contra ele, mas esta oferta de reconciliação torna-se uma realidade apenas para aqueles que respondem a ela, e que não aceitam a graça de Deus em vão.
Estamos, desta forma, encorajados em aceitar o sentido natural de várias declarações. Quando Paulo diz que Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5.6, 8), ele está sem dúvida pensando especificamente em seus leitores, pois ele quer argumentar que, se Cristo morreu por eles enquanto eles ainda eram fracos, ímpios pecadores, muito mais agora ele vai livrar do juízo aqueles que foram justificados. Mas não há nenhuma razão para qualificar de forma rígida “o ímpio”, dizendo que este se refere apenas aos “ímpios pré-escolhidos” que creram ou ainda crerão. Declarações que Cristo morreu por “nós” não carregam a implicação de que ele não morreu por ninguém mais.
Há reconhecidamente poucas asserções evangelísticas endereçadas àqueles que ainda não são salvos, que afirmem que Cristo morreu por todos ou por “vocês” que ainda não são salvos. Mas isto é facilmente explicado pelo fato de que o ensino do Novo Testamento é dirigido àqueles que já são crentes e pelo fato de que exemplos de pregações evangelísticas são poucos. No entanto, quando Paulo resume o evangelho que ele proclamou em Corinto como “Cristo morreu por nossos pecados” (1 Co 15.3), este é certamente o caso do pregador incluindo seu público não salvo com ele em uma declaração inclusiva. Isso mais certamente não é uma declaração de que ele morreu apenas pelos pecados daqueles que já são crentes. Declarações semelhantes em outros lugares (1 Ts 5.10) eram, sem dúvida, parte do kerygma (pregação).
Não adianta dizer que estas declarações têm a ver apenas com a “suficiência” ou “disponibilidade” (termo de Grudem) da morte de Cristo, já que a linguagem utilizada é exatamente a mesma daqueles textos que se referem a morte de Cristo por “nós” crentes. E como pode a expiação ser suficiente para todos se ela foi limitada a alguns?
O uso de “mundo”
Devemos agora considerar o uso do termo “mundo”. Este tema é especialmente encontrado em João e 1 João. Jesus veio trazer salvação para o mundo (João 1.29, 3:16; 4:42, 6.33, 51; 12.46f.; 1 João 2.2; 4.14). O fato de que o termo nem sempre inclui todas as pessoas não resolve a questão do que ele significa nos textos cruciais. É um termo flexível. Pode referir-se ao mundo ou ao universo em que as pessoas vivem ou ao mundo e suas pessoas, com a ênfase no anterior. Pode ser usado hiperbolicamente. Significa principalmente o mundo dos seres humanos, em vez de natureza inanimada.
O comentário de Strange de que, passagens referindo-se ao “mundo” não significam cada indivíduo, mas referem-se ao lado cósmico da expiação e da renovação da criação, é bastante estranho e incapaz de comprovação. João 3.16 certamente não é uma declaração sobre o aspecto cósmico da expiação e da renovação da criação. Trata-se do amor de Deus pela humanidade, cujo propósito é especificamente afirmado ser para que os crentes não pereçam, mas tenham vida eterna. Não há qualquer dica aqui de preocupação com outras coisas que não o mundo dos seres humanos. A longa tradição que trata este texto como um convite à fé e à salvação indica como ele foi planejado para ser entendido.
Ademais, o texto não faz sentido se o significado real (secreto) for: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho [para morrer por algumas pessoas deste mundo] para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Tal paráfrase falha em dois aspectos: (a). Ela qualifica o amor de Deus pelo mundo de forma que uma afirmação que mostra estar expressando a magnitude do amor divino é severamente diminuída em validade. (b). Ela implica que você não pode crer, a menos que você seja um daquele limitado grupo por quem Cristo morreu.
O termo “mundo” em si realmente não significa “um grupo limitado de pessoas dentro do mundo”. Carson acertadamente aponta que Deus pode condenar os pecados das pessoas enquanto ele ainda as ama e chora por todas aquelas que estão sob sua condenação e não se arrependerão. “Ele pronuncia condenação terrível em razão do pecado do mundo, enquanto ainda o ama de tal maneira que o presente que ele deu ao mundo, o oferecimento de seu filho, continua a ser a única esperança para o mundo”. É certamente impossível ler isso de tal forma que o “oferecimento de seu Filho” seja a esperança de apenas alguns no mundo, um número limitado por quem Cristo veio. Em tal caso, certamente não é possível para Deus amar o mundo pelo qual ele não deu o seu Filho para morrer. Nós também enfrentamos novamente o problema de Deus tendo um desejo não realizado que Berkhof presumivelmente não está disposto a permitir. Paráfrases como “Deus amou o [algumas pessoas do] mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que [Deus causou a] crer não pereça” são extremamente implausíveis. Jesus veio para salvar o mundo, para que o mundo pudesse crer.
A ideia é confirmada por outras referências em João que nos dizem que Cristo tira os pecados do mundo (João 1.29; cf. 6.51), que ele é a luz do mundo e seu salvador (8.12; 9.5; 4.42, 1 João 4:14), que veio salvar o mundo (12:47), e que ele quer que seus seguidores sejam um para que o mundo creia (17.21). O sentido natural de tais declarações é que Jesus oferece a salvação para quem ouve a mensagem em todo o mundo, embora ele saiba muito bem que nem todos irão responder positivamente à sua mensagem. Não é possível limitar “mundo” para significar “todos sem distinção, mas não todos sem exceção”; o sentido claro das palavras é que a salvação está disponível para todos e é oferecida a todos, e pode ser recebida por aqueles que crerem.
O texto de 1 João 2.2 indica que Cristo morreu por nossos pecados e pelos pecados de todo o mundo. Embora tenha havido uma distinção no cap. 1 entre “nós” e “vocês” (1:5), isso desapareceu através dos vs. 6-10 onde os leitores estão incluídos no “nós” do escritor, e este é manifestamente o caso em 2:1 f. Portanto, pode-se rejeitar que “nós” refere-se aos crentes judeus e o “mundo” refere-se aos pré- escolhidos entre os gentios. A frase adjunta é de enorme importância, pois mostra que a salvação não é limitada àqueles leitores que já a tinham recebido e que não havia preocupação com os que estavam fora da comunidade cristã. Além disso, ele enfatiza que o mundo inteiro está em vista. Comentaristas corretamente reconhecem que a morte de Jesus é “suficiente para lidar com os pecados de todo o mundo, mas que o seu sacrifício não se torna eficaz até que as pessoas creiam nele. Este é o sentido “natural” da texto e deve ser adotado a menos que haja razão para rejeitá-lo.
Problemas para os defensores da universalidade
A pena para o pecado é exigida duas vezes
Defensores da expiação limitada argumentam que, se Cristo morreu por todos, e então algumas pessoas são condenadas a sofrer a penalidade de seus pecados, isso é injusto, pois isso significa que a pena é paga duas vezes por seus pecados, uma vez por Cristo e uma vez por si mesmas.
A objeção baseia-se no pressuposto de que o ato de Cristo ter sofrido a condenação deve ser entendido da mesma maneira que o caso de uma situação humana; aqui, se o amigo da pessoa culpada sofreu a pena devida a ele (por exemplo, através do pagamento de uma multa em seu nome), então, seria injusto o tribunal exigir que a pessoa culpada também deve-se fazê-lo. Eu não sei o que aconteceria se a pessoa culpada protestasse e dissesse que não iria aceitar a ação feita em seu nome. É evidente que o tribunal não aceitaria dois pagamentos da multa, mas poderia respeitar a recusa da pessoa culpada em relação à oferta amigável. Mas este aspecto da analogia não pode ser forçado com respeito à morte de Cristo. Aqui, uma morte tem o potencial para livrar toda a humanidade da condenação, mas na verdade não o faz, a menos que o pecador esteja unido pela fé a Cristo e identificado com ele. Portanto, o ponto de vista que a morte de Cristo é suficiente para todas as pessoas, mas não se torna efetiva exceto para aqueles que aceitam a Cristo como seu substituto, é bom o suficiente. Mas dizer que a morte de Jesus é suficiente para todos, normalmente significaria que é uma morte para todos. No caso da pessoa que rejeita a Cristo, sua substituição em relação a eles é recusada.
O cumprimento dos propósitos de Deus
Objeta-se que, se Cristo morreu por todos, então o propósito de Deus não é realizado, pois a morte de Cristo pelas pessoas e a recepção real de salvação por elas são duas partes de um mesmo propósito indivisível. Mas Deus não pode ter propósitos que não são cumpridos.
Entretanto, mesmo na visão da expiação limitada, admite-se que Deus deve ter vontades que não são realizadas. As declarações de seu lamento com relação às pessoas não crerem, amarem e lhe obedecerem são evidências claras de que seus desejos não são cumpridos. Para contornar isso, Berkhof alega que o que “realmente” Deus quer e intenciona é algo diferente e oculto a nossa visão. Temos, portanto, de lidar com um Deus que engana a humanidade por dizer que ele deseja a salvação do ímpio, mas secretamente determinou não fazer nada no caso de alguns, passando por cima deles.
Mas não é claro nas premissas de Berkhof como é possível para um Deus perfeito ter vontades não realizadas. Para o Deus de Berkhof, ter desejos não realizados é certamente uma negação da sua perfeição. Além disso, a linha entre os desejos e propósitos é muito fina, e é duvidoso que se possa resolver o problema fazendo uma distinção entre propósitos não cumpridos (não é possível para Deus) e desejos não realizados (possível para Deus).
O fator crucial é que há mal no universo, e não há nenhuma maneira que Deus possa trabalhá-lo em seus propósitos e desejos de forma que tudo seja inteiramente como ele gostaria que fosse. Caso contrário, o mal seria totalmente superado, ou teríamos de dizer que Deus aceitou o mal como parte de seu propósito (o que seria extraordinário, dada a força de suas condenações disso nas Escrituras!). Mas, uma vez que se reconhece que Deus pode ter desejos e propósitos que não são cumpridos, então a ligação entre a expiação e a salvação real não precisa mais ser pressuposta.
A inseparabilidade da expiação e recepção de salvação
No entanto, devemos também questionar se existe uma ligação inseparável entre a compra e a concessão da salvação. Não há dúvida de que Deus providencia: (a). a expiação, através da qual a salvação é possível, e (b). os “meios da graça” através dos quais a salvação se torna uma realidade para o indivíduo. Isso não está em disputa, e isso significa que a salvação é do início ao fim uma obra de Deus. Mas, reconhecer estas duas disposições não é exatamente igual a dizer que elas são uma só, ou que são a mesma coisa, ou ainda que não se pode ter um sem a outra. Notamos que Berkhof afirma encontrar apoio para a estreita ligação entre expiação e a aplicação de seus efeitos no fato de que a obra do sacrifício de Cristo e sua intercessão são dois lados de uma mesma e única obra; já que a última é limitada àqueles realmente salvos, assim a primeira também é. Ele cita Jo 17:9, onde Jesus não ora pelo mundo, mas por aqueles que o Pai lhe deu. Entretanto, essa interpretação negligencia João 17.20, onde Jesus diz que a sua oração não é somente por eles, mas por aqueles que creriam nele através de sua mensagem, e seu pedido era em favor de que eles fossem um, para que o mundo pudesse crer que Deus o havia enviado. Essa é sem dúvida uma oração em favor do mundo.
A pregação do evangelho pressupõe uma distinção entre o que Deus tem feito em Cristo e a necessidade das pessoas responderem a isso, com o reconhecimento de que a resposta pode ser negativa. Em 2 Co 5.18-21 Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, mas isto é seguido por seus embaixadores colocando uma oferta diante das pessoas, a qual elas são chamadas a aceitar para que possam, de fato, ser reconciliadas com Deus. Em nenhum lugar a linguagem de Paulo implica que a “suportação” do pecado seja meramente para aqueles a quem ele sabe que irão responder positivamente. Falta-nos quaisquer declarações que dizem que Cristo morreu apenas por uma parte da humanidade; aqui de fato ele estava reconciliando consigo o mundo, não contando ofensas contra “eles”, ou seja, as pessoas que estão incluídas em “o mundo”.
Berkhof argumenta ainda que “a expiação assegura o cumprimento das condições que devem ser satisfeitas, de modo a obter a salvação”. Mas os textos que ele cita não provam seu ponto. Dizer que Deus fornece os meios de aceitação, ou seja, a fé e do dom do Espírito, não requer que Deus, tendo dado Cristo pelos pecados do mundo, deva agir para salvar cada indivíduo.
Finalmente, existe o problema de textos que podem sugerir que alguns pelos quais Cristo morreu podem, eventualmente, não chegar à salvação. A referência em Rm 14.15 sobre a possibilidade de destruição do irmão por quem Cristo morreu é tomada por Berkhof para se referir a uma possibilidade que Deus não vai permitir que a aconteça. Se isso é assim ou não, Paulo foi claramente capaz de usar essa linguagem para fazer seu ponto, e ele não poderia ter feito isso se acreditasse que a morte de Cristo por alguém fosse infalível para levá-lo a salvação. Berkhof afirma que 2 Pe 2.1 e Hb 10.29 referem-se a crentes nominais não-eleitos, os quais diziam (falsamente) que Cristo os comprara. Este pode ser o caso, mas é baseado na pressuposição de que o pré-escolhido não pode cair e, portanto, é um argumento circular.
O mesmo ponto geral é também desenvolvido por Letham, que argumenta que seria inconsistente para Deus fornecer a expiação para todos e os meios da graça só para alguns. Isto, no entanto, não é auto-evidente. Em qualquer compreensão do assunto, há uma distância entre o que Deus quer que aconteça e o que é alcançado. As demonstrações de seu amor para o mundo e de seu desejo que nenhum pereça estão juntas ao fato de que alguns perecem. Este é o paralelo entre sua provisão de salvação para todos e o fato de que ela não é recebida por todos.
A ladeira escorregadia ao universalismo
Berkhof afirma que a universalidade da provisão leva logicamente à aceitação universal da salvação. Cristo removeu a culpa de todas as pessoas, portanto, ninguém pode perder-se. Mas isto é imputar àqueles que discordam dele o mesmo erro que ele comete, ou seja, que qualquer um por quem Cristo morreu é infalivelmente trazido à salvação final, e isso simplesmente não é verdadeiro se nós reconhecermos que há uma distinção entre a provisão e finalização. Aqui Berkhof argumenta em círculo.
Na verdade, o perigo do argumento universalista pode ser aplicado a ambas as linhas de pensamento e não é, portanto, um argumento que os calvinistas possam usar contra os arminianos.
Para os arminianos, existe o quebra-cabeça porque se Deus providenciou salvação para todos, ele não fez mais para assegurar que todos a recebam. A resposta arminiana é apelar para o mistério do pecado humano e da rebelião que permanece um enigma.
Para os defensores da expiação limitada, há a questão de por que Deus determinou definir limites tão restritos deixando de fora tantas pessoas. É compreensível que os opositores da expiação limitada pensem que a imagem de Deus que emerge da noção de uma expiação limitada é a de um Deus não muito atraente, cujas decisões são pautadas por capricho. Sua imagem como um Deus de amor foi colocada abaixo do seu direito de fazer o que quiser. Mas se ele é um Deus de amor, não deve ser o amor característico de tudo o que ele decide e faz?
Justiça e da misericórdia
Aqui, deve ser abordado um ponto que é levantado por vários estudiosos, incluindo particularmente Helm e Letham. Este é o argumento de que há uma diferença na “lógica” da justiça e misericórdia. “Justiça, por natureza, não pode ser compensada, mas deve ser aplicada por todos. Por outro lado, misericórdia é um dom gratuito, inesperado e imerecido, e por sua própria essência, não pode ser exigido como uma obrigação, mas em vez disso é exercido soberanamente por quem concedê-lo. Falamos da prerrogativa de misericórdia, mas da necessidade de justiça”.
Este argumento de que Deus não tem a obrigação de mostrar misericórdia para com todos e, portanto, é perfeitamente justo em condenar alguns enquanto demonstra misericórdia com os outros, é frequentemente utilizado, mas é falho.
Primeiro, a justiça e a misericórdia não podem ser rigidamente separadas uma da outra. Nós esperamos que a misericórdia seja exercida de forma justa. No contexto humano, a prerrogativa de misericórdia é geralmente usada quando há circunstâncias fundamentais que justificam a não exigência de uma pena ou algo melhor do que isso; portanto, uma mulher grávida pode ser sentenciada a um período mais curto de prisão do que outro criminoso. Ou uma anistia pode ser anunciada na crença de que esta será uma maneira mais eficaz de remover um grande número de armas ilegais de circulação ao invés de tentar detectar e punir os portadores. Pode haver algum grau contingente de injustiça (por exemplo, para pessoas que não conseguiram cumprir o prazo para a anistia), mas isso não afeta o princípio geral de que o exercício da misericórdia é feito por uma boa causa; a misericórdia exercida é justificada e não arbitrária. Portanto, a ideia de que Deus pode arbitrariamente exercer misericórdia para com alguns e não para com outros, deve ser considerada injusta. Um juiz que trata uma mulher grávida com misericórdia, mas não apresenta nenhuma para com outra em semelhante circunstância, não seria tolerado.
Segundo, devemos nos lembrar de que presumivelmente não há limites estabelecidos para a capacidade de provisão da misericórdia de Deus. Pode-se entender que, em uma situação humana, onde os recursos são limitados (por exemplo, a disponibilidade de fornecimento de uma droga que salva vidas), escolhas arbitrárias podem necessitar ser feitas tanto para os que recebem quanto para os que lhes é negado. Mas no caso de Deus, seguramente não há limites em seus recursos e, portanto, não há razão para ele ser forçado a fazer uma distribuição arbitrária da sua misericórdia. Se Deus pode mostrar misericórdia para alguns, ele tem a capacidade de mostrar misericórdia para com todos.
Terceiro, o ensino bíblico sobre a graça e a misericórdia mostra que elas são motivadas essencialmente pela necessidade, desgraça e desamparo dos aflitos (Mt 9.36; Mc 5.19; 10.47, Lc 6.35 f.; 7.13; 10.33) e pecadores (Lc 15.20; 2 Co 8.9; 1 Tm 1.13; Hb 2.17 f.; cf. Jn 3.10 – 4.03). Deus os vê em risco de extinção e, portanto, ele sente pena deles e age para salvá-los. A misericórdia mostrada por Deus não é algo arbitrário que surge exclusivamente a partir de seus próprios propósitos inescrutáveis; pelo contrário, ela é despertada por seu reconhecimento da necessidade de pecadores indefesos. É isso que explica a ação da graça de Deus em dar o seu Filho como Salvador e criar a Igreja para ser a embaixadora da salvação e reconciliação (cf. Ef 2.1-10).
Mas aqui nós enfrentamos a objeção que, de acordo com Paulo, a misericórdia de Deus é seletiva em sua aplicação. O apelo é feito a Rom. 9:6-24, onde parece que a misericórdia de Deus é mostrada para alguns e não para outros. O argumento geral de Paulo aqui é que as promessas de Deus não falham simplesmente porque o povo escolhido falhou em seguir o messias. No entanto, seu objetivo principal é enfatizar que a misericórdia é prerrogativa de Deus e não é a uma resposta às obras humanas (Rm 9.11f.., 16); consequentemente, não pode ser reivindicada como um direito ou como algo merecido por ninguém, mas continua a ser o ato de Deus em sua liberdade (Rm 9.15). Isto é ilustrado pela escolha de Jacó para ser o pai do povo escolhido, em vez de seu irmão Esaú; isso não depende de nada realizado por um ou outro para merecer o favor de Deus. Ao final da seção, Paulo declara que o propósito de Deus à luz de Cristo é “ter misericórdia para com todos” (Rm 11.32), no qual o pensamento é primariamente tanto de judeus como gentios, ambos como grupos que foram desobedientes e caíram sob juízo as distinções anteriores entre Isaque e Ismael, e entre Jacó e Esaú são superadas no cumprimento dos propósitos de Deus. Se Paulo está trabalhando aqui com uma distinção entre os judeus, que foram escolhidos como povo de Deus e os gentios que não foram escolhidos, ele está dizendo que isso não é mais um barreira para os gentios receberem a misericórdia de Deus; e se há um endurecimento em parte de Israel no tempo presente, ele não é permanente. Consequentemente, o argumento histórico de Paulo de que as pessoas não podem reivindicar misericórdia com base em suas obras, não implica que a sua misericórdia é agora seletiva e arbitrária. Na verdade, o oposto é verdadeiro; se a escolha de Israel era em algum sentido vista como a exclusão arbitrária dos gentios, a redenção em Cristo para os judeus e Gentios termina com isso completamente. Ele antecipa a extraordinária entrada de gentios e judeus à salvação.
Não há dúvida que isso não resolve todos os nossos problemas. Ele não explica por que o evangelho não chegou e não alcança todas as pessoas, como se Deus não fosse capaz ou não quis evangelizar o mundo, apesar de sua ordem aos discípulos de ir por todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações; se se objetar que isso não se refere a cada pessoa individualmente, mas apenas para as nações, o ponto ainda está de pé, pois muitas nações nunca ouviram o evangelho.
É impossível produzir uma teodicéia que responda a todas as nossas perguntas. O próprio Letham invoca este ponto quando tenta explicar a relação entre a particularidade e a universalidade da expiação. Isto significa que não podemos descartar tanto a expiação limitada como os entendimentos de universalidade, alegando que qualquer um deles deixa-nos com perguntas. Pelo contrário, o objetivo deste artigo é insistir que devemos fazer justiça ao ensino da Escritura, e não produzir uma doutrina de Deus que não esteja em harmonia com o ensino bíblico. A doutrina da expiação limitada não faz justiça ao ensino bíblico; ela exige uma leitura forçada e não natural dos textos. A doutrina da universalidade trata os textos de uma maneira melhor, mesmo que isso não resolva todos os problemas.
Pregando para os réprobos
Finalmente, há o argumento apresentado pelos defensores da expiação limitada de que esta doutrina não é incompatível com a oferta bona fide do evangelho para aquele que não têm esperança de ser salvo, pois Cristo não morreu por ele. Berkhof argumenta em sua própria defesa:
(a). A oferta do evangelho é simplesmente uma promessa de salvação para aqueles que creem, sem revelar a vontade secreta de Deus.
(b). Qualquer oferta está condicionada à fé e ao arrependimento processado pelo Espírito Santo.
(c). A oferta de salvação não diz que Cristo fez expiação por todos e que Deus quer salvar cada um. Ela simplesmente diz que a expiação é suficiente para todas as pessoas, descreve a natureza da fé e do arrependimento que são necessários, e promete que aqueles que vierem com o verdadeiro arrependimento e fé serão salvos.
(d). A tarefa do pregador não é harmonizar a vontade secreta de Deus e sua vontade revelada, mas simplesmente pregar o evangelho indiscriminadamente.
(e). Deus pode adequadamente chamar os não-eleitos para fazer algo que seja do seu agrado.
(f). A pregação do evangelho serve para remover qualquer vestígio de desculpa dos pecadores cujo pecado culmina em se recusar a aceitá-lo.
Estes argumentos são falaciosos. O defensor da expiação limitada diz que a morte foi somente para os pré-escolhidos (e não realmente para “o mundo”), mas que poderia ter sido suficiente para um número maior, enquanto que o defensor da expiação ilimitada, diz que a morte foi em nome de todos, mas torna-se eficaz na liberação da condenação apenas para aqueles que a aceitam. Os defensores da expiação limitada precisam ter uma morte que é suficiente para todos de modo que aqueles que rejeitam a Cristo realmente o fazem para algo que lhes estava disponível. Mas uma vez que isso é admitido, sua visão começa a parecer um jogo de palavras. A outra interpretação (ilimitada) tem a óbvia vantagem de tomar os textos de uma forma clara.
Mas dizer que a expiação é suficiente para todas as pessoas, porém não foi feita em lugar de todas elas, é sem sentido. Como pode a expiação ser suficiente para as pessoas para as quais ela não foi feita? Isso é puro casuísmo não convincente. Ademais, isso contradiz o próprio princípio de Berkhof que a expiação e a aplicação da salvação são duas partes indissociáveis de um único propósito de Deus. Baseado nessa premissa, como pode esse Deus produzir uma expiação que é suficiente para todas as pessoas sem também providenciar a quantidade de chamadas eficazes que seja suficiente para todas as pessoas? Nem é justo Deus chamar o não-escolhido para fazer o que ele não pode por definição fazer. Se Deus se recusou a estender a eles a mesma graça que ele dá para os pré-escolhidos, eles têm a desculpa de que ele pediu para fazerem o que lhes é impossível (já que, por definição, eles não podem se arrepender a menos que Deus os habilite). O fato de Berkhof estar reduzido a argumentos pouco convincentes e ilusórios, mostra apenas claramente as falhas em sua posição basilar.
Conclusão
Eu argumentei que o Novo Testamento ensina claramente que a morte de Cristo não foi limitada em seu escopo, e que os textos que positivamente afirmam isso devem ser tomados em seu sentido natural em vez de ter um senso não natural imposto sobre eles pelo bem de um sistema dogmático. É o sistema que requer uma revisão e não o claro ensino das Escrituras. O Novo Testamento não ensina que a morte de Cristo é limitada em seu alcance aos pré-escolhidos para a salvação. Segue-se que a tentativa para enfraquecer esta parte da fundação das explorações teológicas de Clark Pinnock não é bem sucedida, e as questões que ele levanta não podem ser tão facilmente evitadas ou consideradas como impróprias. Ao mesmo tempo, este é o caso em que um dos cinco pontos de Dort é demonstrado falhar exegeticamente, e deveríamos nos contentar em reconhecer que há algumas questões sobre a salvação que não são resolvidas recorrendo a um decreto secreto de Deus que vai contra o seu amor declarado pelo mundo e desejo de que nenhum pereça, mas sim por um reconhecimento de que o mistério do mal está além de nossa compreensão.
Calvinismo versus Arminianismo
O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, exposto e defendido por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de interpretação bíblica pode ser resumido em cinco pontos, conhecidos como “os 5 pontos do Calvinismo” (TULIP em inglês):
1 – Total Depravity (Depravação total) - Todos os homens nascem totalmente depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais;
2 – Unconditional Election (Eleição incondicional) - Deus escolheu dentre todos os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;
3 – Limited Atonement (Expiação limitada) - Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do resgate somente dos eleitos;
4 – Irresistible Grace - (Graça Irresistível) - A Graça de Deus é irresistível para os eleitos, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles;
5 - Perseverance of Saints (Perseverança dos Santos) - Todos os eleitos vão perseverar na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação.
O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius (1560 -1609), teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino.
Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:
1 – Capacidade humana, Livre-arbítrio - Todos os homens embora sejam pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece (por meio da Graça Preveniente);
2 – Eleição condicional - Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo;
3 – Expiação ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;
4 – Graça resistível - Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;
5 – Decair da Graça (remonstrantes que propuseram isso, Armínio acreditava na doutrina da Perseverança dos Santos) - Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.
O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na Holanda, por ser considerado anti-bíblico.
Hoje o Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas evangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo.
TABELA COMPARATIVA ENTRE OS DOIS SISTEMAS TEOLÓGICOS
ARMINIANISMO
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1
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Livre-Arbítrio ou Escolha Humana
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Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento. (Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co 5:10)
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2
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Eleição Condicional
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Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a salvação e predestinou os salvos. A salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo; não é Deus quem escolhe o pecador. O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e ser salvo. Os que se perdem, perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram a graça auxiliadora de Deus.
(Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17)
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3
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Redenção Universal ou Expiação Geral
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O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem nEle, e todos os que crêem, serão salvos.(Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1Jo 2:2; 1Co 15:22; 1Tm 2:3-4; Hb 2:9; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2)
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4
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Pode-se Efetivamente Resistir ao Espírito Santo
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Deus faz tudo o que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir aos apelos da graça. Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito não pode conceder vida. Portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. O homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação.
(Lc 18:23; 19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19)
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5
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DECAIR DA GRAÇA
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Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo. (Lc 21:36; Gl 5:4; Hb 6:6; 10:26-27; 2Pe 2:20-22)
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SÍNODO DE DORT
(foi rejeitado)
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Este foi o sistema de pensamento contido na “Remonstrância” (embora originalmente os cinco pontos não estivessem dispostos nessa ordem). Esse sistema foi apresentado pelo arminianos à Igreja na Holanda em 1610, mas foi rejeitado pelo Sínodo de Dort em 1619 sob a justificativa de que era anti-bíblico.
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CALVINISMO
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1
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Incapacidade ou Depravação Total
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O homem natural não pode sequer apreciar as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe a fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente. (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13)
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2
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Eleição Incondicional
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Deus elegeu alguns para a salvação em Cristo, reprovando os demais. Aos eleitos Deus manifesta a Sua misericórdia e aos reprovados a Sua justiça. Deus não tem a obrigação de salvar ninguém, nem homens nem anjos decaídos. Resolveu soberanamente salvar alguns homens (reprovando todos os demais) e torná-los filhos adotivos quando eram filhos das trevas. Teve misericórdia de algumas criaturas, e deixou as demais (inclusive os demônios) entregues às suas próprias paixões pecaminosas. A salvação é efetuada totalmente por Deus. A fé, como a salvação, é dom de Deus ao homem, não do homem a Deus. (Ml 1:2-3; Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At 13:48; Rm 8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef 1:4-5; 2:8-10; 2Ts 2:13; 1Pe 2:8-9; Jd 1:4)
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3
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Redenção Particular ou Expiação Ltda
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Segundo Agostinho: a graça de Deus é “suficiente para todos, eficiente para os eleitos”. Cristo foi sacrificado para redimir Seu povo, não para tentar redimi-lo. Ele abriu a porta da salvação para todos, porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente entram. (Jo 17:6,9,10; At 20:28; Ef 5:15; Tt 3:5)
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4
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A Vocação Eficaz do Espírito ou Graça Irresistível
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Embora os homens possam resistir à graça de Deus, ela é, todavia, infalível: acaba convencendo o pecador de seu estado depravado, convertendo-o, dando-lhe nova vida, e santificando-o. O Espírito Santo realiza isto sem coação. É como um rapaz apaixonado que ganha o amor de sua eleita e ela acaba casando-se com ele, livremente. Deus age e o crente reage, livremente. Quem se perde tem consciência de que está livremente rejeitando a salvação. Alguns escarnecem de Deus, outros se enfurecem, outros adiam a decisão, outros demonstram total indiferença para as coisas sagradas. Todos, porém, agem livremente. (Jr 3:3; 5:24; 24:7; Ez 11:19; 20; 36:26-27; 1Co 4:7; 2Co 5:17; Ef 1:19-20; Cl 2:13; Hb 12:2)
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5
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PERSEVERANÇA DOS SANTOS
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Alguns preferem dizer “perseverança do Salvador”. Nada há no homem que o habilite a perseverar na obediência e fidelidade ao Senhor. O Espírito é quem persevera pacientemente, exercendo misericórdia e disciplina, na condução do crente. Quando ímpio, estava morto em pecado, e ressuscitou: Cristo lhe aplicou Seu sangue remidor, e a graça salvífica de Deus infundiu-lhe fé em para crer em Cristo e obedecer a Deus. Se todo o processo de salvação é obra de Deus, o homem não pode perdê-la! Segundo a Bíblia, é impossível que o crente regenerado venha a perder sua salvação. Poderá até pecar e morrer fisicamente (1Co 5:1-5). Os apóstatas nunca nasceram de novo, jamais se converteram. (Is 54:10; Jo 6:51; Rm 5:8-10; 8:28-32, 34-39; 11:29; Fp 1:6; 2Ts 3:3; Hb 7:25)
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SÍNODO DE DORT
(foi confirmado)
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Este sistema de teologia foi reafirmado pelo Sínodo de Dort em 1619 como sendo a doutrina da salvação contida nas Escrituras Sagradas. Naquela ocasião, o sistema foi formulado em “cinco pontos” (em resposta aos cinco pontos apresentados pelos arminianos) e desde então tem sido conhecido como “os cinco pontos do calvinismo”.
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Será que a Apologética leva o crente a se perder?
Muitos têm feito essa afirmação: “quem se mete em apologética termina se perdendo”.
Ora, o maior apologista que já existiu foi o próprio Jesus Cristo, pois Ele foi quem mais defendeu a fé contra os ataques dos religiosos, e ensinou a importância da fidelidade ao que está escrito, pois em Sua própria tentação defendeu-se utilizando a Escritura.
Os apóstolos deixaram grandes ensinos apologéticos, como Judas que fez uma carta inteira que é denominada como um chamado ao combate cristão; Pedro que exorta a sabermos responder com mansidão e temor aos questionamentos que nos são feitos, santificando a Cristo em nossos corações em primeiro lugar; Paulo que todos os dias estava nas praças das cidades para debater com os filósofos, aos sábados nas sinagogas para debater com os judeus e aos domingos reunindo-se com os irmãos.
Não vejo a apologética como uma ferramenta que desvia o crente do caminho, mas uma ferramenta que faz com que estejamos sempre alertas, vigilantes e sóbrios contras as armadilhas, ou melhor, contra as centenas ou milhares de armadilhas que são postas em nossos caminhos.
Normalmente, aqueles que se opõem a apologética são os mesmo que têm ensinado heresias e distorções e temem que suas máscaras caiam e sejam confrontados com a verdade da Escritura.
A apologética não deve servir para formar um exército de “xiitias” evangélicos que saem por aí brigando com todo mundo, não! A apologética deve servir como instrumento de esclarecimento da doutrina bíblica sadia e como ferramenta de evangelização. Afinal, devemos estar “preparados” para responder com mansidão e temor.
Acredito que a apologética não leva o crente a se perder, mas o ajuda a encontrar o verdadeiro Deus da Bíblia, livre dos estereótipos estabelecidos pela sociedade e pela religiosidade do ser humano. A apologética ajuda o estudante a ver Deus como Ele realmente é, e não como gostaríamos que fosse segundo nossa própria vontade e entendimento.
Jesus defendeu a fé, quando lhe perguntaram sobre os impostos, e Ele disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22:21)
Jesus defendeu a fé, quando disse que: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui”. (Jo 18:36)
Jesus defendeu a fé, quando açoitou os comerciantes na porta do templo: “E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões”. (Mt 21:13)
Jesus defendeu a fé, quando por várias vezes explicou os detalhes e minúcias da Escritura (Mt 26:31; Mc 7:6; Mc 14:21).
Jesus defendeu a fé, quando foi questionado (Mt 22:24).
A apologética é uma ferramenta que ajuda o crente a pensar, e pensar de forma coerente, sensata, lógica, correta e bíblica.
A apologética ajuda o crente a conhecer a verdade, e conhecendo a verdade se chega a liberdade. O problema é que muitos líderes religiosos pretendem manter suas “ovelhas” no aprisco da cegueira e escravidão.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32)
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15)
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22:29)
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2:8)
COMENTÁRIO;
A apologética está inserida em todo aquele que nasce de novo em Cristo Jesus e decide cerdadeiramente caminhar e viver em Cristo, tornando-se em um distinto discípulo Seu, que é fiel e leal até a morte!